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sábado, 30 de outubro de 2010

Pequenos detalhes que fazem a diferença

Há pequenos episódios que nos despertam para a realidade nacional com mais força que quatro telejornais seguidos. Em Setembro, quando fomos uns dias ao Alentejo, atrasámo-nos no passeio da manhã e procurámos um sítio para almoçar, já passava bem das duas da tarde. Não havia vivalma nas ruas porque o calor era sufocante. Entrámos num restaurante meio escondido que tinha ar condicionado e uma sala ampla cheia de mesas postas, onde apenas um par de clientes acabava a sua refeição. O empregado indicou-nos lugar numa mesa minúscula virada para a parede, num cantinho aproveitado certamente a contar com os dias de enchente mal contida de comensais. Disse-lhe que não queria ficar ali e sim numa das mesas junto à janela mas ele resistiu, que não podia ser, éramos só duas pessoas e as outras mesas eram para quatro, se viessem mais clientes e ele não tivesse mesa para todos? Enchi-me de paciência e lembrei-lhe que eram quase três horas, se viessem mais clientes havia de ser mais perto do jantar, talvez não demorássemos tanto a almoçar, não é? O homem embezerrou, definitivamente não gostou do atrevimento, foi lá dentro pedir instruções e voltou mal humorado, que sim, que escolhesse outra mesa, mas que se viessem mais clientes… Não chegou mais ninguém, almoçámos depressa e não fiquei com vontade de lá voltar.
No fim de semana passado fomos a Amsterdão e queríamos ir, um grupo de seis pessoas, a um restaurante pequeno que estava a abarrotar de gente. Não tínhamos marcado e, bem treinados como estamos em Portugal, pensámos logo que nem valia a pena tentar a sorte, além disso já passava das 9h da noite e àquela hora já nem deviam aceitar mais gente, os holandeses jantam pelas 7 e fecham cedo. Mas uma pessoa do grupo vive lá há anos e nem hesitou, entrou e poucos segundos depois estava a chamar-nos, entrem que vão arranjar-nos lugar. Os empregados, muito jovens, fizeram-nos um cumprimento amistoso enquanto se atarefavam a puxar uma mesa escondida para um lado onde parecia não caber mais nada, depois levaram pelo ar cadeiras não sei de onde, pouco depois, no meio da confusão de pessoas, já estavam os pratos e talheres na mesa e nós sentados com umas belas cervejas a matar a sede. Levámos algum tempo a decifrar o menu e entretanto o rapaz veio dizer-nos, muito contente, que ia vagar uma mesa mais desafogada, era só uns minutos, já aí vinha um colega tomar nota dos pedidos enquanto ele ia preparar a outra mesa, é só um momento, desculpem o incómodo de mudarem mas vão ficar melhor. Foi um excelente jantar mas a certa altura reparámos que já éramos os últimos, passava das 11 h e eles tinham começado a arrumar tudo para o dia seguinte, mas perceberam a nossa conversa e vieram dizer que ficássemos o tempo que entendêssemos, iam arrumando mas não havia pressa, enquanto houvesse clientes eles estavam ao serviço. Despedimo-nos com muita simpatia e cheios de vontade de lá voltar.

33 comentários:

Altitude disse...

Por mim, prefiro comer num cantinho alentejano, ainda que voltada para a parede, do que em qualquer restaurante holandês, mesmo que voltada para o mar...

Fartinho da Silva disse...

Cara Susana Toscano,

Não imagina como não concordo consigo! É assustador ler algo assim..., mas talvez se tenha explicado mal. Lembre-se que os empregados também têm família e até, talvez, um segundo emprego...

jotaC disse...

Convenhamos que por esse país fora há, ainda, uma falta de cultura muito grande de saber estar no negócio comunicando. Não se compreende que assim seja, uma vez que o interior do país já não é assim tão distante, recebe muitas visitas de cidadãos que também fazem turismo cá dentro, como é o caso ao que parece, da Dra. Suzana Toscano.
Claro que o mercado é selectivo, vão sobrevivendo os melhores...

C.B. disse...

Cara Suzana.

O episódio que conta não reflecte a realidade nacional no sector. Não deve, por isso, ser tão redutora. Nem tudo é assim tão mau no Alentejo, nem tudo será assim tão bom na Holanda. Nunca comi em nenhum restaurante em Amesterdão, e duvido que alguma vez tenha oportunidade de o fazer, mas tenho comido em muitos restaurantes no Alentejo e nunca passei pela experiência que nos conta. Talvez naquele dia tivesse tido azar.

Um conselho: continue a passear e a comer por cá, que boas experiências futuras far-lhe-ão esquecer essa ruim.

Um abraço.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Talvez tenha tido pouca sorte no seu passeio por terras alentejanas. Lá para cima para o Norte a hospitalidade costuma ser grande, come-se bem e o serviço não sendo de muitas estrelas é razoável, superando muitas vezes o que encontramos em alguns restaurantes pretensiosos de Lisboa onde se paga muito e se come mal.

Suzana Toscano disse...

Cara Altitude,podemos continuar a aceitar ficarmos virados para o cantinho mesmo ficando a pensar que podia ser mais agradável ficar à janela mas se calhar era melhor para todos que não se pusesse a questão.
Caro Fartinho da Silva, talvez me tenha explicado mal nem gosto de ver explorar ninguém nem me parece que seja preciso abusar das pessoas para haver um ambiente acolhedor, talvez o problema seja colocarmos sempre as questões desse modo alternativo?
Caro jotac, é exactamente isso, há coisas que falham quando eram muito fácil terem sucesso,afinal temos todas as condições para isso. E tem razão, conheço muito bem Portugal e gosto imenso de me meter a caminho por vilas e aldeias mas isso não me impede de ver que podíamos fazer bem melhor com o que temos.
Caro C.B.em muitas coisas já devíamos estar mais evoluidos, não é uma questão de dinheiro ou luxo, é um certo desleixo que incomoda, uma falta de interesse talvez, parece que o que calha, calha e o que não calha, paciência.Não gostaria de viver na Holanda, que de resto conheço mal, nem em outro País sem ser o meu, talvez por isso me exaspere que nos conformemos com não termos o que podíamos ter.
Margarida,somos um povo hospitaleiro e amável,sem dúvida nenhuma, é uma característica bem portuguesa, mas será que não podíamos fazer render mais esse "activo"? A verdade é que fiquei surpreendida com a diferença que senti com a cordialidade e a boa disposição com que fomos recebidos, talvez tenha sido sorte, talvez estivesse saturada do ambiente deprimente que se vive por cá, mas que é agradável ver como é fácil fazer a diferença, isso é.

José Soromenho-Ramos disse...

O empregado demonstrou a sua estupidez, ou seja, a incapacidade de adaptar a regra geral às circunstâncias particulares. Acontece em todo o lado, embora em proporções diferentes segundo o grau de educação e instrução de cada país. Nunca mais esquecerei quando, no Moçambique muito antes da independência, a minha mãe contratou um goês para fazer um caril de camarão para um jantar de amigos. Desconhecedor dos hábitos da casa, o cozinheiro deixou o produto do seu trabalho sobre a mesa dos empregados e, quando os amigos chegaram, restava o fundo do panelão...

Bartolomeu disse...

Atã a comadre chega para almoçare à hora que o empregado se está preparando para fazere a sua sesta... e ainda estava esperando sere atendida com simpatia?
Na pode sere, ha que sabere respêtare o descanço de cada um... intão a comadre nãn conhece o ditado que diz - em Roma sê romano?!
Ê tou cá bem desconfiado, que mêmo assim, ainda lhe serviram almoço por piedade, aquilo ouviram o padre na missa citare aquela parte que diz - dare de buber a quem tem sede e dare de comere a quem tem fome...
;)

Fartíssimo do Silva disse...

A estórinha que Suzana Toscano nos conta é uma estórinha pífia e não condiz com a qualidade dos postais que edita neste forum. Se for a um qualquer restaurante de Lisboa, se não tiver mesa marcada, fazem-lhe o mesmo ou pior. E provavelmente aguenta e não faz disso matéria de postal. Parece até que quis estigmatizar aquele cantinho alentejano e responsabilizar pelos males do País aquele local de amesendação. Mas há uma coisa que tenho como certa: aquele cantinho vais sofrer as passas do Algarve com a futura ausência dos passantes que naquele dia rumaram até ao Alentejo!

Anónimo disse...

Cara Suzana, este apontamento que nos trás, embora me surpreenda por esses modos boçais de tratar a clientela já terem chegado ao Alentejo, são comuns em Lisboa há anos e anos. Desde uma empregada num restaurante ter o atrevimento de levantar-me a voz (e, acto contínuo, pu-la no seu lugar em termos inequívocos) a, num banco, ter uma outra muito pouco interessada em fazer o que eu lhe pedia porque dava trabalho até que por fim fartei-me e, aí sim, quem levantou a voz e usou um tom ríspido que fez gelar a agência inteira fui eu para a ensinar a fazer o que tinha a fazer, já me ocorreu de tudo.

Infelizmente não é só em Portugal. A queda no serviço ao cliente tem sido muito grande em vários países Europeus. Madrid, felizmente, tem sido das cidades que tem passado incólume por isso. Mas Paris, Londres, Berlim (jamais esquecerei um funcionario dum hotel que quase me engoliu por eu ter pedido dois cobertores já que não gosto de edredons), Milão (enfim, aqui é proverbial), em geral pela Europa fora, verifico essa queda nos standards de atendimento ao público.

Unknown disse...

O post é totalmente pertinente quando olhamos para nós, Terras Lusitanas à beira mar plantados, do exterior.

A simplicidade do exemplo colocado diz tanto acerca de nós, como País e como Sociedade, que é fácil cair na critica da exemplo em si e falhar a contradição dos valores subjacente.

É verdade que a bem do facilitismo inocente fazemos as mais interessantes barbaridades e que apenas nos apercebemos disso quando mudamos de referências. Por estas e por outras parece.me que este post por tão singelo diz tanto acerca de nós.

É claro que tambem temos muitíssimos exemplos positivos, de Norte a Sul, do Interior ao Litoral e passando pelas Ilhas. Mas, mas tenhamos o discernimento de ir mais alem, e compreender as maleitas da nossa sociedade que estão subjacentes a este simples exemplo. Há uns séculos um ilustre Portugês proferiu o seguinte sermão: "Sem sair ninguém pode ser grande: Egredere de terra tua, et faciam te in gentem magnam... Saiu para ser grande, e porque era grande, saiu.". Quando vamos ter a coragem de mudar de rumo?

Em forma de provocação: será que a diferença entre Amsterdão e LX pode ser explicada no quadro da contradição da herança social dos valores oriundos do protestantismo quando comparados com os valores católicos? Ou será porque uma vez expulsámos os nossos melhores e estes terminaram nas terras de Amsterdão?

Fartíssimo do Silva disse...

A dicotomia catolicismo versus protestantismo não tem aplicação. O catolicismo no Alentejo? Só por brincadeira...

Bartolomeu disse...

O João, chama atenção para um promenor que talvez não seja totalmente fora de propósito.
Imaginemos por exemplo o contraste, se nos fosse possível fazer a troca do empregado de mesa Holandez, pelo alentejano.
Bom, isto se conseguirmos dissociar comportamentos individuais, de políticas empresariais.
No final, ficámos a saber que o jantar na Holanda foi excelente, mas a cara Drª Suzana não fez o obséquio de nos elucidar, se o almoço alentejano lhe soube melhor ou pior, que o jantar holandês...

Fartinho da Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fartinho da Silva disse...

Li com um enorme cuidado todos os comentários e continuo a não concordar rigorosamente nada com o teor do post.

Vejamos, quem chegou atrasado ao restaurante? E depois de chegar atrasado ainda faz um pedido especial?

Quem chegou atrasado a um restaurante em Amesterdão?

Meus caros tenho imensa pena, mas para mim uma das características mais irritantes do português é estar-se nas tintas para as horas e ainda exigir ser tratado como se a horas tivesse chegado. Quem chega atrasado não pode estar à espera do mesmo tratamento de quem a horas chega.

Esta questão do rigor no tempo é algo que prezo muito. Quando convoco uma reunião para as 9:00 horas, podem ter a certeza que a mesma se inicia às 9:00 horas e ponto final. Quem está, está, quem não está, estivesse.

Quando chegamos atrasados a uma loja, ao trabalho, a um serviço, etc., estamos a faltar ao respeito a quem está do outro lado. Estamos a ser tremendamente egoístas, sem nos apercebermos. Infelizmente, poucos de nós dá importância a este facto. Lembro-me muito bem de estar habituado às aulas começarem sempre a horas no liceu e depois chegar à faculdade e as mesmas terem inicio de forma sistemática um quarto de hora e até meia hora depois da hora marcada. Chamava-se a isto o quarto de hora académico. Para mim foi algo inacreditável. Depois percebi que quem estava "errado" era eu, porque quando reclamava todos olhavam para mim como seu eu fosse um extraterrestre.

É por esta razão que defendo que todas as lojas, restaurantes, bares, serviços, etc. devem encerrar a horas e não se deve deixar entrar ninguém quando faltam 5 minutos para o fecho. Para que a produtividade deste país cresça de forma real, temos que mudar estes nossos hábitos.

Não quero ofender ninguém, mas eu penso sempre em quem está do outro lado e se todos tivéssemos a curiosidade de o fazer, provavelmente teríamos um país muito melhor, mais organizado, disciplinado e produtivo.

Lembrem-se, meus caros, que as pessoas que estão do outro lado do balcão também têm família, têm que ir buscar os filhos à escola, têm que levar os pais ao médico, têm que preparar o jantar, têm que acompanhar os estudos dos filhos, têm que deitar os filhos a horas, têm que... enfim têm que fazer a sua vida para além do trabalho. Nem toda a gente pode contratar uma doméstica e uma bábá. A grande maioria dessas pessoas de que falam têm um vencimento que mal dá para comer. Se todos nos lembrássemos destes aspectos, talvez tivéssemos um país melhor.

Mas isto sou eu, que tenho a mania de cumprir e fazer cumprir os horários de forma inflexível e disciplinada.

Fartíssimo do Silva disse...

Muito bem, Fartinho da Silva! Não é nada mania, tem toda a razão. Assino por baixo.

Bartolomeu disse...

Tem toda a razão, caro fartinho! A atitude da Drª Suzana, é no mínimo deplorável, escarneceu do pobre empregado do restaurante, por não ter cumprido escrupulosamente o horário de funcionamento e ainda por não ter aceite com a humildade que deveria, o lugar que lhe foi indicado.
Sabe que lhe digo, caro fartinho?! Se fosse eu o dono do restaurante, não lhe permitiria sequer que se sentasse na sala de refeições... quanto muito, permitia-lhe que almoçasse na cozinha, mas teria de confecionar o almoço e servi-lo.
Sabe que mais caro Fartinho?!
Acho um sinal de extrema arrogância, de descaramento até, publicar no blog, esta degradante estória, um completo e total atentado à dignidade do povo alentejano e sobretudo à digna classe dos profissionais da restauração.
Por isso, junto a minha à sua indignação, caro Fartinho e proponho que elaboremos uma petição a enviar ao tribunal europeu dos direitos humanos, com o fim de proibir a Drª Suzano Toscano de frequentar restaurantes dentro do território português, ou em última instância que não o possa fazer fora do escrupuloso horário de expediente refeicional... mesmo que o horário de funcionamento desses establecimentos, seja das 09 às 22horas!
Ultrajes destes são inadmissíveis num país civilizado como o nosso, unamo-nos então, contra tais demonstrações de abuso e displicência!
Este malvado temporal anda a desarranjar as ideias de meio mundo...
;)))))

Massano Cardoso disse...

Se me dão licença gostava de contar um pequeno episódio ocorrido na sexta-feira. Tive de ir ao Porto para presidir a uma sessão de um congresso às 14 horas. Cheguei ao meio dia e quarto. Um dia de chuva intensa. Tropecei num velho colega que me convidou para almoçar. - Onde? Aqui perto, conseguimos qualquer coisa modesta, mas ao menos não temos de andar à chuva. Atravessámos a rua, descemos umas escadinhas e, numa pequena praçeta, havia um local, mas estava vazio. O meu colega disse-me surpreendido: - Oh! Ontem tinha gente. Mas a porta está aberta! – Não faz mal, aqui, mesmo ao lado, há um outro. Disse-lhe. Entrámos no pequeno espaço cheio de pessoas. Havia ainda duas mesas livres que levavam quatro pessoas. Sentámo-nos e passado pouco tempo entraram mais congressistas. O dono aproximou-se e disse aos dois indivíduos para se sentarem na nossa mesa. Olhei para o senhor e manifestei-lhe a minha surpresa. – Mas assim não posso estar à vontade para falar com o meu amigo! –Que é quer? A mesa é de quatro e tem de ser assim! À forma arrogante respondi-lhe com muito calma: - Olhe, sirva-nos depressa que nós despachamos o almoço e fica com a mesa livre. Mas o indivíduo, com uma arrogância incrível – ia perder dois clientes! -, mostrou uns modos que só visto, fora algumas expressões que não consegui captar. E ainda bem. O meu colega ainda propôs que fossemos a outro sítio, porque, provavelmente, não iria atender-nos. – Qual quê! Vamos esperar. Esperámos, esperámos, até que o “maitre” veio perguntar o que queríamos. Fizemos o pedido e aguardámos. Aguardámos até que despejou literalmente em cima da mesa o raio do frango assado. – E a sopa? – Ah esqueci-me! – Comem no fim. – Não como nada no fim, porque na minha terra não temos esse hábito. Fica sem efeito a encomenda. Despachamo-nos e eu, que tinha sido convidado para almoçar, acabei por pagar. Um pequeno aparte. Ao sair, ainda a comentar o episódio, olhámos para a tal sala vizinha, inicialmente vazia, mas agora repleta de gente. Foi então que vimos o nosso “maitre” a despachar, mais calmo e todo sorridente os numerosos clientes que, naquele dia de chuva, lhe inundaram os seus espaços de pasto. Até havia em mesas de quatro uma pessoa...

Fartinho da Silva disse...

Caro Bartolomeu,

Tenho imensa pena que reaja desta forma. Mas repare no que escreveu: "mesmo que o horário de funcionamento desses establecimentos, seja das 09 às 22horas!"

Agora multiplique por 5.

Agora fale da China.

Fartíssimo do Silva disse...

É recorrente, nos cafés e pastelarias da Alemanha e da Áustria, sentarem-se na mesma mesa outras pessoas que nos são estranhas. O limite é o número das cadeiras colocadas em redor. Por cá, já se vai vendo o mesmo nas esplanadas do Chiado. Pequenos detalhes...

Bartolomeu disse...

Caro fartinho, essa questão, dos horários cabe aos órgãos competentes avaliar e regular.
Agora, o que a Drª Suzana aqui nos contou, foi que, durante um passeio, pretendeu tomar uma refeição a meio do dia(não importa se eram 12, 13, ou 14 horas do dia) num local cuja a função é a de servir refeições e que se encontrava aberto, em pleno funcionamento. A Drª Suzana, contou-nos ainda que apesar da sala do restaurante se encontrar vazia, o empregado insistiu que ocupasse a pior mesa.
A comparação com a experiência da Holanda, serviu para ilustrar o contraste, apesar de, sabêmo-lo todos, na maioria dos restaurantes portuguesesem a mesma situação não sucederia, possivelmente a experiência relatada terá sido a primeira, na vida da autora.
Eu, que adoro viajar sem horários e sem destino, já me sucedeu chegar a um restaurante e não conseguir que me servissem uma refeição por já terem a cozinha fechada.
Nessa situação, resigno-me a não comer, caso não exista alternativa.
Mas, também já me sucederam situações idênticas àquela que o Senhor Professor relata e digo-lhe, não tenho uma reacção tão... educada, comigo, a coisa pia mais fino e se demoram exageradamente a servir-me o que encomendo, espero pacientemente que tragam a paproca e depois, mando-os comerem-na eles... não pago, e é para amigos!

Fartinho da Silva disse...

Caro Bartolomeu,

Talvez me compreenda melhor se indicar algumas passagens do seu texto:

"essa questão, dos horários cabe aos órgãos competentes avaliar e regular."

É um facto, mas se a maioria dos eleitores não quiser regulação, os eleitos é isso que lhe oferecem.

"e demoram exageradamente a servir-me o que encomendo, espero pacientemente que tragam a paproca e depois, mando-os comerem-na eles... não pago, e é para amigos!"

Está a ver? Você também não gosta que não se cumpram horários. No seu caso, não paga. Eu levanto-me e vou embora sem comer e sem pagar e. Porque, considero uma enorme falta de respeito.

Caro Bartolomeu,

Eu só pretendi dizer o que disse ou seja, considero um enorme defeito nosso o facto de nos estarmos nas tintas para os horários, esquecendo que se nos atrasamos significa que estamos sempre a atrasar a vida de alguém e é tão fácil evitar isso, basta pensar que no lado de lá está um ser humano como nós e que merece o mesmo respeito.

Quando falamos em falta de profissionalismo, estamos a falar de quê? Estamos sempre a falar do cumprimentos dos nossos deveres. E haverá dever mais básico que cumprir horários? Quantos portugueses não entram no supermercado 5 ou 10 minutos antes de fechar? Quantos portugueses pensarão nas consequências deste simples acto na vida de quem lá trabalha?

Ainda há dias marquei uma reunião de trabalho com uma empresa para as 8:30 horas, até tive o cuidado de deixar claro que era muito rigoroso com os horários. Perguntei se não queriam alterar a hora da reunião de forma a que ninguém ficasse sem fazer nada ou quase nada durante o tempo de espera. Afirmaram que não, afirmaram que lá estariam sem atrasos. Resultado? A empresa apareceu um pouco depois das 9:00 horas... a desculpa é que moravam na margem sul...!! Eu até perguntei se tinha havido algum acidente, ao que me responderam "Não, mas já viu? Moramos na margem sul e há sempre muito trânsito."!! Claro que os mandei embora e telefonei a outra empresa.

Eu continuo a acreditar que enquanto esta cultura não mudar, não vamos a rigorosamente lado nenhum.

Maria disse...

Há países e países, restaurantes e restaurantes e empregados de mesa e empregados de mesa. No fundo o que conta quanto aos restaurantes é a qualidade do serviço e a qualidade das refeições que servem. Clientes mal servidos ou insatisfeitos não voltam. Se calhar esse restaurante alentejano que refere já não existirá no próximo ano se continuar a servir os clientes desse modo, ou então o empregado já lá não estará.
Tenho na minha experiência a memória de um restaurante na Bretanha que anunciava os seus famosos crepes. Assim que entrámos, éramos 7 convivas de várias nacionalidades, apareceu uma madame que nos enxotou com maus modos. Depois ficámos a saber que ela fazia isso frequentemente com os jovens que entravam no restaurante porque já tinha tido más experiências com grupos jovens "comedores não pagadores". Este restaurante ficava numa cidade cuja economia dependia da existência de várias universidades. Dois anos depois quando lá voltei este restaurante já não existia. É a vida. Temos é que reclamar sempre com bons modos quando somos mal servidos. Só não podemos generalizar com base numa má experiência porque arriscamo-nos a ser injustos.
Maria

Bartolomeu disse...

Caro Fartinho, faça-se um ponto de ordem.
;)
Sou como o meu amigo, valorizo bastante a pontualidade. Posso confessar-lhe que, profissionalmente, familiarmente e socialmente, sou um maníaco da pontualidade. Tenho um "dom"... consigo calcular com uma precisão fantástica, o tempo que demoro a chegar a determinado local, o que me permite, sem margem de erro cumprir a hora combinada.
No emprego, actualmente, estou posto na "prateleira" mas, nas anteriores gerências eram-me atribuídas tarefas que exigiam reunir com fornecedores, negociar contratos, discutir acordos, etc.
Sempre que marcava essas reuniões avisava logo de "caretas" que detestava atrasos e olhe... deixei alguns "pendurados" por não comparecerem à hora combinada.
Portanto, não posso estar mais de acordo consigo quando refere o respeito que nos é devido ao outro e vice-versa.
No entanto, naquilo que diz respeito ao caso que a Drª Suzana aqui relata, não vejo onde caiba o desrespeito, na medida em que o restaurante se encontrava de porta aberta e o fim a que se destina é precisamente o de servir refeições aos clientes. Já quando o meu amigo refere a situação dos "artistas" que entram a rasar a hora de fecho dos supermercados aí... olhe estou como dizia a minha avózinha «ai se houvesse justiça neste mundo...»
:)

Anónimo disse...

Moral da estória: pequenos detalhes dão grandes discussões.

Fartinho da Silva disse...

Caro Bartolomeu,

Nada como um bom esclarecimento para nos entendermos :)

Caro JM Ferreira de Almeida,

Nada como uma boa discussão para se aprender alguma coisa, nem que seja aprendermos a explicar-mo-nos melhor :)

Bartolomeu disse...

Por mim, proponho que se combine um almoço com todos, dentro do horário conveniente, é claro!
No Fuso, em Arruda dos Vinhos... estou disponível para fazer a reserva.
;))

Fartíssimo do Silva disse...

Caro Bartolomeu
Por mim aceitaria, com a condição de me arranjar uma mesinha voltada para a janela! Pode ser?

Bartolomeu disse...

Então não pode, caro Fartíssimo?!
É só dizer se prefere vista de mar, ou de montanha e, qual o mar ou, qual a montanha!
;)

Fartíssimo do Silva disse...

Qualquer uma delas serve, caro Bartolomeu! Deixo isso ao seu critério!

Suzana Toscano disse...

Caros comentadores, estive dois dias sem visitar esta simpaática tertúlia e eis que me deparo com esta grande discussão! Mas todas as interpretações são legítimas, sendo que o caro Fartinho da Silva levou a questão para o cumprimento de obrigações laborais e o respeito delas. Não era esse o mote, mas já admiti que me exprimi mal, o mote era o contraste entre atender com gosto, com prazer em agradar, com cordialidade, ou atender com fastio e desinteresse. É uma atitude, que, como bem refere o caro João, se nota muito quando se vê de de fora. É agradável ser bem recebido sem ter que exigir nada, é mau sentir que tanto faz entrarmos num sítio como não, o que querem é ver-nos pelas costas. Há sítios fantásticos em Portugal? Sem dúvida, mas se fossem mais e e o bom trato não fisesse parte do preço seria ainda melhor.
Caro bartolomeu, para mim o bom acolhimento faz parte da boa refeição, por isso não descrevi o menu, é que nem me lembro.
mas obrigada a todos pela animação, cá espero testemunhos dos vossos passeios e dos excelentes sítios que há para saborear a gastronimia e com toda a simpatia de que os portugueses, quando querem, são capazes.

Fartinho da Silva disse...

Meus Caros,

Que bela discussão! Assim vale a pena visitar este espaço, que enorme diferença para os abrantes...

Suzana Toscano disse...

Com a sua excelente contribuição, caro Fartinho da Silva.
Desculpem as gralhas do meu comentário acima - "fizesse", "Bartolomeu", "gastronomia".