No Algarve, é um azar estar na “fase de transição em termos de idade" e ter problemas do foro psiquiátrico. No Norte, é um azar viver entre Aveiro e o Porto e sofrer de cancro. Não gosto das generalizações, mas desta vez justifica-se. Quantos outros casos por aí não há? O jogo do pingue-pongue é culpa, dizem os hospitais, das “redes de referenciação”. Alguém percebe o que são? São vidas que estão em jogo. No final a culpa não é de ninguém. Há sempre uma desculpa desresponsabilizadora, o “sistema” é o culpado. Como se o sistema fosse um ente sem rosto. Há cidadãos que não podem estar doentes. Profundamente triste!
4 comentários:
Provoca-me o mesmo sentimento, Margarida. Será que entrámos na senda de a vida e a saúde passarem a ser custos e não ativos? É revoltante que se diga que o problema está no modelo de referenciação e não haver uma alminha capaz de o rever no dia seguinte a esta constatação!
Já Tatcher dizia que não há grupos, há indivíduos.
Por cá, o que contam são os sistemas, os indivíduos não contam. Ou, melhor, contam apenas para servir o sistema.
"...o “sistema” é o culpado. Como se o sistema fosse um ente sem rosto."
Quando não é o "sistema" é o "estado".
Qualquer abstracção serve à "arte da fuga"
José Mário
Há sempre uma "alminha" que se lembra de abrir um inquérito.
Dr. Pinho Cardão
Muitos serviços públicos são um fim em si mesmo, até servem pessoas, as que lá trabalham.
Caro Rui Fonseca
Tem razão, qualquer abstracção serve, quer dizer, aqui no nosso país, porque não há cultura de exigência e de responsabilização. Temos uma cultura cívica muito aquém das necessidades.
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