Diz hoje o DN (pág 16 e 17, mas não consegui o link) que “cada metro quadrado da Escola Passos Manuel custou 1618 euros, mais 37 euros do que custa o metro quadrado das secundárias do Dubai, país famoso pelo luxo das suas construções”. No total, diz o DN, as obras custaram 26 milhões de euros!
Independentemente da valia da comparação, não estranhei estes valores, face ao teor de uma conversa que, por mera coincidência, ontem tive com um amigo meu, empreendedor activo e dono de uma importante empresa de construção e obras públicas e que encontrei neste fim-de-semana.
Indo ao que interessa, referiu-me que tinha ganho alguns concursos de remodelação de escolas, a cargo da Parque Escolar. E que essas remodelações ficavam escandalosamente caras. Para o comprovar, elencou-me um nunca acabar de razões, a começar pelos projectos de arquitectura, todos conceptualmente diversos, pelos materiais de construção escolhidos, diferentes de escola para escola, mesmo que próximas, pelo tipo diverso de equipamento, mobiliário ou material decorativo empregue, específico para cada caso, até pela raridade ou luxo dos materiais empregues. Considerou que esses gastos eram um verdadeiro escândalo, só possíveis pelo desprezo do dono da obra pelo dinheiro dos contribuintes. Referiu-me ainda que, com tais projectos, não era possível fazer economias de escala, por exemplo nos aprovisionamentos, dada a singularidade de cada obra. Também li no DN que, entre outros gastos menores e, por certo, despiciendos para a sua grandeza, a Parque Escolar gastou 15.088 euros pela adjudicação de serviços de design e publicidade para lançar a inauguração das obras na Passos Manuel. E mais 20.000 euros para contratar um escritório de advogados para responder ao Relatório do Tribunal de Contas sobre os gastos na mesma escola!...
Também hoje ouvi um sujeito, numa rádio qualquer, a criticar de alto a baixo o Ministro da Educação que denunciou o caso. Que a educação não se pauta por miserabilismos....
Tem razão o sujeito. Por isso é que, com tanta educação, estamos tão educadamente miseráveis!...
Independentemente da valia da comparação, não estranhei estes valores, face ao teor de uma conversa que, por mera coincidência, ontem tive com um amigo meu, empreendedor activo e dono de uma importante empresa de construção e obras públicas e que encontrei neste fim-de-semana.
Indo ao que interessa, referiu-me que tinha ganho alguns concursos de remodelação de escolas, a cargo da Parque Escolar. E que essas remodelações ficavam escandalosamente caras. Para o comprovar, elencou-me um nunca acabar de razões, a começar pelos projectos de arquitectura, todos conceptualmente diversos, pelos materiais de construção escolhidos, diferentes de escola para escola, mesmo que próximas, pelo tipo diverso de equipamento, mobiliário ou material decorativo empregue, específico para cada caso, até pela raridade ou luxo dos materiais empregues. Considerou que esses gastos eram um verdadeiro escândalo, só possíveis pelo desprezo do dono da obra pelo dinheiro dos contribuintes. Referiu-me ainda que, com tais projectos, não era possível fazer economias de escala, por exemplo nos aprovisionamentos, dada a singularidade de cada obra. Também li no DN que, entre outros gastos menores e, por certo, despiciendos para a sua grandeza, a Parque Escolar gastou 15.088 euros pela adjudicação de serviços de design e publicidade para lançar a inauguração das obras na Passos Manuel. E mais 20.000 euros para contratar um escritório de advogados para responder ao Relatório do Tribunal de Contas sobre os gastos na mesma escola!...
Também hoje ouvi um sujeito, numa rádio qualquer, a criticar de alto a baixo o Ministro da Educação que denunciou o caso. Que a educação não se pauta por miserabilismos....
Tem razão o sujeito. Por isso é que, com tanta educação, estamos tão educadamente miseráveis!...
6 comentários:
Indescritível: a não organização, a irresponsabilidade (Educação & Finanças), o amadorismo, espécie de doença infantil da democracia portuguesa.
No meu sector, a encomenda de 360 milhões de blindados (Portas & Exército), não apenas está suspensa, como os dois terços fornecidos irão apodrecer como sucata.
E então o que é que vamos fazer?
Vamos? Nós os dois?
Por mim, já fiz o post...
Vamos pagar. Até porque os donos da república não permitem que as responsabilidades sejam apuradas tirando, claro, "responsabilidades políticas". Portanto, o melhor é mesmo pagar e nem sequer estar a gastar dinheiro com perceber o que aconteceu porque o resultado vai ser o mesmo: gastos escandalosos para coisa nenhuma.
Depois, o tempo e a economia farão este povo deixar de poder decidir sobre este tipo de coisa.
Aprendi a relativizar as conclusões de auditorias e sobretudo a exploração mediática que deles é feita. Aliás, os números que têm vindo a público sobre este assunto são estranhos e alguns mesmo incompreensíveis. Pode ser que a revelação do relatório permita fazer um juizo próprio, não influenciado pela forma como os media tratam destes assuntos ou como eles são objeto do debate político-partidário.
Mas há algo que eu sei porque vivenciei aquando da visita a dois dos novos centros escolares em fase final de conclusão - a total falta de razoabilidade dos projetos, a sua absoluta inadptação à necessidade de poupar e ser eficiente por exemplo em matéria energética. Basta dizer que, para além da profusão de aparelhos de ar condicionado que estou certo dificilmente funcionarão tal a fatura que importam, os vãos virados a norte são paineis de vidro, permitindo transferências térmicas do exterior que nenhum sistema de climatização pode atenuar com eficácia. Como foi possível que os projetos não sejam pensados em função das condições locais?
Outro pormenor extraordinário é a falta de algerozes nos beirais dos telhados, correndo a água em cascata sobre o recreio e, naturalmente, degradando aceleradamente o piso. Disseram-me que foi imposição da arquitetura. Que a ideia era mesmo a de reproduzir uma cascata.
As casas de banho junto às salas de aula, por exemplo, não têm portas supostamente para que os miudos possam ser vigiados. O que faz com que os professores não as possam utilizar e tenham de abandonar o piso para se servirem das dedicadas a adultos!
Muito mais vi de absurdo. Uma lista que aqui não tem cabimento. Alguns absurdos, bem sei, são imposições de legislação que em nome do interesse público torna sumptuário o que deveria ser funcional. Não deixam de ser atentados ao bolso e à inteligência dos contribuintes. Absurdos que explicam não só os custos inaceitáveis como a sensação de que ninguém é responsável pelos desvarios.
Tem toda a razão, caro Ferreira de Almeida. Aspectos similares a esses foram-me também citados pelo empresário que referi no post.
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