1. Como já aqui referimos, a economia espanhola tem vindo a emitir sinais de vida mais intensos,reflectidos em especial nas sucessivas quedas do nº de desempregados: no 2º trimestre deste ano contabilizaram-se menos 225.000 desempregados, fazendo o número total baixar dos 6 milhões (5,98 milhões) e a taxa de desemprego baixar 0,9 pontos para 26,3% (ainda enorme, obviamente).
2. Informações recentes (B. Espanha) sugerem que a economia terá praticamente estabilizado no 2º trimestre, esperando-se uma variação do PIB em cadeia de -0,1% (-0,5% no 1º trimestre), e antecipando-se uma retoma no 2º semestre do ano.
3. Mais importantes, para a economia portuguesa, são os dados quase surpreendentes do comércio externo: depois de um aumento de 2,4% no 1º trimestre, as exportações de bens portuguesas para Espanha aceleraram nos 4 meses até Abril (+5,6%) e mais ainda até Maio (+7,4%).
4. No grupo de 10 maiores clientes das exportações portuguesas, o ritmo de crescimento das exportações para Espanha nos primeiros 5 meses deste ano foi apenas superado pelas exportações para Angola (+10,7%) e para os Países-Baixos (+8,2%), enquanto as vendas para a Alemanha (-2,4%) e para França (-0,4%) perderam terreno.
5. A manter-se (já nem digo acentuar-se) esta evolução, pode bem acontecer que a Espanha, para além de reforçar a sua posição como principal mercado de destino das nossas exportações de bens (23,5% em Maio), venha também dar um forte contributo para a ultrapassagem da recessão em Portugal, oferecendo-nos assim uma simpática e oportuna boleia para a estação do Crescimento.
6. Tudo isto constitui mais do que fundamento para os Crescimentistas, cujas fileiras estão felizmente engrossando dia a dia, afirmarem em voz forte: “arriba, Espanha”!
4 comentários:
Façamos os mais sinceros votos de que assim seja, caro Dr. Tavares Moreira.
Contudo, mantêem-se grandes incógnitas quanto às soluções para que os bancos espanhois financiem as empresas e resolvam o problema do crédito mal parado gerado pelo rebentamento da bolha imobiliária que, ao que parece, foi o maior do mundo.
No entanto, a recuperação da economia espanhola e consequentemente a redução do número de desempregados e ainda do aumento do consumo interno, são já notáveis e demonstrativos da capacidade do povo espanhol para se unir e lutar pelos seus direitos, não esquecendo as suas obrigações, sociais e patrioticas.
Nós, como sempre, vamos a reboque... falta-nos essa coesão a todos os níveis... provávelmente possuímos umbigos mais volumosos que os de nuestros ermanos.
Estes números já deveriam ser do conhecimento das hostes crescimentistas, face à fúria súbita e dispendiosa em poder começar outra vez a roubar dinheiro ao contribuinte ou, como se diz hoje, "de obter um consenso alargado e duradouro". Cumprindo, alias, com uma previsão sua de que ao primeiro sinal lá estariam os parasitas todos de volta, em políticas promotoras do emprego e crescimento.
Caro Bartolomeu,
Vamos esperar que, desta vez, de Espanha venha "bom vento e bom casamento", ou seja um vento de "crescimento" e um casamento com muitas encomendas à indústria nacional...
Caro Tonibler,
Estamos certamente unidos nessa desconfiança em relação à onda crescimentista..."cheira-me" que a procissão está tentando inverter a marcha, recuperando a fé na boa despesa pública!
Esta oralidade crescimentista, em tom cada vez mais elevado, não nos augura grande futuro!
E o mais curioso é que as próprias confederações patronais já entoam o mesmo hino, parecem satisfeitos com o nível de tributação e não se importar com algum agravamento que por aí venha, aceitando o absurdo de que seja em nome do bendito crescimento!
Dr. Tavares Moreira
Seria absolutamente desejável que Espanha recuperasse o mais rapidamente possível para nos permitir repor os índices habituais de exportação para este país (na casa dos 30% do total nacional nos melhores períodos). Este seria, sem sombra de dúvidas, um dos maiores impulsos à economia nacional.
Temo porém que os problemas em Espanha sejam de tal índole que esta recuperação se mostre muito lenta. Tudo o que sentimos de mau aqui em terras lusas, em Espanha o cenário amplia-se e muito.
Noto contudo da parte de Espanha essa simpática boleia, se não apenas neste, em outros campos. Nos últimos meses assisti curiosamente e talvez por coincidência, uma vez em Madrid e outra em Lisboa, ainda que neste último caso vendo um canal espanhol, a uma simpática campanha promocional de divulgação das belezas históricas,naturais, paisagísticas, culturais e outras sobre o nosso país. Aconselhava-se mesmo os turistas a visitar Portugal, as suas belas praias e magnífica gastronomia.
É caso para dizer que, de Espanha, não só bom vento mas bom casamento.
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