Desde há muito tempo que certos movimentos se caracterizam por se oporem à vacinação das suas crianças. Os argumentos são vários, mas quase sempre de natureza ideológica e religiosa. São formas de contestação curiosas, uns dizem que é antinatural, que as crianças devem apanhar as doenças, que não devem ser sujeitas a "agressões" de origem humana, que as próprias vacinas são causa de doenças e há quem defenda a "ecologia normal". Há quase sempre uma atitude de rebeldia face à tentativa de criar uma ordem em que a saúde e o bem-estar sejam realidades palpáveis. Considero que dentro da esfera médica não há nada que consiga igualar-se ao poder e alcance das vacinas. Uma das principais conquistas da civilização que já permitiu erradicar uma doença, a varíola, e até poderia erradicar mais, como é o caso da poliomielite que ainda grassa em determinadas partes do Globo por incúria e desconfiança das autoridades religiosas islâmicas que veem neste processo uma forma de esterilizar os muçulmanos!
Na Europa as coisas estão a complicar-se, caso da Inglaterra e agora da Holanda, no que toca à vacinação contra o sarampo. Nos Países Baixos, no chamado "cinturão bíblico", onde predomina o calvinismo, a palavra de ordem é respeitar o "plano de Deus", logo, nada de vacinação contra o sarampo. Alguns pais desta religião quando veem os filhos doentes chamam à socapa os médicos a casa com medo de represálias religiosas. As autoridades de saúde tentam convencer os dirigentes religiosos afirmando que não querem por em causa Deus e nem as crenças dos seus seguidores mas que as vacinas também podem ser consideradas como estando no "plano de Deus". Pois! Parece que não aceitam este argumento. O que se sabe é que o surto epidémico que se tem vindo a observar na comunidade calvinista é muito preocupante havendo já crianças com graves sequelas.
De facto, quando as ideologias e as religiões se metem nestas áreas sai asneira e quem paga são sempre os mesmos, as frágeis e inocentes crianças. Será que faz sentido invocar o "plano de Deus", seja ele qual for? Parece-me bem que não.
1 comentário:
Sou pai de uma criança que não está vacinada. A opção foi tomada de forma informada e consciente, nunca tendo sido abordada pelo ponto de vista religioso.
Há muita informação sobre a não-vacinação para quem estiver interessado em saber mais sobre o tema, por exemplo (http://educate-yourself.org/vcd/ ou http://vaccinedangers.com/links.html), se tiver oportunidade de tresler os sites não verá mencionado o argumento religioso.
Ironicamente, sempre vi a fé cega no lado da religião da vacinação, e não do lado de quem de forma fundamentada e informada opta por uma decisão que ainda hoje é alvo de preconceitos.
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