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domingo, 28 de julho de 2013

Small is beautiful?


Tem uma certa graça virem agora todos constatar a "evidência" de que a bandeira política de se ter poucos ministros, implicando um aglomerado de temas distintos sob o mesmo ministro,não podia dar grande resultado. Que me lembre, a seu tempo foi considerado um achado por muitos dos que agora correm pressurosos a desdizer-se. No entanto, continua em alta a tese de que se misturarmos os serviços públicos com a mesma lógica, reduzindo as chefias e amontoando os assuntos, de certeza que vai ser tudo muito mais eficiente, basta ler (enfim, eu sei que não é fácil) algumas leis orgânicas tão festejadas e passar os olhos nas alíneas que descrevem as atribuições e que se desdobram depois em competências tão díspares que seria pelo menos de ficar um tanto hesitante quanto às consequências. É que uma coisa é reduzir funções e organismos porque não é necessário o que faziam, ou podem fazer com menos, outra coisa é distorcer a sua lógica de organização para parecer que encolheram. Há coisas que parecem simplificar e só complicam.

6 comentários:

Bartolomeu disse...

O título do texto, fica a dever "direitos de autor" ao Dr. Marques Mendes.
;)
No seguimento do trexo-resposta ao comentário da Drª Margarida, dado ao post anterior «...seríamos bem melhor se aprendêssemos a achar menos e a pensar mais ou, no mínimo, a pensar antes de encontrar e proclamar as evidencias, mas são modas...» e que a meu ver se adequa na perfeição também a este, concluiria que a "importação" impensada das modas são um dos motivos/causa de certos engulhos causadores de impasses e de choques de opiniões.
Como afirma, cara Drª Suzana, é mais do que tempo de pensarmos por nós e decidir de acordo com as nossas necessidades e as nossas capacidades as medidas que melhor se adequam e mais capazes de resolver os nossos problemas específicos. Mas parece que atendência é a de adotar o que se faz la fora, sem primeiro pensar se é a solução para o que se passa cá dentro...

Carlos C disse...

O caricato da questão, é quanto é que todos estes experimentalismos custaram e vão custar ao erário público? Estou a imaginar a azáfama que agora deve correr por aqueles ministérios em refazer novamente tudo, empresas de software a esfregar as mãos, não devem faltar.

Tiro ao Alvo disse...

Condescendo: a organização deste governo é melhor do que a do anterior. Mas não gosto destas mexidas tão bruscas nas estruturas dos governos. Que, de uma penada, se mudem as pessoas aceito; que se altere a estrutura tão frequentemente, acho mal. Muito mal.
As leis orgânicas e os organogramas, devem representar a forma como um grupo "coeso" de pessoas, irmanados num objectivo comum, se relacionam entre si, repartem tarefas e responsabilidades, e por aí adiante. Da maneira como estas coisas estão a ser feitas, os membros dessas equipas, agora dispersas, vão demorar muito tempo a entenderem-se, o mesmo é dizer vai passar muito tempo até que se vejam resultados palpáveis e positivos.
Com isto quero dizer que não embandeirei em arco com esta mexida na estrutura do governo.

Anónimo disse...

Suzana, todos tínhamos a sensação de que o resultado iria ser, mais tarde ou mais cedo, este. Governar rendido às (e preocupado com as) aparências sempre deu mau resultado. Há exemplos passados que deveriam ter sido ponderados...
O mau resultado nesta experiência significou e significa uma despesa considerável como abaixo anotou muito bem Margarida Correa de Aguiar. Recorde-se, no entanto, como a própria troica aplaudiu a medida considerada de alta costura que consistiu em se ter cconstituído um dos governos mais pequenos...
Mesmo aqueles que não se expressaram críticos à solução orgânica adotada para a economia, transportes e comunicações e para o ambiente, agricultura e mar, intuíram que se estava a cometer um disparate, e que o efeito simbólico, o sinal que se pretendeu dar, não compensaria os danos de eficiência. Nunca compensaria mesmo que os ministros fossem super - diz-se que existem, mas é mentira.
Congratulo-me, apesar de tudo, com o reconhecimento do erro, custaria mais persistir nele. Em especial, agrada-me ver as atribuiçoes do Estado em matéria de ambiente e da energia ficarem no mesmo ministério, e no que respeita às secretarias de Estado, rectius, aos secretários de Estado, a conservação da natureza tenha sido entregue ao membr do governo responsável pelo ordenamento do território e não das florestas, como nunca deveria ter deixado de ser.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

A dimensão de uma estrutura, a sua orgânica, o modelo organizacional e o modelo de gestão são determinados pela necessidade de realizar um objectivo. A geometria é muito variável. Ser grande ou ser pequeno tem que resultar da resposta mais adequada ao objectivo.

jotaC disse...

"(...)É que uma coisa é reduzir funções e organismos porque não é necessário o que faziam, ou podem fazer com menos, outra coisa é distorcer a sua lógica de organização para parecer que encolheram. Há coisas que parecem simplificar e só complicam."

Tão simples como isto, sem dúvida! Como é possível esta evidência não ser percetível por todos!?