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domingo, 24 de abril de 2005

Vacinar os homens para proteger as mulheres…

O cancro do colo do útero – actualmente um sério problema de saúde pública – tem tendência para sofrer um agravamento, em termos de mortalidade, quatro vezes mais até 2050, sobretudo à custa dos países subdesenvolvidos. Sabendo que o principal factor de risco é devido à presença do vírus papiloma humano, faz todo o sentido a prevenção das infecções através de vacinação. A vacina está pronta a ser utilizada contribuindo, senão para a eliminação, pelo menos para a redução significativa da doença. Aqui está mais uma demonstração das grandes conquistas médicas. O pior é que começam a surgir algumas reticências ao seu uso. Além dos habituais contestatários das vacinas – felizmente poucos – associam-se certos movimentos ou receios culturais, já que estamos perante uma doença fortemente associada às práticas sexuais. De facto, alguns grupos religiosos norte-americanos atribuem um papel potencialmente nefasto à vacinação das jovens meninas, porque pode ser interpretada como uma “licença” para praticar sexo. A melhor maneira de prevenir a presença do vírus papiloma humano, de acordo com os seus mentores, é a abstinência. No entanto, no cômputo geral, 80% dos pais estão a favor da vacinação. Ainda bem!
Os povos em desenvolvimento são particularmente mais vulneráveis, até porque o diagnóstico precoce, prática generalizada nos povos desenvolvidos e que se caracteriza por elevada eficiência, não está ao alcance da maioria das mulheres. Divulgar e convencer aquela parte do globo não vai ser tarefa fácil. O baixo estatuto da mulher limita a vacinação das jovens. Mesmo no Reino Unido as mulheres asiáticas têm receio de serem sujeitas a testes para saber se são ou não positivas para as infecções do vírus do papiloma humano. Em caso de positividade, dizem as senhoras, ainda correm o risco de serem liquidadas pelos maridos, mesmo que tenham sido estes a contaminá-las!
N. K. Gangully, do Conselho de Investigação Médica da Índia, sugere que a vacinação dos homens talvez seja a melhor maneira de prevenir a propagação do vírus evitando que as mulheres venham a sofrer ao fim de alguns anos do terrível cancro. Ora aqui está uma boa ocasião de manifestação de solidariedade do sexo masculino face a um cancro exclusivamente feminino. Vacinem-se os homens. Deste modo evitam-se os constrangimentos femininos impostos por motivos religiosos e culturais.

1 comentário:

Ruvasa disse...

Viva!

Concordo. Excelente oportunidade para que a solidariedade masculina se manifeste, em defesa da sua parceira de sempre, sem que o gesto lhe traga quaisquer custos. Será juntar o útil ao agradável.

De qualquer modo e prevenindo o efeito que pode ser causado por utopias, será bom que as mulheres não deixem, elas próprias, de se vacinar.

É que sabe-se como é. O homem é muito resistente a essas coisas, por medo de perda da masculinidade, não somente a física como a psíquica ou - mais propriamente - psicótica (um homem que se vacina não é homem não é nada; não passa de "bicha", porque o que procura nesse acto é ser penetrado, ainda que em termos ínfimos).

Está a rir-se? Pois, então, ria-se, que o caso não é para menos. Infelizmente!...

Cumprimentos