É do conhecimento geral a polémica ocorrida ao redor das relações entre a indústria farmacêutica e os médicos. Situações complexas, sendo que muitas delas não abonam boas condutas de parte a parte, constituindo focos de atenção por parte da comunicação social, da justiça e naturalmente da Ordem dos Médicos. Novas regras e condutas foram estabelecidas para legitimar as relações que, quando são transparentes e de acordo com a ética, são perfeitamente aceitáveis e até desejáveis de molde a proporcionar vantagens e mais valias, sobretudo na preparação técnica e científica dos profissionais. A necessidade permanente de actualização é uma constante na classe médica e deve ser encarada como uma obrigação moral por parte de cada um. Face aos elevados custos em adquirir formação pós graduada todo e qualquer apoio é bem-vindo desde que se respeitem as normas. Mas na prática, e ao contrário do que seria de prever, continuamos a observar que alguns médicos “fazem” formação pós graduada em autênticos paraísos turísticos ou em condições de perfeito ócio pseudo-laboral. A informação recente de congressos efectuados na Índia e na Turquia, os quais se juntam a muitos outros realizados no México, no Pacífico ou em bizantinos cruzeiros nas Caraíbas ou no Mediterrâneo, são um sinal de preocupação que merece ser discutido. Qualquer um tem o direito de calcorrear as sete partidas do mundo e até faz bem conhecer e conviver com outras culturas e civilizações. Fazê-lo num contexto profissional, aproveitando a oportunidade dos tempos livres de congressos credíveis e certificados que se realizam pelo mundo fora, é perfeitamente normal. Mas fazer congressos, jornadas ou quaisquer outros tipos de reuniões com conferencistas, muitos dos quais nacionais, a milhares de quilómetros de distância parece-nos bastante abstruso.
Recordo que um dia uma importante figura nacional me convidou para efectuar uma conferência numas jornadas médicas. Ao convite respondi naturalmente que sim. Comecei a tratar das datas e local. O tema estava já aprazado, a data não levantava qualquer problema, os destinatários estavam referenciados e quanto ao local, a princípio também não fiz qualquer objecção. Foi quando o proponente me informou que iria tratar da viagem e do avião. - Avião! Disse eu. Não é preciso. De Coimbra a Braga faço numa hora e meia a duas. Além disso Coimbra tem apenas um pequeno aeródromo e não há carreiras para Braga. Foi quando me disseram: - mas a reunião não é em Braga. É em Praga. – Praga?!. Escusado será dizer que até hoje ainda não conheço Praga…
1 comentário:
Faz mal em não conhecer Praga, que é uma cidade lindíssima, mas fez muito bem em não aceitar esse convite.
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