... E nestes dias o extraordinário aconteceu!...
Os mesmos que se queixaram das queixinhas de Paulo Rangel fora do País (Parlamento Europeu) queixam-se agora da minha falta de queixinhas… também para fora do País. Muitas queixinhas, portanto. Tenho sentimentos mistos quanto a este assunto. Por um lado, fico agradado com a importância que os reports do ES Research merecem. Por outro, gostava que essa importância não fosse utilizada para fins indevidos.
Tudo começou na passada sexta-feira, durante a gravação do programa Parlamento, quando fui surpreendido pelo dedo em riste do deputado do PS João Galamba. A determinada altura, julgou oportuno lançar mão de um relatório destinado a agentes (investidores, analistas, clientes) externos (e redigido em inglês).
Entre acusações e, para meu pasmo, insultos, tratou de prosseguir a sua demanda acusatória sem sequer ouvir o que tinha para dizer. Pensei que se tratava de entusiasmo pueril, próprio de quem tem imensas certezas. E, por isso mesmo, assim que terminou a gravação do programa, entrei em contacto com o Dr. Francisco Assis, Presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Fiquei à espera de uma retractação por parte de Galamba, mesmo em privado, e sabendo eu que o mal, em termos públicos, tinha já sido feito. Estava enganado. E de que maneira. A actuação no programa era só o princípio. A reportagem do Diário de Notícias era o fim.
Para efeitos de memória futura deixo aqui algumas notas que podem ser úteis ao deputado Galamba:
1. Subscrevo integralmente o relatório do ES Research (como, aliás, seria de esperar). Trata-se de um documento para promover a economia portuguesa no exterior. E se é difícil encontrar aspectos positivos para a nossa economia, devido à forma como temos evoluído!...
2. Trata-se de um documento que em nada colide com o que tenho afirmado em termos internos e na esfera política. Muitas vezes disse que “Portugal não é a Grécia”. E outras tantas vezes acrescentei “mas para lá caminhamos se não arrepiarmos caminho muito rapidamente”. Tal como muitas vezes disse que o défice foi efectivamente reduzido entre 2005 e 2008. Mas da maneira errada. Sobretudo aumentando os impostos e cortando no investimento público. Mas foi reduzido.
3. Na próxima semana estarei em Wall Street numa acção de promoção da economia portuguesa organizada pela Euronext Lisbon, integrado numa comitiva em que também estará o Ministro das Finanças. Ora, nas reuniões que irei manter com investidores e analistas norte-americanos, passa pela cabeça de alguém que eu faça alguma coisa que possa objectivamente prejudicar o nosso país?... Pela minha não passa de certeza.
4. Por todas estas razões estranhei a reportagem do Diário de Notícias. Desde logo, é estranho que o jornalista que assina a peça nem sequer tenha assistido ao programa. Confiou excessivamente na fonte. De tal maneira que tratou de esquecer a esmagadora maioria das minhas declarações...
5. Obviamente, não confundo o comportamento do deputado Galamba nem com o Partido Socialista, nem com a esmagadora maioria dos seus quadros e deputados.
Que o deputado Galamba fique admirado por me recusar - sobretudo no perigoso contexto que vivemos - a dizer mal do meu país diz muito do próprio. E diz ainda mais da sua maneira de estar nestas coisas da política e na vida.
6 comentários:
Quanto a queixinhas, e pela parte que me toca, parece-me uma má comparação: http://jugular.blogs.sapo.pt/1897034.html
João Galamba demonstrou uma desonestidade intelectual que só tem guarida num partido como o PS. Além disso provou que não sabe o que é sentido de responsabilidade. Se esse deputado não sabe o que defender o País no exterior, então alguém (o seu GP, por exemplo) que lhe proporcione umas acções de formação...
A Ana Matos remata o post que "linca" referindo-se a homofobia e a "bichice" por alguma razão em especial?
É que... uma vez que se define frontal e clara...
Miguel, se o deputado tivesse ouvido as tuas intervenções no Parlamento, se tivesse lido os teus artigos nos jornais, durante os últimos anos, com a mesma ansiedade e sofreguidâo com que leu o tal relatório talvez tivesse aprendido o suficiente para não se atrever a essas iniciativas mal intencionadas. Deixa lá, quem tem crédito não lhe dá crédito e quem o não tem não te deve incomodar.
Pode o sr. Miguel Frasquilho, por obséquio, esclarecer os portugueses o que relamente pensa sobre o assunto?
Como eleitor gostava de saber, porque me parece que há uma contradição e há "mentiras piedosas" que em cicunstância alguma tolero.
Já agora, essa co mparação com o caso Paulo Rangel parece-me metida a martelo, poque as situações não são comparáveis.
Eu também gostava de saber o que realmente o Miguel Frasquilho pensa sobre o assunto. Esta nuvem argumentativa é extraordinária. O Miguel Frasquilho, em suma, optou por duas linhas paralelas de argumentação no post:
1) que o que disse agora não contraria o que dizia antes;
2) que disse agora uma coisa diferente do que disse antes, para enganar os estrangeiros, levando estes a pensar que o governo está a agir bem (rezando, talvez, para que estes não vejam o canal parlamento, ou não tenham cá espiões ou correspondentes que saibam falar português. Ou rezando, simplesmente, para que eles sejam parvos)
Bem, talvez uma das linhas de argumentação pegue, não é? O mais engraçado é que os que aqui o defendem, não sabem o que fazer. Um, o José Manuel, segue a linha do "lá fora, dizemos bem do que faz o governo". A Susana, por seu lado, parece seguir a linha de acordo com a qual o Miguel Frasquilho tem dito sempre a mesma coisa... decidam-se a organizem-se.
Isto tudo é extraordinário e revela mais lata do que todos os depósitos de ferro-velho do Manuel Godinho. E a forma sobranceira como o Miguel Fransquilho se dirige ao João Galamba, no género: "o novato não percebe nada de como é que estas coisas funcionam..." é de morrer a rir.
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