Afinal não. Para alguns, 25 de abril nem sempre. Só quando se quer. Mário Soares, Manuel Alegre e os membros da associação 25 de abril decidiram não comparecer às cerimónias comemorativas do dia da liberdade que, como é tradição, decorrem na casa da democracia perante os eleitos pelos portugueses.
Ignoram duas coisas elementares. A primeira, o 25 de abril não tem dono. Fez-se em nome do Povo e não em nome de qualquer aristocracia militar ou civil. E seguramente não se fez para ficar prisioneira de autorias. A segunda, no 25 de abril não se comemora uma data, nem constitui o momento para enfunar vaidades. Celebram-se princípios e valores sufragados pelo Povo ao qual, na verdade, se deve o sucesso da revolução. Um desses princípios é o do respeito pela vontade popular, expressa democraticamente em eleições livres. Por isso, percebe-se mal (ou se calhar não custa a perceber) que a atitude destas personalidades seja justificada pela discordância com um governo e com uma política que a maioria dos portugueses, que se manifestou em liberdade, democraticamente legitimou. Ter-se-ão estes senhores esquecido que ser democrata é, sobretudo, aceitar que outros possam ter do País e do seu futuro uma ideia diferente da nossa?
15 comentários:
Se o 25 de Abril foi feito para instituir um regime democrático, entende-se mal que quem se considera favorável ao 25 de Abril venha agora revoltar-se por considerar que a democracia não chega: querem uma democracia à sua maneira e não um regime em que é a maioria dos portugueses que escolhe a política que quer seguir. Mas por mim, acho que não fazem falta nas cerimónias comemorativas.
Não quero ser contraditor, mas do meu ponto de vista, os caros autor e comentador, estão a analisar a questão de uma forma particularmente restrita.
E digo isto, porque tanto o post como o comentário me parecem limitado a aspectos que por si só, não definem os amplos conceitos de Democracia. Aliás, se definissem, penso que o actual regime político, não seria menos que uma ditadura.
Aquilo que define a democracia é, principalmente e acima de tudo, não o conceito de igualdade e fraternidade, mas sim a sua convicção, a sua natural aceitação e vivência. Foi esse princípio que norteou aqueles, os puros, que idealizaram o golpe de Estado que o proporcionou.
Desde Abril de 74 até aos nossos dias, todos os ideais humanistas e socialistas foram corrompidos e violados; inclusivamente, por aqueles que hoje declaram e com razão, que o espírito de Abril se perdeu e que por isso, não estarão presentes na sessão do Parlamento.
Podem não estar, não virá mal ao mundo, por isso. Nem ao país... se por acaso, à mesma hora, não estiverem onde não devam, a preparar aquilo que possa não ser o que o país realmente precisa neste momento conturbado da sua História. Desde que tenham bem inculcado nos seus espíritos que Democracia, tem o nobre significado de apróximar as pessoas, igualando-as e irmanando-as, juntando-as em volta de um ideal e conduzindo-as ao centro desse ideal.
Um país pobre como Portugal, não pode ser guiado por líderes que se disfarçam de democratas e fomentam a disparidade, protegendo os poderosos e sacrificando os desprotegidos, retirando direitos aos trabalhadores para aumentar os lucros aos patrões, retirando pensões aos idosos, para manter o estatuto aos políticos, reduzindo as comparticipações aos doentes, para manter os banquetes, as pompas e circunstâncias dos altos cargos da nação.
É importante que esses Senhores que fizeram Abril, que dele fizeram uso e que hoje se revoltam, escolham bem os objectivos e propósitos dessa revolta e tenham presente que se estiverem a pensar surgir a tão desejada 4ª República, o façam com o firme propósito de restituir ao Estado o direito de Igualdade e de Fraternidade, e não pela vã conquista de lugares de governo.
Muito bem!
Quem sabe a data de 25 de Abril de 2012 não ficará conhecida como a data da vitória total sobre o fascismo?
Sobretudo, caro Tonibler, que esta data fique assinalada por uma plena e total consciencialização democrática. Que nesta data, os nossos governantes sejam tocados pelo espírito da visão clara e compreendam que pelos lugares que ocupam, para os quais se propuseram e foram eleitos, lhes compete governar a nação e os seus cidadãos, lhes compete fazer aplicar a justiça a todos igualmente, lhes compete distribuir a riquesa e os sacrifícios, por todos os cidadãos igualmente, inclusive por si próprios. Que esta data seja lembrada no futuro, como o início de uma nova era de plena consciência democrática, uma era em que a todos os cidadãos seja dada a possíbilidade de ser incluídos num projecto real de renovação e requalificação do país. Que esta data seja lembrada porque sejam abolidas de vez as demagogias, os conluios, os compadrios, as benesses, as vantagens... os lugares cimeiros... e os lugares fundeiros.
Bartolomeu
O que acaba de dizer irá continuar, sempre, com algumas nuances, porque há quem viva de/e à custa de "demagogias, os conluios, os compadrios, as benesses, as vantagens... os lugares cimeiros... e os lugares fundeiros." Mas há alguém que tenha dúvidas? O que se está a passar é mero folclore, resta saber quantos, não todos, claro, dos que estão a "protestar" e que beneficiam dessas "benesses"...
" [...] uma política que a maioria dos portugueses, que se manifestou em liberdade, democraticamente legitimou". Há aqui um equivoco, reveja a campanha eleitoral do PM e veja se as politicas implementadas correspondem à propaganda eleitural. Nós não sufragamos os aumentos de impostos, os cortes nos salários, aliás o PM prometeu-nos o contrário... cortes nunca...
Tinha um discurso da valorização da palavra, mas pelos vistos não sabe o seu significado, pois limitou-se a dizer mentiras, vulgarmente designadas inverdades ou lapsos...
Fomos enganados por um lobo com pele de coelho.
Mostrou apenas que não estava preparado para o cargo a que se propoz e que só queria assaltar o poder. É igual a tantos outros que já passaram por lá e ficará na história como o PM que nos empobrece, humilhou, nos mandou emigrar, que não tem soluções nem ideias politicas e está vendido à alta finança, que depois lhe dará um tacho.
Que tal umas vitaminas para a memória.
É claríssimo que sim, caro Professor Massano Cardoso. Mas é igualmente claro para todos, Governo e cidadãos, que não pode manter-se assim, que não ha modelos infalíveis, mas que há formas correctas de governar um país, e que elas passam imperterívelmente pela seriedade e pelo respeito. Um país submerso em dificuldades, um país onde a miséria ameaça todos os dias conquistar mais terreno, tem de ser governado por pessoas completamente conscientes das situações e imbuídas do espírito de renovação, de equilíbrio e de recuperação, trilhando o caminho da justiça e da igualdade. Só assim, estou convicto, é possível esperarmos futuro para o país que amamos e que desejamos ver renovado, activo e saudável.
Todos os anos o Sr. compareceu às cerimónias, assim, com esta tomada de posição do Dr. Soares, ficamos a saber…
- que encher os bolsos de edp, mota-engil, banca, etc., através da PPP é honrar o “espírito do 25 de Abril”;
- ocultar, pela via da nacionalização como fizeram Socrates e Teixeira dos Santos, a fraude BPN é honrar o “espírito do 25 de Abril”;
- gastar milhões desnecessariamente e atropelando tudo o que é procedimento legal, como sucedeu no parque escolar & outros, quando o País já estava em bancarrota é honrar o “espírito do 25 de Abril”;
Desde que seja da tribo PS claro… ele há republicanos que mais parecem monarcas absolutos.
Caro Ferreira de Almeida:
Indo à parte final do seu lúcido e oportuno post.
Querendo ser generosos, claro que se esqueceram. Acontece. Não querendo ser generosos, é que, de facto, e como se nota, não aceitam que outros possam ter do País e do seu futuro uma ideia diferente da deles. Além do mais, tal constitui motivo para umas tantas páginas suplementares na comunicação social, aparentemente o seu supremo alimento e razão de viver.
O meu Pai, era tal como eu, quase analfabeto. Possuía como habilitações literárias, a 4ª classe, mas, recordo-me como se fosse hoje, agora - sentados sobre as rochas, à beira-mar - de ele me dizer: «O mundo poderia ser tão bonito, se os Homens quisessem».
O meu Pai, tinha um hábito. Todos os dias, após o jantar, saía. Dirigia-se à leitaria de um amigo, duas ruas abaixo daquela onde vivíamos, tomava um café, um bagaço e lia o jornal. O dono da leitaria, amigo do meu pai desde miúdos, era informador da PIDE e participava do mesmo gosto que Ele: a pesca desportiva. O meu Pai não era pessoa de manifestar publicamente as suas ideias políticas, só quando o amigo o espevitava é que ele manifestava a sua maneira idealista de "ver as coisas". Um dia, durante um concurso de pesca que decorria na Vala do Carregado, o amigo do meu pai, aproveitando a ocasião de estarem sozinhos, confidenciou-lhe que era informador da PIDE e que, seria obrigado a denuncia-lo se ele não mudasse de opinião acerca do regime.
Pelo que vim a saber, posteriormente, o meu Pai manteve-se calado durante uns bons 15 ou 20 minutos, por fim, poisou a cana de pesca, aproximou-se do amigo e sentenciou: somos amigos desde há muitos anos, desde miúdos, já sei há bastante tempo que és informador da PIDE e sempre respeitei as tuas opções. Podes denunciar-me, porém, fica ciente, no dia em que o fizeres, aperto-te o pescoço. Dito isto, regressou ao lugar onde tinha a cana, de lá, voltou-se para o amigo e rematou: mas continuo a ser teu amigo.
O que acabo de referir, não tem outro propósito, que seja o de lembrar a memória de uma pessoa queridíssima, a quem devo uma boa parte da minha estrutura racional e que olhava o mundo e os seres que o habitam de uma forma universalmente igual. (O meu Pai proibia que se matasse um insecto, dizia sempre; porquê matar o animal? Porque não abrem a porta ou a janela e não o enxotam?)
Com Ele, aprendi não ser necessário que ocorram revoluções para que se adquira a liberdade. Aquilo que realmente é necessário, é que se tenha a noção precisa de quem somos, como somos e o que estamos dispostos a fazer para que não deixemos de ser, evitando cair na tentação de ficar "à mama" esperando que pelos nossos belos olhos, nos venha a cair do céu, aquilo que nos cumpre construir.
Daí, caro Vitor Alves Pereira, talvez não valha de nada apontarmos o dedo aos que fizeram aquilo que não deviam mas, fazer sentir aos que fazem, que se quiserem fazer bem, terão o apoio de todos, desde que demonstrem estarem de boa fé e verdadeiramente empenhados em compor o país, em encontrar formas de lhe revitalizar a economia, agilizando os processos e aliviando os encargos, sem deixar de exercer o controle necessário e exigir as comparticipações devidas.
Todos sabemos, mesmo os mais relutantes em admitir, que um grupo enorme de pessoas se tem aproveitado do poder que os lugares para que são nomeados lhes faculta. Tem sido uma prática corrente no nosso país e ao qual esse grupo não tem feito o menor esforço de resistência ou de mudança, independentemente do grau de solidez que o seu carácter possua. E que, entretanto, têm permitido que o resto do país, juntamente com as classes sociais mais desfavorecidas, se desmorone.
É para “isto” que urge exigir mudanças, para que haja igualdade de direitos e de obrigações, para que ninguém esteja acima do cumprimento das obrigações e da legalidade e que, a ninguém sejam negados os seus direitos, como cidadão livre.
Sobre este mesmo assunto comentei com um jovem de 36 anos (por acaso licenciado em gestão), que não era bom esta gente faltar às cerimónias do 25 de Abril, pois dava a ideia que o sistema democrático tinha sido desvirtuado ou usurpado, o que não é verdade, o governo tem a mesma legitimidade dos anteriores, e por aí adiante… até que ele tomou a vez para dizer, que o assunto não lhe dizia nada, não tinha interesse em saber a “vida” desses capitães e coronéis, que isso do 25 de Abril importava à geração que viveu o acontecimento, que para ele o importante era o sucesso, o emprego, a casa, e que cada vez mais achava que esta cambada de velhos (só por cortesia, presumo que não me incluiu!), tinham “lixado” tudo…
Dispenso-me de interpretar o sentir deste jovem, V. Exas certamente o farão melhor do que eu…
Já tudo foi dito sobre esta polémica, mas convém realçar que o facto de não se gostar do governo e/ou da política por ele seguida (algumas medidas também me ofendem!), não é motivo bastante para afirmarmos que o sistema democrático está em perigo, pois ele só o estará quando os próprios mecanismos de “vigia” forem desvirtuados e usurpados.
amanhã é dia de luto pesado
Vasco Lourenço passou à reserva (reformou-se) com 46 anos sem lhe ser conhecida qualquer doença. O salário bruto no activo de um tenente-coronel anda à volta do 3k€/mês.
Qualquer que seja o salário na reserva é inacreditável que um sistema funcione com pessoal reformando-se aos 46 anos. O resultado é a falência.
Sou pagante da renda aos chineses da EDP e da reforma do Vasco Lourenço.
Pelo menos os chineses estão calados, o Vasco só diz tolices!
Quanto ao Mário $oare$, o homem já perdeu a vergonha depois da história da multa?!
Caro Bartolomeu,
Fazem falta mais homens como o seu Pai. Obrigado pelo seu comentário, um abraço.
vap
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