Agora as más notícias: as pensões de reforma atribuídas em 2012 vão
sofrer uma penalização de 3,29%. A culpa é do “factor de sustentabilidade”, cuja
função é ajudar a sustentabilidade dos sistemas de pensões, reduzindo o valor
da reforma em função da esperança de vida. Para evitar esta redução é preciso
trabalhar mais, o necessário para compensar o ganho de esperança de vida. O
tempo de trabalho adicional que é necessário para neutralizar a penalização
varia consoante o número de anos de carreira contributiva. Por exemplo, quem
tenha 15 a 24 anos de descontos terá que trabalhar cerca de mais um ano, quem
tenha mais de 40 anos de descontos terá que trabalhar cerca de mais quatro
meses. As penalizações e mais anos de trabalho tenderão a agravar-se à medida
que ao longo dos anos futuros se registem mais ganhos de esperança de vida.
O factor de sustentabilidade vai afectar em particular as gerações mais novas que
perante a degradação do valor das reformas que pode atingir os dois dígitos serão obrigadas
a adiar o momento da reforma, trabalhando mais anos. É este o caminho. A penalização
deixará de ser uma opção.
Desde 2008, data em que o factor de sustentabilidade foi instituído, os
dados revelam que as pessoas têm optado pelas penalizações em lugar de as
compensarem com mais tempo de trabalho. A este comportamento juntou-se também a
procura significativa pela reforma antecipada, apesar das gravosas penalizações
aplicadas.
Com as reformas antecipadas congeladas e o agravamento gradual do
efeito do factor de sustentabilidade a tendência está traçada, trabalhar mais
anos. Não tem que ser necessariamente mau. Viver mais será a compensação...
4 comentários:
Margarida, teremos que distribuir o mesmo rendimento por mais anos, o melhor é começar a poupar a tempo de se conseguir fazer essa gestão, isto, claro, admitindo que os impostos não se encarregam de baralhar qualquer planeamento.
Suzana
Fracos crescimentos económicos, austeridade dos impostos, baixos salários, precariedade do emprego e desemprego são factores que vão degradar o valor das pensões. Nestas circunstâncias a poupança, sendo absolutamente necessária, será muito difícil para as pessoas mais penalizadas por aqueles factores. O risco de o fenómeno da "velhice pobre" se acentuar é grande. Trabalhar mais anos é inevitável.
Cara Margarida
Trabalhar mais anos é inevitável. É de facto. Para quem pode e quem tem. Que não são todos!
Caro Pedro Almeida Sande
O que quer significar com "Para quem ... tem"?
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