As eleições na Grécia e o euro (do futebol) parecem estranhamente ter obnubilado a importância dos resultados das eleições legislativas em França. Estranhamente porque, tanto ou mais relevante do que o que se venha a passar com a Grécia, o futuro da zona euro, e em boa medida o futuro da própria UE, dependerão do papel que a França estiver disposta a desempenhar. Hollande e o PSF viram confirmada a vitória nas presidenciais, dispondo agora de um confortável respaldo na maioria absoluta dos assentos na Assembleia Nacional e no Senado. Graças, é certo, ao sistema eleitoral maioritário a duas voltas introduzido por De Gaulle (o Le Monde de hoje chama a atenção para a "ilusão de ótica" que o sistema gera já que o PS não chegou a obter 30% de votos expressos) . Mais do que o reconhecimento dos méritos de Hollande (que só o suicídio político de Strauss-Kahn colocou nos caminhos da presidência), estes resultados consubstanciam o que muitos adivinhavam: o afastamento de Sarkozy e do sarkozismo, talvez o sinal mais saudável de uma Europa que acorda para a necessidade de repudiar o arrivismo.
12 comentários:
A malta não quer saber disso pra nada, caro DR. JosÉ Mário.
O ca malta quer é curtir a bola e as bjecas, depois logo se vÊ.
Imaginocaramigo, se por acaso a nossa selecção papar o campeonato?!
Uiii.... o pessoal ía em peso para o aeroporto, depois pó Marquês e pó Terreiro do Paço e até pá Expo. Tudo a dar-lhe na cervejáça e na intremeada. E saparcessem os gajos da intrevenção era tudo corrido à mocada.
Até proque o nosso predizente da Republica disse inda hoje, caqueles gajos é que são a salvação da nação e até nem sei sele disse do mundo, proque quando ele táva a falar, o maralhal lá na tasca desatou tudo aos berros e a pedir mais cerbeja à manel pançudo...
Cá estaremos, caro Caboclo, para opinar sobre o arrivismo dos socialistas se a conduta e a postura políticas se aproximar de alguns lideres recentes da Europa de que o sarkozismo foi uma expressão. Como estaremos por cá, se Deus quiser, para opinar sobre as propostas de Hollande e de França no contexto da eurozona e da UE.
Sabe, meu caro, o arrivismo político não assenta em partidos. Não é privativo da esquerda, tal como a direita não lhe é imune. Do preconceito e do maniqueísmo é que se faz, muitas vezes, a divisão irracional entre o bem e o mal, divisão primária que dificulta o encontro do bom caminho.
Aliás, toda a ética republicana se sustenta na necessidade de repudiar os arrivistas. Qualquer dia, um qualquer besuntas de Massamá chega a primeiro-ministro, ou coisa parecida. Mas o mais interessante do Hollande é o seu programa de crescimento económico para a Europa (ah, o gastar dinheiro dos outros...) onde se propõe a enterrar 120 mil milhões em programas de energias renováveis e infraestruturas. Uma fórmula de sucesso que tão bons resultados tem dado por cá no combate aos arrivistas!
Meu caro Tonibler, conheço o que o meu Amigo certamente conhecerá, o anúncio desse programa, não conheço o programa. Conhecendo, veremos se corresponde ao peditório para que nós já demos por cá ou a outro modelo de investimento ou de estímulo ao investimento.
Não vejo, de resto, que a aposta em energias renováveis seja, em si mesma, um erro. Não o será, seguramente, em países como Portugal por estafadas razões que Tonibler conhece bem. O que pode estar em causa é a forma como o Estado intervém no processo de criação de riqueza por essa via. Não a própria via.
A própria via, caro JMFA, é (era?) o problema. Temos uma crise inteira sobre o tema, com variantes em todos os tons e moedas. Não há melhor estímulo à economia que deixa-la funcionar.
Se o estado quer investir em renováveis, faça-o no laboratório, onde as experiências são baratas e não mandam ninguém para o desemprego.
Polémica onde e quando ela tem razão de existir, meu caro Tonibler.
Não anotei, nem isso corresponde à minha convicção, que o Estado deve investir em renováveis. Entendo que deve criar as condições para o investimento na diminuição da fatura externa com energia no quadro de uma política energética que garanta, a prazo, uma muito menor dependência de fontes não renováveis. É muito diferente porque corresponde à opinião que pelos vistos temos em comum, isto é, que não há melhor estímulo que deixar que a economia funcione.
"PSF ... dispondo de... maioria absoluta dos assentos"? Parece-me que sim, mas não tenho a certeza, porque, como disse no meu blog O Princípio da Incerteza:
Eleições francesas: Quem tem a maioria absoluta?
As informações são desencontradas e quem não conhece em pormenor a política francesa não sabe quem tem a maioria absoluta. Claro que se sabe que o PS tem a maioria dos votos, e, em consequência, dos assentos no novo parlamento francês saído das eleições de 10 e 17 de Junho. Mas será que essa maioria é absoluta, isto é, permitirá a Hollande e ao seu Primeiro Ministro governarem sem restrições? Aí as informações são contraditórias. Desde ontem que ora se noticia que "o PS e os seus aliados" obtiveram a maioria absoluta, ora se fala só do PS. Quem são esses aliados? São partidos que concorreram independentemente ou houve uma coligação eleitoral (coisa que ninguém noticiou)? Quantos votos e quantos assentos teve o PS isolado e quantos os tais aliados? E a questão mais importante: O PS obteve de facto a maioria absoluta ou só em conjunto com os seus aliados? Espero que o assunto seja devidamente clarificado nas próximas horas.
Meu caro Freire de Andrade, se a informação que recolhi da imprensa da manhã está correta, o PSF sozinho conquistou 300 lugares na Assembleia Nacional mercê do sistema maioritário. Se assim foi, terá mais 11 deputados dos que os necessários para a maioria absoluta (salvo erro, a Assembleia é composta por 555 deputados). O que se tem dito é a folga é ainda maior porque os partidos tradicionalmente aliados do PSF (MRC e PRG) fizeram eleger mais 15 deputados.
Caro Ferreira de Almeida:
Veremos o que Hollande faz. Mas verifiquei que copiou o método F.Miterrand do mais puro socialismo de distribuição, e que lhe permitiu ganhar as eleições. Os dois ou três primeiros anos foram um fartote,e a França declinou como nunca. E Mitterrand teve que mudar a agulha por completo. Mas deixou uma pesada herança para os socialistas, que estiveram 17 anos sem conseguirem eleger um Presidente. Agora, as ideias são as mesmas, mas os tempos são outros. A primavera "hollandaise" não vai durar muito. E tirava-lhe o chapéu, mesmo que para tal tivesse que comprar um, se em matéria europeia conseguisse algo do que prometeu. Que, claro, conviria a Portugal, mas não conviria aos franceses. Veremos se tem força para os convencer. A começar por terem que suportar juros superiores devido aos eurobonds.
Os tempos são outros como diz, meu caro Pinho Cardão, e a margem de manobra é muito pequena.
Mas convinha a Portugal, mas sobretudo à Europa, que entre uma Inglaterra corporativa e uma Alemanha muito pouco disponível a contribuir para o peditório, existisse uma França capaz de reconstituir as ideias mestras de uma união económica que desde sempre aceitou as diferenças e apostou na solidariedade para as atenuar.
Caro JM Frerreira de Almeida,
Ainda a maioria absoluta do PSF:
Desculpe a insistência mas creio que a informação que viu não estaria correcta. Entre muitas informações contraditórias, quer na imprensa e TV portuguesa como na francesa, cheguei à conclusão que o PSF só conseguiu 280 lugares, menos 9 do que necessário para a maioria absoluta. Com os seus aliados (DG e PRG), que fazem parte da chamada maioria parlamentar que apoiou o Hollande, é que perfaz 314, permitindo a tal maioria absoluta.
A necessidade vai ditar as maiorias reais, ou então a maioria formal valerá o mesmo que nada, vamos ver como Holande (que parece o nosso D. Manuel o Venturoso, que era o 7º na linha de sucessão e foi rei) e os socialistas vão gerir este imbróglio europeu. Mas, na 1ªlinha, está a Espanha, que terá que falar mais alto para já ou submeter-se às regras, depois já não sobrará muito para Hollande negociar, e terá ainda a Itália na frente de luta. Entretanto deixou de se falar no Chipre, que ia pedir o bailout... Na Grécia pouco se adiantou, para já, além do resultado muito significativo da extrema esquerda, dificultando ainda mais uma coligação débil e esforçada que pode ser que se venha a fazer com a benção aliviada da Europa, talvez disposta a ajudar depois do susto. QUanto à Primavera Árabe, tão aclamada, segue dentro de momentos, depois do fiasco das eleições no Egipto, que por cá mal passaram na imprensa.
Enviar um comentário