1. O BdeP informou hoje, com a divulgação dos Indicadores de Conjuntura para o mês de Maio, que a actividade económica continua a recuperar, gradualmente, passando o Indicador Coincidente Mensal (um “termómetro” geral da actividade) de um valor de -2,3% em Abril para -2,1% em Maio (-0,8% em Maio de 2011, mínimo de -3,1% em Dez/2011).
2. Por sua vez, o indicador do Consumo Privado tb recuperou, de -5-5% em Abril para -5,1% em Maio (-2,8% em Maio de 2011, mínimo de -6%, em Dez/2011 e Jan/2012).
3. A queda nas vendas de veículos automóveis ligeiros também foi em Maio (-27,5%) bastante inferior à de Abril (-41,7%), depois de ter atingido o ponto mais baixo em Dez/2011 (-60%), o mesmo se passando com as vendas de veículos comerciais, tanto ligeiros (-55,9% em Maio e -63,1% em Abril) como pesados (-31,6% em Maio e -68,8% em Abril).
4. Sendo certo que nos estamos a referir a variações percentuais, em comparação homóloga, ainda bastante negativas, a verdade é que a tendência de evolução passou a ser positiva nos últimos meses, podendo sugerir que os portugueses, continuando embora ainda bastante contraídos nas suas despesas, poderão estar a pensar que “o pior já passou” e a ajustar as suas expectativas em conformidade...
5. Também não é de excluir que os bancos, duma forma geral, depois do enorme aperto do crédito que se verificou em 2011 e no início deste ano, se mostrem agora um pouco mais afoitos, correspondendo ao apelo das múltiplas forças vivas no sentido de porem termo à política de garrote que tinham adoptado...
6. Mas não estará já presente em tudo isto alguma influência do Crescimentismo de influência gaulesa, que, desde há cerca de 2 meses, penetrou em força no espaço opinativo nacional, ainda que por enquanto num plano apenas retórico?
7. E se isto é assim com um Crescimentismo apenas retórico, como irá reagir a actividade económica quando o Crescimentismo se impuser finalmente na prática política? Alguém será capaz de adivinhar?
6 comentários:
Dr. Tavares Moreira
Foi hoje publicada a Síntese da Execução Orçamental de Junho. Como é que conjuga os Indicadores de Conjuntura do BdP com os indicadores da execução orçamental do MF?
Cara Margarida,
As "melhoras" reveladas por estes indicadores de conjuntura ssão ainda muito ténues, não afastanto uma quebra acentuada da actividade; por outro lado, os valores da recita fiscal reflectem ainda o ponto mais baixo da actividade, há apenas 3/4 meses não esqueçamos.
Caso o abrandamento do ritmo de quebra da actividade continue, é possível que a receita fiscal venha a ter um comportamento menos negativo, mas isso só lá para bem dentro do 2º semestre.
Esta é a minha percepção, não mais do que isso, vale o que vale...
Caro Tavares Moreira, como não sou economista, o que me parece ´q eu as pessoas habituam-se a tudo, até à desgraça, e a vida tem que continuar depois de uma retração brutal resultante das perspetivas terríveis que tivemos. Talvez esses indicadores mostrem um pouco mais de confiança, oxalá que com fundamento. Mas não percebo é como é que a atitude dos bancos depende de "apelos", pensei que não emprestavam porque não tinham liquidez, se depende de apelos quer dizer que as pessoas estão a voltar à confiança mais depressa do que os bancos, que continuam na retranca, será isso?
A execução orçamental refere-se ao estado, os indicadores ao país. Nunca ninguém teve dúvidas de que o país era muito melhor que o estado...
Cara Suzana,
Subscrevo a sua apreciação desta mudança ligeira de comportamento dos portugueses em relação aos seus planos de despesa: depois do choque e da retracção que provocou, vem um certo alívio,talvez fundado na expectativa de que tenha sido um choque "one-off", de que não haja repetição...
Quanto aos bancos, eu usei uma expressão forçada, não creio que tenham sido os apelos das forças vivas - os bancos (talvez com uma excepção) não costumam comover-se muito com isso, de facto - mas duas circunstâncias relevantes ocorridas já este ano (e no final de 2011): (i) a enorme injecção de liquidez barata pelo BCE, no final de Dezembro e de Fevereiro e (ii) a passagem do objectivo de desalavancagem dos balanços de imperativo a indicativo.
Exacto Tonibler, e não nos esqueçamos que foi o Estado quem arrastou o País para os piores vícios e a desgraça colectiva...o Estado no seu melhor/pior, como o grupo Armani, da época pinoquial, em grande evidência...
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