Embevecido e em atitude de respeitosa e emocionada veneração, o povo vem-se prostrando perante os seus ídolos, glorificando os seus feitos, agradecendo-lhes as vitórias
sobre o inimigo em terras da Polónia e da Ucrânia, sacrificando tempo e
dinheiro e família e amigos para continuamente os adorar.
Absorto, o povo vem ouvindo religiosamente as suas palavras, vem-se emocionando
com os seus gestos, ergue as mãos em seu louvor, absorve com fervor cada
palavra saída da sua boca. Sente como próprias as suas angústias e mágoas e,
dia e noite, vai-os enchendo de preces e louvores.
Mas terá havido algum povo infiel que não demonstrou a devida e justa veneração que os ídolos merecem e devem ter. Como sempre, os ídolos resolveram castigar o pecado, punindo todo o seu povo, fiéis
e infiéis, justos e pecadores. Recusaram-se a falar, sequer a
acenar, até aos fiéis mais fieis, e mesmo que reunidos em oração.
Logo estes levantaram mais altas as preces e os pedidos de perdão. E
os louvores passaram a ser cantados com mais força e ardor. Em gesto de suprema
misericórdia, os ídolos suspenderam o castigo. Mas ficou o aviso.
Porque tudo pode ser criticado. Menos os ídolos. Porque são os deuses
modernos. Com todos os hábitos dos antigos.
3 comentários:
Caro Pinho Cradão,
Neste específico tema desportivo,tenho reparado que o ridículo está em permanente competição com a imbecilidade...não sei quem vai ganhar, nem me interessa, pois são faces do mesmo estado de indigência psico-social!
Eles, os ídolos, nem têm culpa na minha opinião, são jovens deslumbrados com o sucesso...a culpa é manifestamente de quem desatinadamente os idolatra.
O último reduto do nosso imaginário sebastiânico...
E quem está distraído ou indiferente é criticado por não adorar estes meninos ídolos . Concordo em absoluto com as suas palavras.
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