1. O "show" helénico prossegue, agora em risco de ficar sem rede, enquanto se aproxima alegremente do abismo, depois de as negociações no âmbito do Eurogrupo terem resultado em coisa nenhuma...
2...o que significa que os demais países do Euro não estão disponíveis para aceitar os planos quase misteriosos do governo grego para resolver a profunda crise em que o País se acha mergulhado e se agrava dia a dia...
3...planos que, para além de uma componente de mistério, em que pelos vistos ninguém quer confiar, é razoavelmente equivalente à entrega de um "cheque em branco": (i) suspensão do actual Programa de Assistência, (ii) despedimento da Troika, (iii) concessão de um "bridge loan" para cobrir as necessidades dos tempos mais próximos e (iv) concessão de meia dúzia de meses para que o governo grego prepare, com tranquilidade um novo Programa (mistério) que contemple as suas promessas eleitorais...tendo em vista a sua aceitação pelos credores, mesmo que com ele não concordem...
4. Ao mesmo tempo, têm-se multiplicado no mercado da informação indígena as mais coloridas tomadas de posição em favor da luta dos gregos contra a opressão dos seus credores e, em especial, dos demais países da zona Euro, glorificando a heroica resistência grega e diabolizando a falta de solidariedade dos restantes membros da zona, acusados de não saber entender as legítimas reivindicações do governo grego.
5. Em suma, o que se tem ouvido e lido por estes dias conduz-nos à admirável conclusão de que a solução ideal, numa zona monetária como a do Euro, seria cada qual fazer o que muito bem entenda - quem quer ser fiscalmente disciplinado que seja, quem quiser ser indisciplinado poderá também estar à sua vontade - o que importa é sermos todos solidários uns com os outros, sempre disponíveis para pagar as facturas dos que, com toda a "legitimidade", não estiverem disponíveis para aceitar as regras da disciplina financeira!...
6. Que grande zona monetária seria esta!
7. Este "papa-açordismo" nacional tem-me feito pensar nas muitas centenas, milhares quiçá, de empresas privadas portuguesas, que nestes últimos 4 anos realizaram esforços gigantescos para sobreviver às dramáticas consequências da crise financeira, suportando sacrifícios de toda a ordem - reduções de efectivos, reduções de salários, extinção dos mais variados benefícios - aventurando-se em novos mercados e conseguindo, com muito custo, cumprir as suas obrigações perante os seus credores financeiros e não financeiros...
8...sem que tenha surgido qualquer movimento de opinião doméstico - muito menos do famoso Pelotão da Inadimplência - para defender os direitos destas empresas a uma vida melhor, em especial sustentando o direito de não reembolsar as suas dívidas e de solicitarem o apoio do Estado para poderem continuar a pagar os salários!
9. Confesso que entre este "papa-açordismo" das correntes de opinião tristemente dominantes entre nós e a irreverência inconsequente do governo grego se torna difícil escolher - qual deles o mais admirável?
20 comentários:
O mito da austeridade grega
Desde a vitória do partido anti-austeridade Syriza nas eleições da Grécia que o “problema grego” está a preocupar, novamente, os mercados e os responsáveis políticos em toda a Europa. Alguns temem o regresso da incerteza que se viveu em 2012, quando muitos pensavam que estariam iminentes um ‘default’ da Grécia e a saída da Zona Euro.
Naquela altura, como agora, muitos temiam que a crise da dívida grega pudesse desestabilizar – e até mesmo derrubar – a união monetária da Europa. Mas desta vez é realmente diferente.
Uma diferença fundamental reside nos fundamentos económicos. Ao longo dos últimos dois anos, outros países periféricos da Zona Euro têm provado a sua capacidade de ajustamento, ao reduzirem os seus défices orçamentais, aumentarem as exportações e registarem excedentes em conta corrente, negando, assim, a necessidade de financiamento. Na verdade, a Grécia é o único país que tem constantemente arrastado os pés sobre as reformas e registado um péssimo desempenho ao nível das exportações.
Fornecer uma blindagem adicional aos países periféricos é o plano do Banco Central Europeu para começar a comprar títulos soberanos. Embora o governo alemão não apoie oficialmente a flexibilização quantitativa, deveria estar grato ao BCE por acalmar os mercados financeiros. Agora, a Alemanha pode assumir uma posição intransigente perante as intenções do novo governo – perdão de dívida e fim da austeridade – sem temer o tipo de turbulência nos mercados financeiros que, em 2012, deixou a Zona Euro, com poucas alternativas a não ser socorrer a Grécia.
Na verdade, as exigências do governo grego baseiam-se num mal-entendido. Para começar, o Syriza e outros argumentam que a dívida pública da Grécia, de 170% do PIB, é insustentável e deve ser cortado. Dado que a dívida oficial do país constitui a maior parte da sua dívida pública global, o governo quer vê-la reduzida.
Contudo, os credores oficiais da Grécia concederam-lhe períodos de carência bastante longos e taxas de juros bastante baixas, pelo que o encargo é suportável. A Grécia gasta menos com o serviço da dívida do que a Itália ou a Irlanda, sendo que ambos os países têm rácios (brutos) da dívida em relação ao PIB muito mais baixos. Com os pagamentos da dívida externa da Grécia a representar apenas 1,5% do PIB, o serviço da dívida não é o problema do país.
O custo relativamente baixo do serviço da dívida também anula as justificações do Syriza para apelar ao fim da austeridade. O último programa de resgate da “troika” (Fundo Monetário Internacional, BCE e Comissão Europeia), iniciado em 2010, prevê um excedente primário (que exclui o pagamento de juros) de 4% do PIB este ano. Isso seria um pouco mais do que o necessário para cobrir os pagamentos de juros, o que permitiria à Grécia começar finalmente a reduzir a sua dívida.
O argumento do novo governo grego de que esta é uma meta excessiva não convence. Afinal de contas, quando confrontados com níveis excessivos de dívida, outros países europeus – incluindo a Bélgica (de 1995), a Irlanda (de 1991) e a Noruega (de 1999) – mantiveram excedentes semelhantes durante pelo menos dez anos, tipicamente na sequência de uma crise financeira.
É razoável argumentar que a austeridade na Zona Euro tem sido excessiva, e que os défices orçamentais deviam ter sido muito maiores para sustentar a procura. Mas só os governos que têm acesso ao financiamento do mercado podem usar uma política orçamental expansionista para impulsionar a procura. Para a Grécia, mais despesa teria de ser financiada por empréstimos de uma ou mais instituições oficiais.
Pela mesma razão, é falso afirmar que a troika obrigou a Grécia a uma austeridade excessiva. Se a Grécia não tivesse recebido apoio financeiro em 2010, teria de reduzir o seu défice orçamental de mais de 10% do PIB para zero imediatamente. Ao financiar défices continuados até 2013, a troika permitiu à Grécia atrasar austeridade.
É claro que a Grécia não é o primeiro país a pedir financiamento de emergência para adiar cortes orçamentais, e depois queixar-se que os cortes são excessivos, quando o pior já passou. Isso normalmente acontece quando o governo tem um excedente primário. Quando o governo pode financiar os seus gastos correntes por meio de impostos – e até aumentar a despesa, se não tiver de pagar juros – a tentação de renegar a dívida intensifica.
Foi amplamente antecipado que a Grécia seria tentada a seguir este caminho, quando foi iniciado o programa troika. No ano passado, o novo ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, confirmou a previsão, argumentando que um excedente primário daria vantagem à Grécia em quaisquer negociações sobre reestruturação da dívida, porque o país poderia simplesmente suspender o reembolso à troika, sem incorrer em problemas de financiamento.
Essa abordagem seria um erro. O problema prático da Grécia neste momento não é a sustentabilidade de uma dívida que vence em 20-30 anos e que tem taxas de juros muito baixas; a verdadeira questão são os poucos pagamentos ao FMI e ao BCE que vencem este ano – os pagamentos que o novo governo prometeu fazer.
Mas, para cumprir esta promessa (e contratar mais funcionários), a Grécia vai precisar de mais apoio financeiro dos seus parceiros da Zona Euro. Além disso, o sistema financeiro do país vai precisar de apoio contínuo por parte do BCE.
Por outras palavras, o novo governo da Grécia deve agora tentar convencer os seus parceiros europeus que merece mais apoio financeiro, ao mesmo tempo que faz pressão no sentido de reduzir a dívida existente e resistir às políticas de austeridade a que os empréstimos anteriores foram condicionados. Para o Syriza e os seus eleitores, a lua-de-mel política poderá ser curta.
Daniel Gros é director do Centro de Estudos Políticos Europeus.
https://campelodemagalhaes.wordpress.com/2015/02/17/o-mito-da-austeridade-grega-por-daniel-gros/
Uma excelente análise de José Manuel Fernandes, mas que devido à sua extensão, indico apenas o link:
http://observador.pt/opiniao/estou-farto-choradinho-dos-desgracadinhos-dos-gregos/
Basta então copiar o link para se ter acesso a essa análise.
Caro Tavares Moreira,
Não acredito que exista uma corrente de papa-açordas. Na realidade é a mesma trupe do antigo regime sem, surpreendentemente, Cavaco Silva.
Gosto particularmente do ponto em que não se respeita o direito dos gregos a votar em quem querem porque aparentemente os outros todos só têm governo ilegítimos, a começar pelo português, que até levou os pseudo-cientistas de Lisboa reclamarem que Tsipras é afinal o verdadeiro representante do povo português. Não é que não há eleições em que não se esqueçam de perguntar ao homem quem ganha? Que maçada, é sempre o mesmo erro...
Agora, papa-açordismo vende papel de jornal. Numa altura em que os jornais só vendem opinião, a maioria que compra quer corroborar a opinião que já tem antes. E esquerda vende mais que direita porque o burro é que procura alguma coisa que o convença que estava certo antes. Acho que se fosse dono de um jornal contratava logo o aquele imbecil do Expresso que diz que deviam ser todos como o Batista da Silva.
Por isso, jornais debitam papa-açordismo como se não houvesse amanhã. O Expresso noticia a vitória da Grécia todas as tardes e nega-a à noite. Daí a haver uma corrente... Há um aproveitamento comercial de alguma pessoas colectivas e outras individuais com interesses no audio-visual.
“Quando jovem, eu era um europeísta muito lutador. Com o tempo, fui-me dando conta de que a coisa se tornou Comunidade Financeira Europeia Corporation. A palavra “união” é um eufemismo bancário. Temo que esta Europa que construímos seja “o IV Reich, um Reich financeiro, mas o IV Reich”.
Si bien las reuniones de la semana pasada entre la UE y el gobierno griego habían generado un poco de optimismo, la reunión de ayer cerró todas la puertas y dio cuenta de la inevitable fractura de Europa. Alemania no está dispuesta a ceder ni un ápice, pese a que las políticas que ha implantado para toda Europa en los últimos siete años han sido un rotundo fracaso y están condenando a Europa a una tercera recesión. Este malestar económico ya comienzan a sufrirlo los propios alemanes (de ahí que Angela Merkel sufriera el pasado domingo su mayor derrota política en Hamburgo). Esto ha llevado al gobierno alemán a desconocer las elecciones democráticas, tal como ayer lo planteó Wolfgang Schauble, el ministro de finanzas de Alemania: "Yanis Varoufakis es un pésimo ministro para Grecia". Olvida Schauble que el gobierno de Tsipras fue elegido por amplia mayoria y que los planes de Varoufakis tienen un respaldo del 79 por ciento de la población.
Con sus palabras, Schauble sigue demostrando la ceguera de la troika frente a la crisis, que en siete años no ha hecho nada más que enriquecer a los banqueros y sus dueños. Esta es una de las múltiples variantes europeas que alientan los espiritus antidemocráticos de Europa. Schauble ya había declarado que para él las elecciones griegas era como si no existieran. Y ayer reafirmó que la actitud del gobierno griego es irresponsable, seguramente por aplicar consistentemente su mandato electoral y no obedecer los dictados de la Troika. El miedo de Schauble es muy claro: si se acepta la petición de Grecia, Portugal e Italia seguirán el ejemplo y eso pondría en serios apuros a Alemania y todo el proyecto-negocio de la moneda única. (ElSámon)
A Europa está-se afundando no Mediterrâneo.
E começa pelas diversas Ilhas.
As Gregas e Lampedusa.
Cada um que aprenda a nadar.
Os gregos não sabem nadar e nós tão pouco.
A Europa está-se afundando no Mediterrâneo.
E começa pelas diversas Ilhas.
As Gregas e Lampedusa.
Cada um que aprenda a nadar.
Os gregos não sabem nadar e nós tão pouco.
Caro Pedro de Almeida,
As citações que nos traz e que caracterizam com rigor a (in)equação financeira da Grécia, permitem mais facilmente verificar quanto este "papa-açordismo" indígena se encontra a uma distância cósmica da realidade...
Mas a verdade é que esta gente gosta, adora mesmo, de se alimentar de ilusões (e de empréstimos) pelo que qualquer aproximação da realidade deve ser imediatamente rejeitada!
Caro Pires da Cruz,
O que me parece óbvio é que a zona Euro carece de uma grande reforma e Tsipras e Varoufakis serão, certamente, as pessoas melhor posicionadas para a configurar promover...
Essa reforma deveria começar por uma declaração geral de inadimplência ou se, quiser, por uma moratória democrática geral - só paga quem quiser, deixa de haver vencimento fixo de obrigações financeiras.
Através de uma emenda ao Tratado da UE, todas as dívidas dos Estados membros da Zona seriam transformadas em obrigações naturais - podendo ser remidas pelos devedores, caso o pretendam fazer, mas ficando vedado aos credores exigir o seu reembolso.
Teríamos assim todas as condições para um período de progresso nunca visto na Europa, que ao actuais e estúpidos dirigentes europeus - a começar na famigerada Snra. Merkel - se revelam incapazes de entender e, consequentemente, de promover
Caro septuagenário,
Um bom aviso, sim senhor...
Caro Dr. Tavares Moreira, veja o recuo que agora fizeram:
Atenas deixa cair subida do salário mínimo e haircut da dívida
Nem subida faseada do salário mínimo, nem cortes diretos no valor do capital em dívida aos credores (para quem tivesse dúvidas).
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=4407149&seccao=Dinheiro%20Vivo
Caro Pedro de Almeida,
Estará a acontecer nesta altura, na Grécia, o que logicamente se poderia esperar face a uma tão amadorística demonstração de (in) capacidade governativa, em momento tão difícil: os bancos não aguentam a fuga dos depósitos.
Face a um cenário, cada vez mais previsível, se saída do Euro, os gregos procuram, naturalmente, por os seus Euros a salvo antes que seja tarde.
Nesta perspectiva, declarações recentes de mestre Varoufakis, admitindo publicamente que a Grécia está à beira da falência, constituem uma aterradora demonstração de irresponsabilidade, tornando evidente que a sua escolha para esta função, em momento tão ingrato, foi um erro que os gregos vão pagar muito caro.
Creio que nesta altura a Grécia já não pode evitar a imposição de limites aos levantamentos bancários e deverá faze-lo com toda a brevidade, mesmo.
Se amanhã (ou hoje, mesmo) o BCE não aumentar o limite da facilidade chamada ELA para os bancos gregos, actualmente fixada em € 65 mil milhões, o sistema bancário grego, sem limites aos levantamentos, entrará muito rapidamente em colapso.
Acontece, todavia, que o limite de € 65 mil milhões é já considerado excessivo, face à posição do Banco Central da Grécia no Eurosistema.
Não sei assim o que as próximas horas nos reservam...tudo é possível, até um recuo total das posições assumidas pelo governo grego.
Será que os acérrimos defensores da austeridade sem fim que andam por aqui estarão entre aqueles que agora o Correio da Manhã veio a descobrir que “Mesmo com o corte salarial no Estado, o ganho médio mensal dos políticos atingiu 6483 euros , mais 20,7% do que em Outubro de 2011”?
E ninguém responde ao Carlos Sério?
O falhanço do Siriza representará o falhanço dos programas dos papa-açordas nacionais. Daí, todo este desespero.
Caro Tiro ao Alvo,
Não tenho informações suficientes a respeito da notícia em questão desse jornal. Mas a ser como diz o jornal, então a nossa esquerda parlamentar anti-austeridade está tão caladinha a respeito do assunto? Não deixa de ser irónico...Mas enfim, a ser verdade essa notícia, é criticável e inaceitável esse ganho médio mensal dos políticos. Dito isto, como diz o bom povo, não é por aí que o gato vai às filhoses.
Caro Nuno,
E esse falhanço, como lhe chama, está já à vista, pois o resultado só pode ser um de dois: ou o governo grega recua em toda a linha nas suas proclamações demagógicas, dando o dito por não dito, ou a Grécia vai mesmo a pique e os gregos irão sofrer uma horrível desilusão.
E esta alternativa já não será válida por muito tempo...
Com se percebe, para resolver o complexíssimo problema económico e financeiro da Grécia não basta ser demagogo, são necessários mais alguns requisitos.
Caros Pedro de Almeida e Tiro ao Alvo,
Creio que terão percebido que essa questão está completamente fora deste tema...por alguma razão foi para aqui trazida.
O mais interessante numa matéria dessas seria importante enumerar, um a um, os beneficiários de tal regime salarial.
E, ao mesmo tempo questionar a razão pela qual esse regime, a confirmar-se, não foi inviabilizado pelo TC que, neste caso, teria pesados argumentos para o fazer: violação dos princípios da equidade, da proporcionalidade, pelo menos...
Mas, como disse, interrogo-me sobre as razões da repescagem deste assunto, numa discussão sobre matéria totalmente diversa.
Admito que o nosso amigo Pires da Cruz tenha explicação para este enigma...
Tenho.
Muito bem, caro Pires da Cruz, se necessário for pedir-lhe-ei para explanar a ideia - se estiver disponível para tal, claro.
Caro Tavares Moreira,
Depois de dezenas de criações legais e princípios constitucionais, não sendo jurista, arriscaria dizer que o constitucionalismo português do sec XXI deve ter sido mais produtivo em termos de novos conceitos que as Epistemologias do Sul e com igual eficácia ao nível do rigor. Algumas pessoas mais ortodoxas veriam o principio da igualdade perante a lei e o estado como algo que teria subjacente que ninguém poder ser beneficiado ou prejudicado face a outros perante o estado. Mas não a corrente do constitucionalismo Joaquino- Cavaquista em que tal só se aplica na primeira derivada isto é, ninguém pode variar mais positiva ou negativamente na lei perante o estado. Algumas mentes mais tacanhas poderão alegar "mas então, os impostos também não respeitam o princípio da igualdade porque têm escalões". Burros ortodoxos e merecedores da mais profunda censura. Nos impostos vale o princípio de emergência nacional, se calhar achavam que o estado é um bem sem custos...
Depois temos o princípio da protecção da confiança do cidadão no estado, que por vincada ortodoxia há quem ache que isso serve para dizer "o que deus decidiu, os anjos não contrariem". Mais uma vez, profunda iliteracia de um povo que não conhece o seu lugar. Nas correntes mais modernas do constitucionalismo isto significa "funcionário público é eterno".
Porque isto, no fundo, não é para todos. Ser um alto funcionário do estado ou ocupando um cargo político é muito duro. Está bem que acaba com mais 20% do salário que tinha quando meio milhão de pessoas ficou sem 100%. Mas quem esteve a ali a ouvir esses choramingões?
Caro Pires da Cruz,
Face a tão elaborada tese - que (considere sem ofensa) no CES dava garantia de cátedra sem necessidade de discussão - sou forçado a concluir que ter suscitado a questão "sub judice" é revelador, pelo menos, da uma profunda desatenção relativamente ao experimentalismo constitucionalista deste século.
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