O país (a Grécia) sabe que sair do euro - a curto prazo pelo menos - seria catastrófico; mas o sofrimento de manter as restrições é insuportável. No entanto, as reformas estruturais desejadas pelo resto da Europa são realmente necessárias.
É por isso que o problema do governo grego não é simplesmente o reembolso da dívida; é a oposição às reformas.
Tony Blair, no DN de ontem
9 comentários:
Falamos de reformas, falamos de austeridade. A questão fundamental reside em saber qual a finalidade das reformas, qual a finalidade da austeridade.
Austeridade e reformas para melhorar os cuidados de Saúde aos cidadãos, melhorar a Educação, melhorar a Protecção Social e o bem-estar da população ou ao contrário, reformas e austeridade para piorar estas funções sociais dos Estados democráticos.
Para aqueles que defendem a austeridade será necessário perguntar-lhes o que querem fazer ao dinheiro que retiram ao estado social. Dizer que “estamos a viver acima das nossas possibilidades” não cola pela simples razão de que até à crise internacional dos Bancos em 2008, a nossa Dívida Pública mantinha-se com pequenas oscilações na ordem dos 60 e tal por cento; inferior até à dívida alemã. Só a parir de 2008 é que ela deu um salto fantástico encontrando-se hoje na ordem dos 130%, sem contar já com as principais dívidas das EPE (ao contrário do que tem propagandeado o governo e os seus fiéis seguidores). Na verdade, com as novas regras de contabilização europeia a serem adoptadas em Setembro que impõem a inclusão na dívida pública das dívidas da Parpública, Parvalorem, e outras, EPE, o montante da nossa dívida saltará para cerca de 242.000 milhões de euros, ou seja 147% do PIB.
Mas se retiram dinheiro às funções sociais do estado, estão a alterar a distribuição da riqueza nacional produzida. Se retiram de um lado irão forçosamente colocar esse dinheiro em outras mãos. Será de indagar então aos amantes da austeridade que entidade ou que grupo de pessoas, que grupo social, ou usando uma linguagem fora de moda que classe social querem favorecer.
Aqui reside na verdade a finalidade da austeridade - uma transferência de rendimentos dos mais pobres para os mais ricos.
Ah, o homem que soube distinguir entre ser socialista e preocupar-se com a sociedade...
O Governo grego no bom caminho...
JUNCKER: "ESTAMOS LONGE DE UM ACORDO" COM A GRÉCIA
O presidente da Comissão Europeia defende que medidas recusadas pelo governo grego devem ser substituídas por outras de igual valor orçamental.
"Estamos longe de um acordo, estamos longe daquilo a que poderia chamar um compromisso político", afirmou Juncker à televisão France 24, citado pela Bloomberg. O presidente da Comissão Europeia acrescentou que, agora, estão a ser tratadas as divergências entre "a opinião do Eurogrupo e os planos do governo grego".
Para Juncker, o governo de Alexis Tsipras devia pedir a extensão do programa. "Tendo em conta a necessidade que têm de revisitar um certo número de elementos desse programa, penso que o acordo podia ser feito em torno de uma ideia de senso comum, o que significa que aquelas medidas que o Governo grego quer cortar têm de ser substituídas por outras medidas que levem ao mesmo valor orçamental que o governo grego gostaria de cortar", argumentou.
O futuro da Grécia voltará a ser discutido na próxima segunda-feira, em reunião do Eurogrupo.
http://economico.sapo.pt/noticias/juncker-estamos-longe-de-um-acordo-com-a-grecia_212053.html
A esquerda não se preocupa com contas equilibradas. Para ela, que se gaste sem destino e quem vier atrás que feche a porta! Em Portugal, foi o que se viu! Construção de mais e mais auto-estradas sem real necessidade! Contratos no que se refere às PPP cujos valores tiveram de ser renegociados pelo atual Governo. E muitíssimos mais exemplos poderiam ser citados! Teve de se pedir a intervenção da troika porque os juros exigidos pelo mercado já eram incomportáveis! O país pagava juros altíssimos. Mas se a situação tivesse sido outra, não se pagaria juros altíssimos e, então, a diferença já não ia para pagamento de juros, mas sim para outras coisas. Um país só pode ter crescimento com contas equilibradas, com viabilidade e competitividade empresarial e com desendividamento das famílias. Ora, a economia do país estava assente em bases erradas. Fomentava-se o consumo interno, mas não se estimulando digamos assim o tecido empresarial português, não se apoiando devidamente as PME, não se apoiando devidamente as exportações. O país foi-se endividando. As famílias foram-se endividando. Por isso se refere o endividamento para que se caminhou. O défice era altíssimo. A dívida pública estava em crescendo e só não foi maior devido à chamada dívida escondida! Lembro-me de ter lido um relatório do Tribunal de Contas em que se apontava uma dívida de três mil milhões ao nível da saúde! Começou a não se pagar aos fornecedores dos hospitais! Seria viável um caminho desses? Óbvio que não! Pense-se, por exemplo, no nível de endividamento a que chegaram as empresas públicas de transporte! Qual é a "solução" da esquerda? Ferrar o calote!
Evolução da dívida pública portuguesa entre 1850 e 2010:
http://oinsurgente.org/2011/01/09/evolucao-da-divida-publica-portuguesa-1850-2010/
Quanto ao endividamento das famílias (Notícia de 22/05/2013):
Dívida das famílias portuguesas baixou quase 2 mil milhões de euros no primeiro trimestre do ano, atingindo 100,4% do PIB. Desde o final de 2011 o endividamento já desceu mais de 9 mil milhões de euros.
O endividamento das famílias portuguesas baixou durante o primeiro trimestre, quer em termos nominais, quer em percentagem do PIB, apesar da descida deste último indicador no mesmo período.
De acordo com os dados do Boletim Estatístico publicados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, a dívida das famílias portuguesas baixou 3,9% para 164,36 mil milhões de euros em Março, o que equivale a 100,4% do PIB.
Estes valores comparam de forma favorável com o registado no final de 2012, já que em Dezembro a dívida era de 166,17 mil milhões de euros, ou 100,5% do PIB.
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/endividamento_das_familias_portuguesas_baixa_mais_de_9_mil_milhoes_desde_2011.html
Como diz André Abrantes Amaral no Diário Económico:
É com orçamentos equilibrados e não deficitários que se descem os impostos; que há estabilidade e justiça fiscal que cativa o investimento estrangeiro que interessa e não o dos que compram a saldo; se poupa e junta capital, ao invés de se incrementar o consumo como base de um crescimento que mais não é que uma bolha especulativa, porque não real.
É com orçamentos não deficitários, e com poupança, que se tira partido de uma moeda forte como o euro.
A dívida das famílias foi de 71,7% do PIB em 2013, quando no final de 2011 representava 71,9%.
Mais de 60% das famílias não têm dívidas aos bancos. Das restantes, 25% tem dívidas constituídas apenas por hipotecas sobre suas casas. Cerca de 70% da dívida total das famílias está relacionada com este crédito à habitação.
Por sua vez, em 2013, a dívida das empresas privadas situava-se nos 185,3% do PIB, aproximadamente nos 306,97 mil milhões de Euros.
https://www.bportugal.pt/pt-PT/EstudosEconomicos/Publicacoes/ISFFamilias/Publicacoes/isff_2010_p.pdf
Senhor Pedro Almeida:
«Construção de mais e mais autoestradas sem real necessidade! Contratos no que se refere às PPP cujos valores tiveram de ser renegociados pelo atual Governo. E muitíssimos mais exemplos poderiam ser citados!»
Um pormenor: quem melhor do que algumas pessoas do actual governo para renegociarem o que antes, em nome da banca, haviam negociado?
Voltando ao assunto: Nos muitíssimos mais exemplos que refere estão as transferências de recursos dos países mais pobres para os mais ricos, devido à arquitectura do euro, como Vítor Bento explicou recentemente?
Ou é só a conversa da treta dos caloteiros do Sul? Por muitos erros que tenham cometido, e cometeram?
P. S. Porque será que a partir da crise de 2007 a dívida cresceu exponencialmente? Por simpatia?
Outra coisa que não percebo: se os responsáveis políticos dos governos anteriores foram acusados de engenharias financeiras em que assumiam compromissos para obras no presente que nos hipotecavam o futuro, é essa a filosofia das PPP, como é que isso conseguiu o milagre de ter efeitos no presente e no futuro?
Às vezes a bota não dá com a perdigota nos argumentos político-ideológicos de luta estéril entre as pessoas.
Parece que não pertencem todos ao mesmo país e que alguém ganhará com estas guerras estúpidas de agressão mútua de puro passa-culpas.
Se as coisas fossem assim tão simples estaríamos todos bem.
Se os problemas não tivessem dimensão planetária, com efeitos mais gravosos sobre uns do que sobre outros, bastava pormos as contas em dia.
Só falta dizer que a razão de os países desenvolvidos, produtivos, bem organizados, responsáveis nas contas públicas estão a crescer anemicamente por causa dos pobretanas do Sul, quando se está a dar uma transferência escandalosa de riqueza das mais variadas forma: recursos humanos pagos nos do Sul para servir a produção do Norte, por emigração; financiamento das dívidas do Norte a taxas negativas: por depósitos refúgio).
Há mais verdades do que as baratas que alguns nos querem vender.
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