"Não critico os altos funcionários, mas não se coloca um alto funcionário perante um primeiro-ministro ou um ministro das Finanças de um país, não é esse o seu nível. Há que colocar um comissário ou um ministro que tenha a autoridade do Eurogrupo", foi uma das afirmações surpreendentes do atual presidente da Comissão. Para mim, afirmação bem mais surpreendente do que a mea culpa do antigo responsável pelo Eurogrupo quando disse que a UE e os restantes membros da troica pecaram contra a dignidade dos povos dos Estados sob assistência, em especial Portugal e Grécia.
Aqui no 4R me manifestei em posts e comentários surpreendido pela indiferença perante a supremacia dos funcionários daquelas instituições, bem traduzida quer no discurso por vezes antagónico em relação às declarações públicas dos responsáveis máximos (o caso das sucessivas desautorizações da senhora Lagarde pelos funcionários do FMI é o exemplo mais chocante). Mas também pelo tratamento que era dispensado aos técnicos do BCE, da UE e do FMI, não só pelos media mas sobretudo pelas autoridades, patenteando uma subserviência que incomodava espíritos mais sensíveis - como pelos vistos é o meu.
Reconhece-se agora que não se coloca um funcionário perante um PM ou um ministro. Tem obviamente razão Jean-Claude Juncker. Disso deveriam, eventualmente, ter consciência os PM e ministros que se submeteram a uma autoridade que agora se entende "ilegítima".
É certo que para confessar um pecado é logicamente necessário tê-lo cometido. Dir-me-ão que importante é, agora, perceber qual a penitência redentora, se passaremos a ver comissários e responsáveis dos órgãos das instituições, e não (somente) funcionários, nas reuniões de alto nível com os governos e parlamentos nacionais. E eu estou de acordo, Mas deixem-me desabafar: esta confissão não deixa de ser o reconhecimento tardio, muito tardio, da cegueira que começou em 2008 com a ordem para gastar à tripa forra, e acabou - esperemos... - com a assunção do pecado de lesa dignidade dos povos que são a própria Europa.
5 comentários:
Caro Ferreira de Almeida, a confissão de Juncker é muito interessante... e fácil de fazer a posteriori. Voltemos uns anos atrás a 2010, 2011, 2012. Os eventos sucediam-se muito rapidamente e com efeitos violentos e rápidos também. Havia um risco real de derrocada da zona Euro. Era necessário decidir e agir sob pressão e em poucos momentos. Será possivel, neste contexto e com estas exigencias, quem decide perder-se com rodriguinhos de sensibilidades políticas e pessoais?
Parece-me que se nessa altura se tivesse perdido tempo a ver quem falava com quem, a definir hierarquias rígidas para o fluxo de contactos, a discutir o que era legítimo e democrático e o que não era, em suma, enquanto se discutiam questões laterais e de importância secundária em relação ao objectivo principal, a eurozona tinha caído.
Não estou de acordo, meu caro Zuricher, embora entenda a sua perspetiva.
Em momentos de crise, ao invés, a participação nas frentes políticas de pessoas legitimadas politicamente e não só de técnicos com suposto mandato é condição de aceitabilidade pública de medidas e condicionalidades.
Nada impedia que, nos momentos decisivos da negociação e avaliação dos programas, fossem os mais altos responsáveis da entidades envolvidas a dialogar politicamente e a aparecer como responsáveis solidários.
Por que bulas na assinatura dos Memorados de Entendimento - a que alguns dão valor e alcance de instrumentos de regulamentação internacional - não puderam estar presentes os responsáveis políticos das instituições envolvidas, sendo certo que eles importavam a alienação de quotas de soberania dos Estados?
E também discordo do meu Amigo quando diz que agora é fácil fazer o mea culpa. Não o creio, sobretudo sendo esta confissão feita por quem a fez, que não pode dizer que a sua responsabilidade pelo passado é difusa. Foi pelo menos necessário uma dose de coragem para entender que é preferivel esta tentativa de expiação pública, do que, não a fazendo, continuar a aristocracia europeia a minar as bases da legitimidade decisória na Europa, acentuando o deficite democrático da UE.
Not Yet Day
I Went Into An Ale House Last Night
And I Asked For Credit From The Ale Woman
She Said "Not A Drop Will You Get
Hit The Road And Go Home"
I Came By A House Last Night
And Told The Woman "I Am Staying"
I Said To Her "The Moon Is Bright
And My Fiddles Tuned For Playing"
Tell Me That The Night Is Long
Tell Me That The Moon Is Glowing
Fill My Glass I'll Sing A Song
And Will Start The Music Flowing
Never Mind The Rising Light
There's No Sign Of Day Or Dawning
In My Heart It's Still The Night
And We'll Stay Until The Morning
It Is Not Day No Love
It Is Not Day And It Won't Be Till Morning
It's Not Day And It Won't Be Yet
The Highlight Is In The Moon
It's Not Day Nor Yet A While
I Can See The Starlight Shining
It's Not Day And It Won't Be Yet
The Highlight Is In The Moon
Fill The Glasses One More Time
And Never Heed The Empty Bottle
Turn The Water Into Wine
And Turn The Party Up Full Throttle
Don't Go Out Into The Cold
Where The Wind And Rain Are Blowing
For The Fire Is Flaming Gold
And In Here The Musics Flowing
It Is Not Day No Love
It Is Not Day And It Won't Be Till Morning
It's Not Day And It Won't Be Yet
The Highlight Is In The Moon
Tell Me That The Night Is Long
Tell Me That The Moon Is Gleaming
Fill My Glass I'll Sing A Song
And Will Keep The Music Streaming
Until All The Songs Are Sung
It Is Not Day No Love
It Is Not Day And It Won't Be Till Morning
It's Not Day And It Won't Be Yet
The Highlight Is In The Moon
It Is Not Day No Love
It Is Not Day And It Won't Be Till Morning
It's Not Day And It Won't Be Yet
The Highlight Is In The Moon
It Is Not Day No Love
It Is Not Day And It Won't Be Till Morning
It's Not Day And It Won't Be Yet
The Highlight Is In The Moon
It Is Not Day No Love
It Is Not Day And It Won't Be Till Morning
It's Not Day And It Won't Be Yet
The Highlight Is In The Moon
O "mea culpa" acontece porque fica bem fazê-lo, mas tem muito pouco significado prático. Simplesmente ajuda politicamente Atenas a salvar um pouco a face.
O Eurogrupo não deixou de se reunir nestes últimos anos, e Portugal não deixou de lá ter o seu lugar. O presidente do BCE e o comissário para o Euro são observadores, o presidente do FMI pode pedir para assistir. A troika está lá representada ao mais alto nível.
Também temos lugar no Ecofin, no Conselho Europeu e em todas as instituições europeias relevantes.
As condições dos empréstimos feitos ao abrigo dos programas de assistência, e os veículos criados para assegurar os ditos empréstimos, passaram não só por esses orgãos, como também pelos parlamentos nacionais. Se há coisa de que estas decisões não carecem é de legitimidade democrática.
Foi aí que foram tomadas todas as grandes decisões, desde os empréstimos sucessivos, à antecipação dos reembolsos ao FMI por parte da Irlanda e agora de Portugal.
Não foi a Grécia que mudou isso. A Grécia contribuiu, isso sim, para 4 reuniões do Eurogrupo em 2 semanas, que só podem saturar os restantes 18 ministros das finanças que, imagino, têm mais que fazer que lidar com os problemas da Grécia.
E quanto a conferências de imprensa, houve certamente muito mais conferências em que Oli Rehn falou sobre o programa português que conferências de imprensa dos técnicos da Troika.
Meu caro Nuno Cruces, temos representação nesses consistórios todos, como nele têm assento os decisores. E no entanto, como tem sido evidente, decisiva tem sido a avaliação dos funcionários dessas instituições. E é isso que Juncker reconhece. Se reconhece o óbvio não deixa de ser, por isso, irrelevante.
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