É pena que o novo modelo de concursos de professores apresentado pelo actual Governo não tenha obtido o apoio dos Sindicatos. Tudo leva a crer que o diploma vá amanhã a Conselho de Ministros e é de recear que seja mais um contributo para afastar ainda mais a actual equipa do ME dos docentes.
Pelo que pude perceber introduziram-se algumas inovações interessantes, mas há outras que mereciam melhor e mais aturada reflexão. Tenho dúvidas sobre se a plurianualidade dos concursos contribuirá para uma maior estabilização do corpo docente. Prefiro o mecanismo das reconduções, desde que resultante do interesse mútuo das escolas e dos docentes e com majorações nas classificações para os docentes que aceitem prolongar a sua permanência nas escolas localizadas em regiões mais carenciadas. Mesmo assim, há que dar o benefício da dúvida.
Por último, continuo, à semelhança dos cidadãos deste país, sem saber com rigor e objectividade o que se passou nos famosos concursos de 2004. O relatório da Comissão de Inquérito continua no segredo dos deuses da 5 deOutubro. O julgamento na Praça Pública já foi feito, os acusados já foram condenados, mas assim a justiça continua por fazer. Espero, pelo menos, que os actuais responsáveis o tenham lido de forma a não repetir os erros então identificados.
7 comentários:
Quanto ao que se passou nos concursos de 2004, sim também gostaria de saber. Aquilo que assisti foi um festival, mas gostaria de saber quem apanhou as canas.
Agora, ilustre ex-ministro e ilustre físico Madureira, continuo sem entender que relação existe entre o concurso de colocação de professores e o interesse nacional. Honestamente, não estou a brincar...
Pois, camarada Pinho Cardão, parece que andamos todos a dizer a mesma coisa.
Camarada Madureira:
Tem toda a razão lapso meu. Mas se acabar com os concursos dava uma revolução, então acabe-se, certo?
Caro djustino,
Claro que nós, consumidores e investidores deste sistema, estamos por aqui na bancada a mandar bocas. Mas, quero sublinhar, que existem centenas de estabelecimentos de ensino que não estão sujeitos aos concursos públicos e cuja rupturas de pessoal são mais raras que no fabuloso mega sistema público. Que são os estabelecimentos privados.
Mais, o acesso ao bem público que está em causa e onde deve ser mantida a equidade é nos alunos. Os professores são uma questão acessória, são meios. Estes não têm direito a qualquer bem público. Ora, uma escola em Brejenjas Atrás do Sol Posto tem toda a vantajem em escolher aquele que lhe dê garantias de ficar face àquele que lhe aparece com post-doc em Física Nuclear. E como todos os estabelecimentos ou empresas, têm que gerir o quadro de pessoal. Eu aqui não vejo onde está o ponto.
A questão da gestão da escola é realmente um problema mas, então, porque se estão a direccionar recursos para algo que sabemos não ser correcto, os concursos, e a não tratar do problema que sabemos existir da gestão que resolve de vez a questão dos concursos que, aliás, nem é um problema "core" ?
Meu caro djustino, a questão da avaliação é um falso problema quando a questão da gestão estiver resolvida. A gestão até pode encher a escola de primos e cunhados, se os resultados forem maus, vai a gestão e respectiva família à viola. Como acontece em qualquer lugar, da economia e da vida.
Cumprimentos e paciência para aturar estes comentadores de bancada...
O Governo aprovará, hoje, novas regras para a colocação de professores. Em sequência dos concursos nacionais, será implementado um sistema de colocação plurianual. Três (agora) e quatro anos (depois), será o período em que um professor deverá prestar serviço na Escola para a qual concorreu.
Infeliz mas não inesperadamente, os sindicatos estão contra. E não aprovaram a mudança. Mais uma vez revelam que não são pela estabilidade dos quadros docentes (das escolas). Apenas pelos seus interesses corporativos. E que o seu discurso anterior, nesse sentido, tinha outros objectivos…
Infelizmente, o discurso demagógico dos sindicatos faz escola e entranha-se nos ouvidos dos professores. E, desta forma, impedem que melhorias sectoriais (como esta) sejam implementadas de uma forma mais escorreita (logo frutuosa) e sem conflitos. Afinal, sem conflitos, para que serviriam os sindicatos? Estão apenas a justificar (e a lutar pela) a sua existência…
Professores deslocados? Não existem. Existem empregos disponíveis em dois terços do País que são ocupados por pessoas que a eles concorrem voluntariamente mas que vivem no restante terço.
A colocação (concursos) descentralizada, a menos que seja feita por grandes regiões (nunca pelas autarquias ou escolas), não é solução. E iria levar exactamente aos mesmos resultados pois a situação básica é a mesma: empregos ali, candidatos acolá…
E, agora, não haverá razões para que os professores, ao serem colocados numa escola de uma determinada zona não equacionem a possibilidade de ali se instalarem, o que permitirá reduzir substancialmente o número daqueles professores papa-quilómetros que, como sempre afirmam nas repetidas entrevistas anuais às televisões (a encomenda sindical anual às TVs, em início do ano lectivo, para passar o seu ponto de vista) prejudica, também, a sua prestação com os seus alunos…
Para além do facto da presença (obrigatória, sim) do professor por alguns anos no mesmo estabelecimento trazer enormes benefícios às Escolas, aos seus alunos e, quer queiram, quer não queiram reconhecer os sindicatos, lá da altura da sua demagogia, aos (bons) professores, que, durante o seu percurso (carreira) em direcção à sua escola preferida (onde chegarão no mesmo tempo mas, agora, com menos “paragens”) poderão, finalmente fazer tudo o que até agora era impossível: criar e deixar amizades, projectos, raízes e melhores alunos… que se lembrarão deles no futuro.
Caro djustino,
Vou fazer uso do seu apelo à reflecção.
Eu, contribuinte, tenho escolas e alunos para educar. Das duas uma:
- ou digo a cada um dos alunos que vou encontrar a melhor educação que o contribuinte está disposto a pagar;
- ou às escolas que estou disposto a pagar a melhor educação para os meus alunos.
Pronto, está feito um ministério da educação.
Expliquem-me que mais é preciso porque realmente não consigo entender a razão nem encontrar um motivo para tamanho granel como este dos concursos.
Caro DJustino
Escreveu que "sabendo do desequilíbrio territorial entre oferta e procura, o que vai acontecer é que as escolas do interior vão ser as mais prejudicadas com este modelo."
Com este ou com outro... digo eu. É um problema do País, dos seus desiquilíbrios. Não dos modelos.
Continuarão a ir os professores mais inexperientes para essas escolas. Mas, pelo menos ficarão lá mais algum tempo, deixando de ser salta-pocinhas que não criam raizes. E que passavam o ano a pensar no salto que se seguia...
Totalmente de acordo. Mas antes, a possibilidade de fixação nem era colocada. O professor assumia a colocação por apenas um ano... e cumpria, pelo mínimo (a maioria, não generalizemos), o seu papel. Pois "vou ficar aqui até Junho"...
Agora, por 3 (4 depois) anos, o caso muda (positivamente) de figura: os professores poderão, a partir desse prazo, "fazer coisas boas". Também acredito nisso.
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