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sábado, 21 de janeiro de 2006

Poluição atmosférica e enfarte do miocárdio

O relatório sobre Ambiente e Saúde publicado pela Agência Europeia do Ambiente realça os efeitos da poluição na saúde humana. As consequências ocorrem a vários níveis e resultam de vários poluentes. Dentro destes destacamos os níveis excessivos de partículas no ar provenientes da utilização dos diversos combustíveis os quais provocam elevada mortalidade. A O.M.S. calcula que as partículas no ar sejam responsáveis por 100 mil mortes e 750 mil anos de vida perdidos (dados de 2004).
As partículas mais finas estão a ser alvo de atenção redobrada de forma a reduzir a sua produção. A inalação crónica de baixas concentrações provoca graves problemas de saúde: desencadeiam ataques de asma além de graves doenças pulmonares e cardíacas. Os novos limites a propor são manifestamente inferiores aos existentes o que exige a tomada de medidas bastante drásticas. Não esqueçamos que os veículos a gasóleo e as fontes que utilizam carvão são as principais fontes destas partículas.
Ultimamente tem sido discutido o papel da poluição atmosférica nas doenças cardiovasculares caso do enfarte do miocárdio e dos acidentes vasculares cerebrais. Aparentemente esta associação não seria de esperar. No entanto, alguns estudos epidemiológicos e experimentais em animais revelam que a associação existe e poderá ser explicada através de fenómenos inflamatórios que ocorrendo a nível pulmonar acabam por se repercutir a nível sistémico. Assim, no caso de artérias apresentarem lesões aterocleróticas o processo inflamatório pode agravá-las e desencadear uma situação de obstrução.
A obesidade constitui uma das mais graves epidemias do mundo ocidentalizado e tem uma influência negativa na saúde dos vasos sanguíneos. Os portugueses e sobretudo as portuguesas estão cada vez mais obesos, ao ponto de 52% das últimas, com idade igual ou superior a 18 anos, ultrapassarem um perímetro abdominal de 88 cm, o que constitui um risco elevado de virem a sofrer diabetes, hipercolesterolemia, enfarte e acidente vascular cerebral.
Deste modo, podemos afirmar que ser obeso é um factor de risco cardiovascular nada desprezível, mas se viver em meio poluído, caso das grandes cidades ou zonas industrializadas, o risco de enfarte ou de acidente vascular cerebral aumenta de forma significativa. Se for obeso ou praticar uma dieta não saudável, por exemplo rica em gorduras, é melhor não respirar as partículas provenientes da combustão de gasóleo ou do carvão.
Comer uma refeição rica em gorduras num restaurante ou numa esplanada da Avenida da Liberdade em Lisboa ou na Fernão de Magalhães em Coimbra pode constituir uma associação muito perigosa para as nossas artérias…

1 comentário:

Arrebenta disse...

Ou, como diria o Outro, uma tentativa de uma animada e descontraída descida pela Avenida poderá, inevitavelmente, conduzir a um enfarte do miocórdio.
Coitado do miocárdio...

P.S. - Deve ter sido por isso que as Mães de Bragança mandaram retirar as pegas que andavam sempre nas esquinas dos Restauradores, e, eventualmente, colocá-las nalgumas assessorias de Gabinete.