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sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Mais uma machadada

No meio das mensagens corriqueiras e dos chochos discursos desta campanha eleitoral, foi possível, aqui e ali, quase sempre no meio de rancores antigos, ódios recentes e republicanas desinteligências, surpreender porque razão é a classe política vítima de si própria.
Ontem Mário Soares produziu esta pérola, mais um contributo para o descrédito de quem se dedica à actividade político-partidária:
Aqueles que falam contra a política, que desprezam os partidos
políticos, mesmo que tenham o cartão de membro de um partido político para
qualquer circunstância
, esses estão a fazer um papel necessariamente
infeliz
.
Referia-se, como é óbvio, ao seu camarada Manuel Alegre, a quem acusa de manter o cartão partidário "para qualquer circunstância". Alegre não é "um qualquer" no PS. Foi ao longo dos tempos exibido como uma referência do socialismo português. Afinal ficamos a saber que para Mário Soares, Manuel Alegre afinal só é do Partido Socialista por circunstantes conveniências.
Pode julgar-se que o Povo liga pouco a estas diatribes. Estou convencido, no entanto, que no subconsciente colectivo, afirmações destas avolumam o descrédito geral neste modelo de democracia.
Poucos serão, porém, os que censurarão a afirmação, independentemente de a mesma se dirigir a quem se dirige e ter sido proferida no contexto de uma campanha eleitoral onde se oficializou a ideia de que tudo o que nela se diz não é para levar a sério.
Mas ainda que assim não fosse, a Mário Soares tudo se perdoa e continuará a perdoar. Um fenómeno!

5 comentários:

Tonibler disse...

No dia em que o soares fôr metade do homem que é Alegre, talvez seja de ouvi-lo. Mas como esse dia é depois de segunda-feira e soares, nessa altura, já desceu pelo esgoto da história...

Mario Garcia disse...

Este post em defesa de Alegre faz-me lembrar a máxima: inimigo do meu inimigo, meu amigo é...

Ana M. disse...

A Mário Soares, tudo se perdoa, efectivamente. Mesmo quando exalta "a excelente vitória de Zapatero", em Espanha. Segundo ele, "devida à capacidade de mobilização de certos espanhóis, que conseguiram destruír o que alguns sábios previam".
As circunstâncias que rodearam a vitória, já se sabe, foram esquecidas.
Um pouco deprimente, acho eu.

Anónimo disse...

Meu Caro José António Santos:
É o meu Amigo, e não eu, quem está rendido aos encantos de Soares. Direi mesmo que está verdadeiramente hipnotizado pela encantadora personagem. Só assim se compreende que diga que o homem é o único que tem coragem para rumar contra a hipocrisia. Só um exemplo do contrário, dos muitos que se poderiam pescar na memória: há uns meses imaginaria o Dr. Soares elogiar o Engenheiro Sócrates, de quem disse o que o Profeta não disse do toucinho no momento em que disputava a sucessão do Dr. Ferro Rodrigues?
Nota adicional: não me rendo facilmente aos encantos de políticos, muito menos de qualquer dos candidatos que se apresentam a estas eleições. Mas rendo-me aos encantos da mandatária da juventude do Dr. Soares. Teve bom gosto o candidato. Não creio que se possa dizer o mesmo da mandatária ;)

Meu Caro Mário Garcia:

Está redondamente enganado. O post não é em defesa de Alegre. Devo aliás confessar que entre Alegre e Soares...prefiro a mandatária para a juventude do segundo :)

Elisiário Figueiredo disse...

Para quem não sabe ó anda distraído, Manuel Alegre sempre foi um militante com grande independência, carneiradas nunca foi com ele, votou, quer nas estruturas partidárias quer no parlamento, muitas vezes contra o sentido de voto do partido, todos sabem e sempre souberam que Manuel Alegre gozou, goza e vai continuar a gozar de uma grande independência no PS.

Isto é uma das grandes riquezas do Partido Socialista, a diversidade de ideias e opiniões.