No sábado as claques do Sporting e do Benfica travaram verdadeira batalha campal na final do campeonato de futebol junior. Ali, nas barbas da GNR impreparada para controlar qualquer desacato. As televisões mostraram tudo, designadamente o milagre que foi não ter havido consequências pessoais mais graves do que aquelas que ocorreram.
Ontem, na final de andebol, um café em Lagoa foi arrasado por um bando de energúmenos identificados como pertencendo a uma das claques do Futebol Clube do Porto.
Não há notícia de uma só detenção num caso ou no outro.
Não existe, pois, vontade, ou talvez coragem, para tomar medidas mais vigorosas contra estas manifestações, incluindo a extinção das claques. Cria-se no País a sensação de que as condutas desta gente são criminalidade consentida, tal a indiferença com que são encaradas por todas as autoridades, incluindo as autoridades do futebol, e de entre estas, as direcções dos clubes.
Oxalá me engane, mas aproxima-se o dia em que esta tolerância terá custos bem mais altos do que os materiais. E nesse dia, lá aparecerão os responsáveis pela segurança a prometer medidas enérgicas. E os moralistas do costume a pedir a condenação quando agora todos silenciam a necessidade da prevenção.
4 comentários:
O que esperar de uma Polícia que num acto de perfeita indignidade, atira com os bonés para o chão, numa manifestação à porta da casa do Primeiro-Ministro?
Quem é que tem respeito por «aquilo»?
Diz o meu amigo que não foram feitas detenções. Mas para quê? A polícia está farta de apanhar sujeitos em flagrante, levá-los a Tribunal e serem imediatamente soltos. Claro que os energúmenos se riem nas barbas da polícia.
Mas supunhamos que a polícia se esmera, corre atrás dos energúmenos, luta e prende-os. Na perseguição e na luta, rasga a farda. Quem paga a farda? O polícia, claro, que não há dinheiro público para a substituição da vestimenta. E então se um polícia dá um tiro? É praticamente certo que será sujeito a inquérito disciplinar.
Por isso, nestas circunstâncias, os polícias e a polícia defendem-se. E eu sou o primeiro a desculpar a polícia.
Ora, meu caro Pinho Cardão, não se exceda na ironia que há por aí muita gente que leva à letra o que o meu Amigo comentou.
Ironia à parte nunca é desculpável a renúncia ao cumprimento dos deveres, seja pelos polícias, seja pelos juizes, seja pelos dirigentes políticos e desportivos. No dia em que começassemos a desculpar pelas razões que descreve, estariamos a analisar o problema pelo lado das patologias e não no plano do dever ser. Note que (alguns) juizes também se desculpam com a lei quando, como assinala, soltam os que a policia prende.
Se não conhecesse o fino humor do meu Amigo, diria então que preferível a aderir às razões que invoca para desculpar,era demitirmo-nos como nação civilizada...
Caro Ferreira de Almeida:
É que, lamentavelmente, começo a descrer que estejamos numa nação civilizada. A segurança é, nas nações civilizadas, uma função essencial que o Estado devia prover. A justiça, outra. Ora a justiça e a segurança, em Portugal, estão asseguradas como se vê...
Na profissão da banditagem,pesado o custo e o benefício, este é sistematicamente superior.
E aqui não é a polícia a culpada, mas sim o regime instituído, aliás politicamente muito correcto, de proteger o delinquente.
Se a polícia bate no bandido, aqui del-rei; se o bandido bate no polícia, é legítima defesa perante um ataque prepotente.
É esta a nossa civilizada nação. Sem ironia, sem mesmo ponta de ironia...caro Ferreira de Almeida.
As claques têm um passado de delinquência assinalável e lamentável. Das que estão legalizadas sabe-se quem são os responsáveis e alguns excepcionalmente já foram punidos. Outras são perfeitamente ilegais e não querem ser legalizadas. Quando os seus elementos se juntam deviam ser logo dispersos. Mas não, são "enquadrados" pela polícia até chegarem aos estádios. Para fazerem a banditagem do costume. Isto é, é a nação civilizada a conduzi-los ao local do crime!...
Nação civilizada?
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