Começaram ontem as provas de exame de português. Assunto de abertura dos jornais da manhã, com entrevistas a alunos, professores, pais, associações de pais, encarregados de educação, gestores de escolas, psicólogos, sociólogos e um nunca mais acabar de intervenientes. Até comecei a pensar que os exames eram uma coisa séria!...
Mas logo caí na realidade quando ouvi uma pergunta da repórter da RTP a um aluno: então como te sentes, agora que vais fazer um exame mais à séria?
Talvez sem querer, a jornalista sintetizou notavelmente o que se passa em matéria de exames. E prestou um verdadeiro serviço público!...
6 comentários:
Sim, apesar de ajudarem os alunos a saber que saciado era satisfeito, que carregadores são homens que carregam malas e volumes e temor é a mesma coisa que medo.
Eu dei uma vista de olhos no exame. Confesso que achei que os exames de Português agora fazem muito mais sentido que os exames de português no meu tempo, em que eram exames sobre livros de autores portugueses que toda a gente gosta de dizer bem mas que eu, por defeito meu, acho que não valem nada. Mas isso sou eu a falar, que acho que até podiam meter a disciplina no lixo e que não serve para nada. Agora que o exame me parece fazer mais sentido, parece.
Esta forma das novas gerações dizerem "à séria" não me entra nos ouvidos...
Fui confirmar ao meu dicionário e lá está "a sério" = seriamente; deveras, etc.
Também fui ver o enunciado. E contra a corrente que se está a gerar não me parece que o exame seja particularmente simples. Aliás, faz-me um pouco de impressão toda esta discussão à volta da dificuldade das provas. A avaliação é um episódio do processo formativo. Não é o objectivo da aprendizagem. Por isso a questão deve centrar-se antes na exigência de qualidade do ensino e não na exigência do rigor das avaliações.
No plano qualitativo, ainda que não tenha nada contra as provas de português que fiz no meu tempo - bem pelo contrário! -, também penso, como o Tonibler, que estas fazem sentido.
Penso que os exames nacionais transformaram-se numa questão de folclore, quando deveriam ser um momento solene nas escolas, nas famílias e na sociedade.
Considero ainda que é pena assistir ao nervosismo exagerado por parte de uma boa parte dos nossos estudantes por altura da realização dos exames e considero triste, porque este exagerado nervosismo demonstra de forma clara e evidente o falhanço global do sistema público de "ensino".
Se os estudantes tivessem exames no 2º ano (com peso nunca inferior a 50% da classificação final), no 4º ano, no 6º, no 8º e no 9º ano a todas as disciplinas, obviamente que este nervosismo não existira!
Outra questão que considero fundamental para a existência de exames a todas as disciplinas é que obrigaria o Estado a parar de fazer brincadeiras no ensino, porque os estudantes para os realizarem teriam que ter um horário compatível com o seu dever: ESTUDAR!
Outro aspecto também deveras importante, o Estado deixaria de fazer aquelas brincadeiras pedagógicas muito giras sem consequências visíveis a curto prazo.
Outro aspecto tão importante como os listados anteriormente diz respeito ao número completamente absurdo de disciplinas a que os nossos estudantes são sujeitos no 3º Ciclo, são 15 as disciplinas, sim disse bem 15 (quinze)! Com exames nacionais a todas as disciplinas, este número teria que ser reduzido de forma muito substancial.
E finalmente, os professores, os alunos, os encarregados de educação e as escolas perceberiam de forma clara os seus objectivos, coisa que hoje ninguém percebe muito bem.
Aqui há umas semanas foi perguntado a uns quantos professores o que melhoravam na matemática dos seus colegas e um dos factores principais era a formação em matemática. Detalhe, os professores eram do 1º ciclo.
Quando alguém chega a professor do 1º ciclo (ou a juiz, como no outro diz se viu) sem saber matemática da 4ª classe e, ainda por cima, diz que precisa de formação (os juízes diziam que precisavam de apoio técnico), acho que toda a gente compreende muito bem os seus objectivos. Os nossos é que não.
Sem duvida que a Educação está hoje baseada num puro facilismo sem precedentes e onde a palavra "baldas" é das mais famosas.
Porém gostaria de dizer que isto é para alunos e professores porque ambos cairam num descredito imenso nesta sociedade que temos que pouco ou nada valoriza a educação.
Continuamos a não saber ensinar e como bons portugueses que são os professores mantêm a conversa de sempre "a matéria para o exame é tudo o que demos até hoje" o que significa o mesmo que dizer que no exame sai tudo o que o professor anterior deu porque este pouco ou nada fez.
Não há respeito pelos professores e tão pouco pelos alunos que querem mais e não lhes é dada a possibilidade de saber, de aprender.
É triste mas é uma verdade que se espalhou como uma praga pela Europa (digo Europa porque nos EUA sempre foi assim por exemplo).
Não sou um perito na materia mas vivi como aluno escutando os professores, convivo com professores e vou ouvindo os estudantes.
(Peço desculpa pelos erros ortograficos mas isto de escrever num teclado espanhol baralha qualquer um, mais a mim!!"
Obrigado pela atenção.
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