Número total de visualizações de páginas

domingo, 30 de outubro de 2011

Nivelem tudo...e depois queixem-se!...

Ganhar dinheiro em Portugal, mesmo que à custa da prestação de trabalho independente ou para outrem, está a tornar-se matéria odiosa. Paralelamente, está em marcha uma verdadeira perseguição ao mérito, através da devassa injustificada e inquisitorial aos vencimentos de quem exerce funções públicas ou em empresas ou organismos do Estado. Creio que nem com os desvarios do PREC se chegou a uma situação como a actual. Claro que, com este ambiente, pouca gente séria e com valor se predisporá a exercer uma função pública, deixando o caminho livre aos medíocres, boys e aparelhistas.
Ainda hoje o DN diz que um quarto dos Deputados tem segundo emprego pago.
Eu diria que são muito poucos, pois eles serão dos que, tendo alternativa, não precisam absolutamente da política para viver. E, não vivendo dependentes da política e das chefias partidárias, podem desempenhar muito melhor a sua missão. Desconfio mesmo que há muitos Deputados com um só ordenado que não têm qualquer ideia de serviço público. Saber quem cumpre melhor essa ideia, independentemente de ter um ou dois ordenados era o que devia interessar.
Por este andar, não tarda muito que as funções de Deputados, Ministros, Presidente da República ou dirigentes de organismos ligados ao Estado só possam ser desempenhadas por desempregados ou por funcionários públicos liofilizados. Porque todos os outros são gente inquinada e suspeita. Sobretudo se tiverem passado ou presente profissional remunerado, sinal óbvio de impureza bactereológica genética. Aí, são apontados a dedo, para gáudio da populaça.
Nivelem,nivelem tudo...e depois queixem-se!
Declaração de interesse: Não exerço, nem conto exercer, funções políticas, nem em organismos do Estado ou aparentados.

16 comentários:

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Caro Pinho Cardão

Num genial dia em que o estado de esbulho que vivemos resolveu penalizar o não pedido de factura (duplicando genialmente o ganho das finanças e dos seus premiados funcionários)ROTULANDO DEFINITIVAMENTE PORTUGAL COMO UM ESTADO TOTALITÁRIO VAGAMENTE DISFARÇADO DE DEMOCRÁTICO; num dia em que soubemos das mordomias de Duarte Lima e de como iremos pagar o seu empréstimo para compra de obras de arte; num dia em que soubemos mais uma vez como conjugar o verbo Isaltinar (ao tempo do seu reinado ministerial); num dia em que soubemos que agora até as motorizadas a partir de 124 cc vão pagar imposto de circulação, nesta suicida tendência nacional para tentar esbulhar tudo o que mexe; num dia em que soubemos que PC já mudou o bico ao prego e assume ter de negociar com a troika; dias após sabermos da indignação de Vasco Loureço e dos militares em geral... o meu caro amigo está preocupado com os 230 que cruzam as pernas nas cadeiras do hemiciclo? Se eles estão a tempo inteiro ou a tempo parcial (complementando os seus ordenados).
Se eles têm verdadeiramente carácter e sentido do bem público ou são apenas peças de interesses privados? Muita fé tem o amigo nos não desempregados, nos empregados do regime.

Pois lhe digo que muito mais facilmente colocaria muitos desempregados como deputados (homens e mulheres com coluna vertebral que não olham para o lado ou se compram e deixam comprar, que não se vergam aos interesses e acabam desempregados neste país de bandidagem) do que muitos que merecem todos os epítetos que lhes são lançados nas ruas e cafés deste pobre país.

Em Portugal é tudo uma questão de verdadeira ética e de mérito que está em causa. Pensar que os melhores só se movem por interesse monetário e sinecuras até me dá azia e asco!

Com esse tipo de lógica do deputado que só o que ser se poder estar com um pé no hemiciclo e outro no escritório de advocacia, qualquer dia atiramos Portugal para as mãos de um qualquer aprendiz de Pol Pot!

E afinal para que precisamos de tantos deputados se meia dúzia dominam o sentido de voto e a agenda pública? Para inventar uma nova taxa que os sustente sobre a utilização pedestre em circulação de passeios públicos?

Bartolomeu disse...

Cada vez estou mais de acordo com os pontos de vista que o Prof,. Marcelo apresenta no seu comentário televisivo...
Penso como ele que se as decisões fossem explicadas, a opinião pública mudaria.
Últimamemente, temos assistido a tomadas de decisão bruscas, com a explicação muito resumida que a situação as impõe.
Tal como o Prof. comentava ontem, também me parece que a generalidade das pessoas, percebeu já que a situação exige medidas duras, mas essas medidas carecem de explicação, se não por outro, no mínimo, pelo motivo de rigor, transparÊncia e respeito pelo cidadão. Diria mesmo que, por uma questão de cidadania.
Ora bem, façamos um raciocínio que me parece lógico e coerente; se o governo decide tomar medidas rígidas sem as explicar, está a criar uma onda de "exageros", alguns imprevisíveis, que irão reflectir-se em diferentes sectores e áreas, tanto empresariais privadas, como públicas. Estaremos perante o fenómeno antigo de imposição sem sentido e teremos imediatamente a reacção a este fenómeno, que é o descontentamento e a manifestação popular.
Temos de perceber que actualmente, o cidadão dispõe de mais informação, e que, como nunca anteriormente, os meios de comunicação social detêm um poder que pode ser aniquilador se quem tem a responsabilidade de decidir, não se souber antecipar a esse poder, informando correcta e transparentemente o porquê da necessidade das medidas tomadas e, aquilo que se objectiva atingir com as mesmas.
Sem esse devido esclarecimento, o mais provável é começarmos a assistir a situações como a daquela Câmara que proibiu os funcionários de terem pausa para café e cigarro, com as consequentes reacções dos visados.

Bmonteiro disse...

"o que devia interessar"
Pois.
a)O peso dos trabalhos parlamentares,
impede-os de preencher a declaração de interesses?
Ou trata-se de um trabalho complicado para as suas capacidades intelectuais?
b)Há falta de funcionários na AR e o seu especial estatuto administrativo e remuneratório, não lhes dá tempo para tratar dos documentos dos deputados?
Ou há falta de liderança na AR?
c)Democraticamente todos iguais, ninguém manda, é muito mais simpático assim.
Conjugado com todos livres, embora em rebanho partidário, tinha de dar no que deu.
Nisto. Ingovernaveis.

Tonibler disse...

Caro Pinho Cardão,

Desta vez não concordamos e por uma razão. Eu acho que a função de deputado não deveria sequer ser remunerada. Umas senhas de presença "e era um pau". Exactamente para que os cargos políticos não possam ser exercidos por gente "à procura de emprego bem pago". Claro que isso implicava a passagem de parte do trabalho para os funcionários, mas esse trabalho não era já deles? Porque é que tenho que ouvir um ministro da educação a responder sobre concursos de professores? E o ministro da agricultura sobre o uso de gravata?

Ah, e se não estiver a ser suficientemente polémico, acho também que a política deveria estar vedada aos funcionários públicos (voto incluído).

Gonçalo disse...

Caro Tonibler
E você empregava numa sua empresa (e pagaria ordenado) a um deputado desses?
É que, dê por onde dê, os homens têm que viver...

Tonibler disse...

Caro Gonçalo,

Está a assumir que deputado faz. Talvez por vivermos numa república há esse pressuposto de que deputado faz. Deputado não tem que fazer, tem que decidir de acordo com a sua opinião e na defesa dos seus constituintes. E "deputados" assim há às carradas em todas as empresas.

Há 700 mil FP para fazer e 230 deputados para nos defender desses 700 mil, não é para esses 230 se misturarem nos 700 mil senão dá no que temos hoje, elegemos 230 palermas para andarem a defender os 700 mil e não os 10 milhões.

Senhas de presença e podem fazer os plenários em horário pós-laboral.

Suzana Toscano disse...

Caro Tonibler, não vejo que esteja disposto a prescindir da sua expectativa de ser bem governado, de ter leis decentes, enfim, de esperar que quem está nos lugares deva olhar com competência pelos interesses de todos. Ou está? É que se está, então tem toda a razão, tanto faz estarem lá estes como outros quaisquer, se for à borla melhor, na verdade isso justificaria também que andassem a vender favores. Na verdade, esse tipo de atitudes, desconsiderando tudo e todos, é que faz com que os que podem fazer bem fujam cada vez mais dessas responsabilidades. Na política acontece o mesmo que nas empresas, não lhe parece?

Tonibler disse...

Cara Suzana,

Não vejo onde é que desconsiderei quem quer que seja. Na verdade, fiz o contrário, atribui aos funcionários a capacidade de fazer e aos políticos a capacidade de decidir e proteger os cidadãos que o elegem. No que é que isto é desconsiderar?

Agora, se fosse uma questão de dinheiro o ter boas leis e ter o estado bem governado (vai-me desculpar, mas a mim ninguém governa) , já tinha. O facto é que não tenho. Não me é indiferente quem lá esteja por isso é que disse que a política deveria ser vedada aos funcionários do estado (como é para alguns deles) e deveriam ser dadas as condições infraestruturais para que as decisões fossem tomadas por aqueles que trabalham fora do sistema, por aqueles que, no fim do dia, são o soberano.

Massano Cardoso disse...

Neste espaço a liberdade de expressão é sagrada e cada um diz o que entende. Já fiz parte dos "230", não me considero "palerma" e nem andei a fazer palermices, ou, talvez até tenha sido um bom palerma ao ter aceitado ser eleito e trabalhado em acumulação de funções com as atividades universitárias, mas gratuitamente. Enfim, quase que me apetecia dizer uma grande asneira. Fica para depois...

Tonibler disse...

Caro prof., posso ir à procura do sítio onde diz a mesma coisa por outras palavras. E onde acaba a dizer qualquer coisa como "a mim é que não me apanham lá outra vez".

Os "230" era uma expressão para designar o agregado das pessoas, não o Parlamento, não cada um deles. Peço desculpa se a vê como dirigida a cada um dos 230. Mas a verdade é que o agregado se comporta em blocos monolíticos de forma previsível.

MM disse...

A inveja neste pais eh horrível. Pior ainda por ser fomentada. Ter algo, ou fazer a diferença no que pode dar ao pais mercê da experiencia profissional eh um estigma em vez de uma mais valia. Nao vamos longe. Posso testemunhar a imensa mais valia para o pais, ao longo de n legislaturas, dos que, de entre os "230", levaram o seu knowhow as discussões e produto final daquela Casa, mesmo que, nem sempre, a sua visão vingasse.

Caboclo disse...

Ganhar dinheiro em Portugal, mesmo que à custa da prestação de trabalho independente ou para outrem, está a tornar-se matéria odiosa. Paralelamente, está em marcha uma verdadeira perseguição ao mérito,...


Não é possível que vc só veja isto agora !
Eu vejo isto super nitido desde 1974!!!

Vc é de Marte ou NASCEU ONTEM ?

Suzana Toscano disse...

Caro Tonibler, quem é que trabalha fora do "sistema"? A partir do momento em que aceitam os cargos passam a fazer parte do "sistema", ou há uns à prova de asneira e acima de qualquer suspeita de incompetência? Qualquer cidadão pode e deve participar da vida política, desde que tenha competência e coragem para tanto, seja lá que profissão tiver, eu respeito as suas opiniões mas tenho que contestar vivamente o seu preconceito, sobretudo porque é também pos isso que muita gente de bem não se atreve a participar, e muita falta fazem! A política é uma arte muito difícil e exigente, mesmo os muito competentes - e conheci vários - sentem grandes dificuldades em exercer os seus cargos, e não é por não tentarem, com honestidade, é mesmo porque é muito complexo e difícil.

Tonibler disse...

Cara Suzana,

Eu sou uma besta porque com a expressão dos "palermas" levei toda a gente para fora do meu ponto.

Eu acho que toda a gente deve participar, eu tenho o enorme respeito por aqueles que tentam e participam. Mais, eu acho que quanto mais válidas forem as pessoas, quanto mais "produto" têm na sociedade mais devem participar. O meu pai toda a vida participou na política, municipal, nacional, freguesia, etc... não respeitar as pessoas que o fazem seria não respeitar o meu pai. Portanto, podendo não acreditar que os respeito a vós por isso, acreditem, pelo menos, que os respeito pelas mesmas razões que respeito o meu pai.

Esperando ter esclarecido esse ponto, deixe-me passar ao seguinte com uma singela questão porque claramente o meu argumento não passou: nessa contestação salarial que se tem observado, tem visto referências ao salário do PR? Do PM? De algum ministro? De um sec. de estado?

Não. A contestação é aos deputados, não é aos políticos, porque as pessoas não vêem valor no trabalho dos deputados. Tem valor? Certamente terá, mas como trabalho de deputado? É possível que exista "trabalho" de deputado? Deixe-me dar a minha visão, na frente das bancadas há pessoas que há 20 anos não saem daquele assento. Há estagiários de advogacia com a minha idade que são deputados desde os 19 anos. Só com muito esforço me conseguem convencer que aquela pessoa decide em defesa do país. E quando vejo que as bancadas da frente estão repletas de "estagiários de advogacia de 45 anos" não consigo ver onde é que a diversidade que todas as pessoas válidas podem dar se está a impor.

Claro que há gente válida que se senta ali para dar contributos e meter o seu know how nos problemas, como diz a cara MM. E se pagasse em senhas de presença e em horário pós laboral, não haveria? Essas pessoas foram para lá pelo dinheiro? Dinheiro, cara Suzana, estraga todas as boas ideias que não tenham como objectivo o lucro.

Para finalizar, eu não posso ser deputado, a Suzana penso que também não, não sei o caso dos demais, mas imagino que também não. Estranho este sistema em que se pede às pessoas para participarem mas, no fim, só alguns é que podem, não é?

Suzana Toscano disse...

Caro Tonibler, eu também me referia ao seu preconceito global, não a qualquer falta de respeito pessoal, que nunca senti, acho que podemos passar à frente. as pessoas gostam, desde sempre, de achar que pagam sempre demais aos políticos. Por muito que se reveja a matéria, é sempre trunfo garantido, mas depois querem lá os melhores e querem-nos desinteressadamente e isso é que não é nada fácil. E, caro Tonibler, para ser deputado é preciso querer ser candidato, ser aceite por um Partido, trabalhar bastante para isso, e, claro, ser eleito se estiver num lugar elegível. É difícil, claro, mas é possível a qualquer um, tal como é possível a qualquer um vir a ser Ministro, ou Presidente de Câmara.

Tonibler disse...

Não exactamente, cara Suzana. É preciso ser-se funcionário público, profissional de partido, reformado ou advogado rico. A lei veda a política, explicita ou implicitamente, a todos os outros cidadãos. No meu caso, por exemplo, explicita e implicitamente. Por isso são muito poucos aqueles que tendo enveredado por uma carreira no sector privado apareçam na política e não é de certeza por uma questão de dinheiro.