O discurso do maestro italiano Ricardo Muti, que foi maestro residente no Scala de Milão e é actualmente director Musical da Orquestra Sinfónica de Chicago, ao receber o prémio de Músico do Ano, de América Musical, é uma lição magistral sobre a difícil arte de dirigir. Não percam, de certeza que vão ver uma e outra, e outra vez, admirados por ouvir dizer de uma forma tão simples o que inúmeras lições de liderança não conseguem transmitir. (Desculpem mas não consegui por aqui o video...:)
5 comentários:
Sim, sim, concordo plenamente cara Drª. Suzana.
O Maestro demonstra um domínio perfeito na "arte" de conduzir.
Repare-se que desde o início até ao minuto 6º, Ricardo Muti, conduz a assistência, perparando-a para o "Grande Finale", discursando livremente e, de uma forma súbtil, levando a plateia, a rir-se de si mesma, julgando que se ria da falsa modéstia do Maestro. Ao minoto 6º, a plateia apercebe-se de que o sentido que as palavras transportam, não é aquele que julgam e nessa altura, os risos e os aplausos abrandam, as pessoas hesitam e quedam-se a escutar aquilo que realmente são as suas reflexões e conclusões.
Boa direcção!
Ha uns anos, em conversa com um amigo que trabalhava numa grande empresa, ele lamentava-se que sempre que participava numa reunião e pretendia apresentar uma ideia inovadora, nunca conseguia captar a atenção, tanto dos membros da direcção, como os outros chefes de sector.
Aconselhei-o a levar para a próxima reunião, em cima dos dossiers umas quantas folhas soltas de que não precisasse e que simulasse um atraso, por forma a entrar quando todos já estivessem sentados, captando assim a atenção de todos e, para garantir essa atenção, que fingisse tropeçar e deixasse que as folhas soltas se espalhassem pelo chão, o que iria provocar a gargalhada dos colegas, fragilizando-lhes a posição perante a administração.
Algum tempo depois, este meu amigo contou-me; sabes? fiz aquilo que me aconselhaste, e deu resultado!
Pois... só podia! Respondi-lhe.
Verdadeiramente admirável!
A expressão,as palavras, o conteúdo do discurso, o gesto, o tom, o humor, o crescendo conduzem o espectador sem resistência e com todo o encantamento. Sublime!
Uma fantástica lição de liderança!
Existem várias percepções sobre a liderança. Uma delas, a capacidade de inspirar as pessoas, é demonstrada com toda a mestria por Ricardo Multi.
Há muita gente que pensa que os que ganham dinheiro se limitam a fazer os gestos que aos olhos dos ignorantes são fáceis. Daí a quererem ganhar o mesmo limitando-se a copiar os gestos vai um passo, são os falsos gestores, os falsos lideres, os falsos homens de êxito porque sabem vender bem a sua imagem, "olhando para o céu", como se daí recebessem a sua inspiração, como diz o maestro. Aí,como ele diz, consegue-se impressionar muita gente e receber aplausos e o cheque, mas é preciso evitar olhar para a orquestra, ou seja, para os que sabem distinguir um impostor. Do mesmo modo, há os que, não percebendo o talento eo génio que guiam o braço, acham que o movimento não merece o valor do cheque, e desatam numa gritaria e exigir que lhe baixem os pagos. É por isso que é tão frequente termos "polícias" a fazer de maestros e génios a aceitar ser pagos como "polícias". Do gesto ao génio, da dificuldade à capacidade de captar a essência, vai um abismo.
Muito bom, Suzana. Nos tempos que passam faz-nos bem confrontar com um discurso como este. Pleno de oportunidade.
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