Ontem, o Ministro Álvaro Pereira, acompanhado de vários Secretários de Estado, esteve todo o dia a ser ouvido no Parlamento sobre a política e orçamento do seu Ministério. Suspeitava eu que, no intervalo da prolixidade de muitos Deputados que gostam é de se ouvir nas perguntas, já que ignoram ou desprezam as respostas, teria intervindo várias vezes para elucidar os representantes do povo sobre as questões colocadas.
Suspeitava, mas enganei-me redondamente. A avaliar pelos principais telejornais de ontem e pela informação de hoje, o Ministro e os seus Secretários de Estado estiveram sempre calados. Com a única excepção de o Ministro ter dito que o ano de 2012 seria o ano do fim da crise ou que seria o ano do princípio do fim da crise. Facto que deu pretexto aos mais fundamentalistas, primários e grosseiros comentários. Mesmo que, face ao contexto em que o referiu, o significado seja exactamente o mesmo, também os puros, sempre exactos e talibânicos jornalistas não perderam a ocasião de ver aí uma “colossal” contradição. Fazendo, deputados e jornalistas, tábua rasa da inteligência alheia.
E por aqui se teriam ficado as longas horas do debate parlamentar, caso não se desse a maltrapilha e carroceira invectiva ao Ministro por parte de um Deputado e a que me referi no meu post anterior, e que a exigente comunicação social logo tomou como um dos pontos dominantes do debate. Com particular destaque para uma venerável jornalista que grotescamente “lamentou” que tais palavras não tivessem tido mais impacto por não terem tido resposta do Ministro...
Enfim, vamos tendo os bobos que merecemos, nos media e no Parlamento. Com todo o respeito aos bobos que, esses, sabiam ao que iam e, quando exorbitavam, eram punidos. Agora, são promovidos. No caso, a deputados ou a jornalistas.
Suspeitava, mas enganei-me redondamente. A avaliar pelos principais telejornais de ontem e pela informação de hoje, o Ministro e os seus Secretários de Estado estiveram sempre calados. Com a única excepção de o Ministro ter dito que o ano de 2012 seria o ano do fim da crise ou que seria o ano do princípio do fim da crise. Facto que deu pretexto aos mais fundamentalistas, primários e grosseiros comentários. Mesmo que, face ao contexto em que o referiu, o significado seja exactamente o mesmo, também os puros, sempre exactos e talibânicos jornalistas não perderam a ocasião de ver aí uma “colossal” contradição. Fazendo, deputados e jornalistas, tábua rasa da inteligência alheia.
E por aqui se teriam ficado as longas horas do debate parlamentar, caso não se desse a maltrapilha e carroceira invectiva ao Ministro por parte de um Deputado e a que me referi no meu post anterior, e que a exigente comunicação social logo tomou como um dos pontos dominantes do debate. Com particular destaque para uma venerável jornalista que grotescamente “lamentou” que tais palavras não tivessem tido mais impacto por não terem tido resposta do Ministro...
Enfim, vamos tendo os bobos que merecemos, nos media e no Parlamento. Com todo o respeito aos bobos que, esses, sabiam ao que iam e, quando exorbitavam, eram punidos. Agora, são promovidos. No caso, a deputados ou a jornalistas.
9 comentários:
Caro Dr. Pinho Cardão, assinala com extrema acutilância um facto que a meu ver, limita enormemente a profiquidade dos debates e que consiste no facto de muitos deputados, e não só, falerem com a nítida postura de o estarem a fazer para si mesmo. Por vezes, assalta-me a duvida, se estarão convencidos daquilo que estão a dizer e da eficácia das ideias que defendem.
Bom, de qualquer modo, deixe-me rebater, caro Dr. Pinho Cardão que apontar 2012 como o ano do fim, ou o ano do princípio do fim, seja daquilo que for, em minha opinião não é, nem poderá o significado de ambos, ser a mesma coisa; a menos que se esteja a pensar na rábula do copo meio-cheio e meio-vazio... depende do ponto de vista.
Agora, aquilo que todos deveríamos compreender, é que os resultados dos esforços e das convergências dos mesmos para tentar pôr fim à crise, é imprevisível e não datável.
Esse resultado, não depende exclusivamente da vontade de um ministro ou de um governo, os factores que o influenciarão são muitos e alguns colidem com outros.
O facto, contudo, não pode, nem deve, nunca, ser desculpa, ou motivo de desalento, tão pouco de acusação ao desempenho do ministro.
Caro Bartolomeu:
Na declaração feita, o Ministro baseou-se nas diversas projecções da OCDE, da Comissão Europeia, do BCE, da Troyka, do próprio governo (e porventura nas suas próprias convicções pessoais), que prevêem que em 2013 já haverá crescimento económico.
Assim sendo, 2012 seria o ano do fim da crise, ou o ano do princípio do fim da crise. A mesmíssima coisa, em termos substanciais, só mudando a semântica.
Acontece que se liga muito à semântica e pouco à substância.
...o que não deixa de ser dinheiro bem gasto e faz de nós, contribuintes, muito felizes com o resultado da câmara de deputados que, só em subsídios de natal e férias, nos custa 2,5 milhões de euros. Bem hajam!
O comentario de Tonibler faz-me pensar quão merecidos seriam os tais subsídios de férias e de Natal aos que, na AR, têm de aturar a arrogância bocal de Paulo Campos e outros que tais, se o presidente do CA da AR nao tivesse esclarecido, já, publicamente, que nao seriam pagos e que aquela verba seria devolvida ao Tesouro...
Cara MM,
O Paulo Campos é, aparentemente a julgar pela importância que lhe é dada na câmara, "primus inter pares"...
Caro Pinho Cardão,
O que este episódio tem de pior é a imagem de "fim-de-festa" que nos transmite...
Tal como Bisâncio se entretinha, há alguns séculos, com a discussão do sexo dos anjos,sem reparar que os bárbaros se aproximavam para destruir o império do oriente, tb estes lamentáveis parlamentares, que não têm literalmente "modo de vida" útil, passam a vida em discussões absolutamente parvas e idiotas, com os novos "bárbaros" (os credores) quase à porta do Parlamento...
Que ignorância e inconsciência habita os cérebros destes faladores do sexo dos anjos?
Creio, pese a minha deformação profissional, os espectáculos na Acrópole lusitana ou Circo de S. Bento, resultarem de um erro muito simples.
A falta de uma liderança de facto do seu nº1.
Havia de ser bonito, um/a presidente a mandar calar um tal de Paulo Campos, aconselhando-o a rebater tecnicamente o ministro e parar aí.
Lá se ia a facilidade de ser político e democrata por ali.
Quanto ao ministro, cujas palavras ouvi em directo no carro,
também convinha não abusar do sonho cor de rosa.
O exemplo grego e italiano, denotam algo de novo a leste: o envelhecimento e apagamento dos partidos políticos.
Sim, o que teve destaque noticioso foi a "dúvida" sobre se estava decretado o fim do princípio da crise ou, pelo contrário, o princípio do fim da crise.Magna questão, essencial mesmo, na falta do que interessa. Mas o facto é que o Ministro já devia ter aprendido que este é o tipo de afirmações totalmente inúteis, senão mesmo irritantes, que só podem gerar confusão. O que é que ele ganha em anunciar o que não faz ideia se vai ou não acontecer? Ainda precisa de mais provas sobre a imprevisibilidade que, de resto, é diariamente invocada pelo Governo? Pergunto-me se estes fait divers não são propositados, é que já não se consegue entender a insistência...
Começa a surgir no nosso Estado uma nova tendência, a do civilismo em substituição da política. Nas sociedades todas as mudanças tem um princípio, uma origem, e tendem a mudar ou a adaptar algo a um fim, o qual poderá ser de carácter cívico ou particular. O carácter da política nos últimos tempos, tem-se tornado cada vez mais, de carácter particular, favorecendo interesses e lobyes, em simultâneo, têm sido desenvolvidas tácticas de toca-e-foge, de dissimulação e uma regra foi instituída, tornando-se oficial...impunidade é a regra!
A partir daí, meus caríssimos amigos, deixam de ser as regras do jogo a estar viciadas, passando a ser os próprios jogadores...
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