Ao vermos o triste espectáculo do final do jogo da taça de basquetebol, com cenas deploráveis de maus vencedores e piores perdedores, violência e má educação que impediram até que a taça fosse entregue ao Benfica no final do jogo, pensaríamos que seria difícil ver pior. Pois ainda foi possível ver o discurso do Presidente do Benfica, aparentemente em reacção aos acontecimentos, num tom e palavras absolutamente incompreensíveis. E digo incompreensíveis porque não percebi praticamente nada do que ele queria dizer, de tal modo disparou acusações, subentendidos e considerações furiosas supondo que seriam "entendidas" por aqueles a quem queria certamente ofender parecendo que estava a fazer lições de moral. Francamente, não percebo nada de futebol, de basquetebol e, muito menos, dos meandros clubísticos capazes de suscitar tal ódio e violência, e regozijo-me por não saber nem querer saber. É que o que se viu hoje tira a vontade a qualquer um de se interessar, se o clima é aquele, muito mal vai o desporto, que devia ser escola de bons princípios, lealdade e saber ganhar e perder, com os principais clubes a servir de exemplo. O que se viu é terrível e deve ser brutal para todos os desportistas e profissionais que tão bem têm representado o País em competições de alto nível, e para todos os que se esforçam por progredir nas modalidades a que se dedicam e para os adeptos que vibram com as exibições dos seus clubes. Foi muito mau mesmo.
14 comentários:
Temos espectáculos degradantes onde o desporto desapareceu e se enaltece o ódio e o insulto barato.
Triste pais que já não sabe viver com regras e a regra é a violência.
«...se o clima é aquele, muito mal vai o desporto, que devia ser escola de bons princípios, lealdade e saber ganhar e perder...»
Peço desculpa em discordar, Cara Dra. Suzana Toscano. Certas modalidades que foram desportivas, hoje já não o são. E deixaram de ser desportivas, porque foram corrompidas pelo dinheiro. Ou seja, os interesses económicos associados a essa modalidades, ou melhor, à sua exibição e não à sua prática, passaram a render de diversas formas, verbas para os clubes. Daí e porque está envolvido confronto físico dos atletas intervenientes, a competitividade extrapolou o espírito do desporto e passou a encarnar o espírito da economia competitiva.
Temos outro exemplo nas condições principescas que são concedidas aos atletas, técnicos, equipe médica, etc, que integram a Selecção Nacional de futebol. E coloco de imediato a questão; o que é que está em jogo? a representação nacional na modalidade e a demonstração das capacidades físicas e técnicas dos jogadores do país que foram selsccionados? Ou um status que não possuímos e que é completamente descabido, face à actual situação económica do país e ainda porque o espírito atlético da modalidade não é compatível com tão vasta exibição de recursos?
Bom, mas no início do comentário referi que não concordava com o excerto da frase que transcrevi, pelo seguinte: Existem modalidades desportivas onde prevalecem os valores éticos e morais que ajudam a construir e a solidificar personalidades, carácters e dão como resultado, seres humanos bons.
Essas modalidades, não estão ainda corrompidas pela vileza do dinheiro, talvez porque não constituem ainda, fonte de rendimento para as cadeias do audiovisual.
Que assim se mantenham, é o meu desejo, apesar de muitas delas, por falta de meios, continuem a existir sob fortes condicionantes.
Concordo inteiramente consigo, Suzana. Mas é preciso "ler" estes acontecimentos noutra perspetiva. A sociedade está enferma, gravemente enferma, e o que assistimos são meros sintomas que se manifestam através ou no desporto, mas daqui a saltar para outras arenas é um ápice. Resta saber qual o papel dos dirigentes, porque são determinantes quer para o melhor quer para o pior. Deste modo, caso os "chefes" máximos se comportem de certa maneira, a carneirada começa a fazer das suas. Ódios, raivas, frustações contidas é o que não falta por aí.
Tanta crispação e tantos "gajos" a alimentarem-se dos impulsos básicos do homem! Política, comunicação social, desporto, economia, são boas áreas para se observar este fenómeno.
Cara Suzana:
Tem toda a razão. Lamentavelmente, instalou-se um clima de provocação, que muitas vezes tem levado à violência, e violência brutal. Não vale a pena dar exemplos, eles são comuns a norte e sul, nem vale a pena saber as causas próximas ou imediatas. Porque a grande causa está normalmente nas palavras incendiárias dos dirigentes, exprimindo frustrações e descarregando-as sobre os adversários. A grande causa está também na comunicação social que difunde essas alarvidades como se de sábias palavras se tratasse. Mais do que difundir, persistentemente divulga e toma partido. Os adeptos são instigados por essa propaganda e pequenas coisas tornam-se o rastilho de violência. E aqui a comunicação social torna também a ter culpas: o tipo e a extensão do relato e da publicitação, a condenação ou a desculpabilização diferem consoante a zona do país onde é praticada. Toda a violência e declarações boçais de dirigentes têm que ser condenadas. Aí não há bons nem maus, são todos maus.
Claro que agora vai fazer-se um inquérito. Que vai provar o que já está provado. Os que vêm ateando o rastilho e continuam e continuarão a ateá-lo, ficam a rir-se. E os jornais continuarão a fazer primeiras páginas com tais boçalidades. Uma vergonha.
Apenas para terminar: hoje, um jornal da capital tem o desplante de comparar violências (a aqui referida e a de apagar as luzes da Luz, no ano passado, e a da projecção da água sobre os jogadores quando o Porto festejava o título) , para concluir que uma é melhor do que outra.
Por que não se condenam ambas de igual forma?
Caro Bartolomeu:
Não creio que tenha razão quando liga a violência à corrupção do desporto pelo dinheiro.
Em muitas terras deste país (e de todos os países) há jogos de amadores, sobretudo de futebol, onde a paixão se transforma em focos de violência, maior ou menor. Não assume geralmente grande importância porque as assistências são diminutas e os fogos apagam-se mais rapidamente.
O que difere é o palco (milhares de pessoas, com as coisas mais difíceis de controlar) e o incitamento dos dirigentes.
No fundo, as teorias de Rousseau que dizem que o homem é bom e a sociedade é que o estraga não têm validade. O homem é um animal, e só a moral, a ética, as leis, para muitos a religião, é que sustentam uma vivência mais ou menos pacífica. Pôr as culpas no dinheiro é mais uma desculpa. Penso eu de que...
Independentemente das causas que o caro Dr. Pinho Cardão apresenta e as quais não refuto, évidentemente, percebo que as astronómicas quantidades de dinheiro envolvido em algumas modalidades, é causadora da agressividade entre os adeptos. Não de forma directa, mas, enviosada, originada por exemplo pelas más arbitragens, porque os dirigentes ou alguém por eles, corrompe os árbitros. Desde que os clubes passaram a SAD's sabe o caro Dr. PC melhor que eu, que os clubes se transformaram em empresas que defendem capitais, investimentos e fontes de receita, mexem fortemente com a economia do país, envolvem somas astronómicas. Sabe também, certamente, que quando os grandes clubes de futebol baixam os resultados, baixam com eles as acções cotadas em bolsa. Tudo aquilo a que assistimos nas modalidades mais "importantes" do desporto, tem na sua origem alguma relação com dinheiro, esta é a minha opinião.
Luís Filipe Vieira na recepção dos campeões de basquetebol:
«Será que alguns dirigentes deste país só gostam da atuação da Polícia quando esta os avisa que tem de fugir para não serem presos? Um ladrão não deixa de ser ladrão por declamar poesia! Um ladrão não deixa de ser ladrão por ir ao Papa! Um fugitivo da justiça não o deixa de ser apenas porque alguns juízes decidiram assobiar para o lado!»
(Jornal "A Bola" - 24/05/2012)
Completamente de acordo cara Dra. Suzana.
Agressividade verbal, acusações e juízos de valor velados com destinatário implícito, além de não acrescentar valor aos clubes, afastam os simpatizantes que não se revêem nestes comportamentos.
A “guerra” clubística Norte/Sul, alimentada de bitaites, de parte a parte, servirá quando muito de estímulo a desacatos nos estádios, onde frustrações derivadas dos graves problemas sociais e políticos encontram chama que incendeia.
UPS! reveem*
:)
Nada como uns exemplos da natureza humana para ter os pés bem assentes na terra.
o Titulo do post é "Foi muito mau"...e de facto foi!
Infelizmente, o "FOI (..)" devia ser trocado por "CONTINUA (..)" TUDO muito mau.
Veja-se o comunicado de resposta ao cuminicado referente aos confrontos...e entenda-se que estão bem uns para os outros!
Se o que já conheciamos :antecedentes + confusão na final + comunicado original : não chegasse, temos agora isto:
"(...)
8 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que fecham os olhos à forma como o leitor enriqueceu. É o alpinismo social.
9 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que confundem risco com linha, ou que julgam que coca-cola só tem quatro letras. (...)"
Ou seja a estupidez é de facto como o Universo: expande-se continuamente !
Sim, caro Pedro, COMNTINUA, eu diria que vamos de mal a pior! Ouve-se e não se acredita, estará tudo louco? Realmente, como aqui se comenta, se o exemplo é este, vindo dos dirigentes dos maiores clubes nacionais, só pode mesmo assustar-nos pelo que pode significar de violência à solta e desavergonhada. Ao menos que se arrependessem, que corassem de vergonha ao ouvir o que disseram, que pedissem desculpas pela cólera em direto transposta para um discurso escrito sem qualquer retraimento, mas não, a resposta não se fez esperar e fez questão de rivalizar nos termos e na vergonha. Custa a crer, de facto.
Eu só gostava de acrescentar que a Caixa Geral de Depósitos patrocinou o espectáculo. O bom de ser um contribuinte português é que estas cenas têm sempre por cima o logotipo da CDG...
Que a CGD pague o circo ainda se compreende. Tem que disfarçar muita coisa...
Pois é, Suzana, as "escolas de bons princípios" desapareceram. O verniz é de tão má qualidade que parte com facilidade. Pergunto-me se terá havido muita gente assim tão chocada e perplexa com tal grosseria. As pessoas acabam por achar normal. É perigoso e triste.
Coitada da CGD, caro Tonibler, também não se pode pedir que preveja tal grau de grosseria e agressividade num final de basquetebol, até me parece bem que patrocine este tipo de iniciativas desportivas, tal como me parece muito bem que nunca mais patrocine coisa nenhuma que envolva os protagonistas desta natureza.
Talvez tenha razão,Margarida, se calhar já nos vamos habituando ou se calhar há um grau de tolerância tal quando estão envolvidos os dirigentes dos grandes clubes de futebol que se ultrapassaram todas as marcas. Em qualquer caso devia ter dado um escândalo público, mas não vi nenhum massacre televisivo ou jornalístico, nem uma torrente de comentadores e mesas redondas a dizer que estes senhores não têm condições para dirigir grandes ou pequenos clube, que devem demitir-se, que foi um exemplo intolerável, etc, etc, enfim, qualquer coisa que pelo menos os inibisse de repetir tal espetáculo em direto nas televisões.
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