Uma
reportagem do jornal Gazeta da Beira do dia 25 de Outubro ilustra o problema
que os criadores de cabras da Serra de S. Macário e da Gralheira (S.
Pedro do Sul) têm com a proliferação dos lobos. Entre vários exemplos vivos, um
jovem agricultor que recebeu fundos do PRODER, mantém um rebanho de cabras na
serra e vai perdendo gado todas as semanas.
Jornalista:
Está a ter muitos prejuízos causados
pelos lobos?
Agricultor:
Sim,
muitos, estamos a ter dois ou três ataques por semana
Jornalista:
Quantos animais perde em cada ataque?
Agricultor:
Perdemos,
três, quatro e cinco animais em cada ataque…
Jornalista:
O número de mortes tem vindo a aumentar?
Agricultor:
Em
dois anos, os rebanhos foram reduzidos para metade.
Outro
popular vai referindo: “isto do lobo não
tem jeito nenhum andar aí, é que tudo o que a gente trabalha destrói. Isto não
é só destruir cabras, é que a gente para ter cabras tem que ter milho que nos
dá muito trabalho e o lobo todos os dias apanha gado ao pessoal”.
Por
causa de tudo isto, um outro agricultor que teve 200 cabras reduziu o rebanho
para 23.
Caricato
é que um Estado, o da Agricultura,
financia os rebanhos e outro Estado, o da Natureza,
tudo faz para os dizimar, e que um outro Estado
qualquer, por sua vez, diz que trata de indemnizar. Uma verdadeira indústria do desperdício que só pôde ter sido
montada por fundamentalismos da natureza e burocratas sem ética nem moral. É que
o ICN teoricamente paga as cabras mortas, mas elas têm que ser apresentadas
para verificação do óbito. Alguma vez imaginaram essas luminárias o que é
recolher restos de cabras pelo alcantilado das serras e transportá-las para o necessário visionamento técnico? E como
é que cabras que efectivamente foram comidas podem ser encontradas? Por isso, os
agricultores, que só vêem indemnizadas cerca de 20% das perdas, baixam os braços e deixam os rebanhos.
Remédio?
Claro que a sabedoria popular tem o remédio santo: matar os lobos, como
tradicionalmente se fazia, a tiros de caçadeira. Só que agora é proibido, é
crime de lesa-natureza.
Precisamos
de uma agricultura capaz de produzir, criar emprego e riqueza? Nada disso. Para
os fundamentalistas da natureza, o que precisamos é de criar lobos. Do conforto
dos seus gabinetes vão-se congratulando com o monstro que criaram e alimentam.
Os humanos, pois que se lixem!
Por mim, mandava-os todos guardar cabras e defrontar os lobos. Ao frio, ao vento, à chuva e à neve. E sem espingarda, claro está!
10 comentários:
Li e concordo que vivemos num tempo em que os valores se alteraram profundamente e aqueles que fazem as leis estão longe das realidades que os naturais vivem.
À morte destes lobos políticos sem nada na cabeça.
Dado que não podem dar tiros arrangem setas carregadas de veneno letal e vamos à luta...
A sobre-população vai acabar com quase todas as espécies que não sejam pragas ou alimentos humanos. Logo, tem toda a razão, é um desperdicio lutar contra a maré.
Em Montesinho, numa altura que decidi passar uns dias em turismo rural, conheci um pastor também de cabras.
Não era um pastor "do antigamente", nem sequer era já um pastor do tempo do "tou xim... é pra mim...", mas sim, um pastor dos tempos modernos. Trajava artigos de marca, desde as botas, passando pelas calças, camisa, colete e boina, ao jipe Range Rover, em que se fazia deslocar por caminhos de terra batida, até ao local "aramado" onde pacatamente, um pastor invisível apascentava as pacatas cabrinhas.
Para quê perder tempo a guarda-las se viria alguém verificar o "óbito" caso algum lobo atrevido se lembrasse de invadir o local? O único incómodo seria somente ir a Bragança levantar o correspondente cheque, mas pronto, do mal o menos.
No fim, até pode ser que o subsídio venha a ser de valor superior àquele porque o animal seria vendido para o abate e consumo humano, descontados os suplementos alimentares, as vacinações, os transportes e as inspecções sanitárias.
Secalhar, era melhor negócio criar para alimentar as alcateias, que os humanos...
;))
Caro Pinho Cardão, e se o convidarem para caçar gambuzinos, também vai, coerentemente com a ingenuidade de que dá mostra neste post?
Pense dois ou três minutos, avalie os dados em concreto, e verá que tudo isto pura e simplesmente não pode ser verdade.
E não é, efectivamente.
1) Ninguém tem de andar com restos de cabras para ser ressarcido, os funcionários do ICNB (agora ICNF) é que se deslocam onde for preciso;
2) O número de queixas por ataques de lobo são reduzidíssimos, comparados com as petas de que essa notícia está cheia (e que a câmara de S. pedro repete acefalamente);
3) Está mesmo convencido de que um pastor que sofresse dois ou três ataques semanais de lobos, que lhe comessem quatro a cinco animais vinha para os jornais protestar em vez de arranjar uns cães de jeito e juntar uma malta amiga para dar cabo dos bichos?
4) As cabras têm diminuído porque a média etária dos pastores está acima dos setenta anos, portanto compreende-se que seja difícil manter rebanhos (admitindo que se mantêm os pastores, coisa que nem é muito certa);
5) Já se interrogou quais são as necessidades diárias de alimentação de um lobo?
6) E como fariam os avós destes pastores, quando havia por ali mais lobos?
Caro Pinho Cardão, isto tresanda a assalto aos seus impostos.
henrique pereira dos santos
Já agora, uma histórinha para entreter:
http://ambio.blogspot.pt/2012/10/novas-historias-do-lobo-mau.html
henrique pereira dos santos
Caro Henrique Pereira dos Santos:
É a narrativa vista de Lisboa; por lá, sei-o bem, é outra...
Entre as duas deve estar a verdade.
Mas que a protecção aos lobos é bem mais desvelada que a protecção aos rebanhos, isso é que não tem dúvida.
Quanto aos gastos, o mal fundamental não está em pagar cabras mortas, esse é o efeito; o mal está no batalhão de burocratas que vivem à custa do lince da malcata e do lobo ibérico. Este, por sinal, que gosta de cabras do monte...
Está enganado, caro Pinho Cardão. Em Covas do Monte não há pastores (a não ser um velhinho) mas apenas proprietários que deitam o gado ao monte. O pastor acompanha o gado, tem cães que enfrentam o lobo (sabia que na serra da Arada, mesmo ao lado, os rebanhos do sr. Ernesto quase não têm prejuízo, simplesmente porque ele é mesmo pastor?).
E não, não é a visão de Lisboa.
Sabia que eu sou o gestor deste projecto, que por sinal se desenrola numa área com mais lobos que em Covas do Monte:
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=567727&tm=8&layout=121&visual=49
E quanto a burocratas que vivam à conta do lobo e do lince da malcata, posso garantir-lhe que são muito menos que os que vivem à conta da regulação bancária, por exemplo (e vivem muito pior, já agora). Eu sei que me responderá que estamos a falar de coisas muito distintas, porque uns produzem e os outros empatam.
E eu responder-lhe-ei que o ácido acetil salicílico se chama assim (comercialmente chama-se aspirina) porque foi sintetizado da casca do salgueiro (salix) tal como a grande maioria dos medicamentos.
E que a biodiversidade assegura pelo menos um terço da economia do mundo (enfim, directa, indirecta é toda).
Mas nada disto é muito relevante para o post, o fundamental do post é que está a reproduzir informação sem pés nem cabeça e que é redondamente falsa.
henrique pereira dos santos
PS. S. Pedro do Sul, onde é Covas do Monte, é de onde é originária a minha família paterna, não é a visão de lisboa, não
As parvoíces que se vão lendo nos posts deste blogue nunca deixam de me espantar.
Agora já não se ensina no secundário a ter um bocadinho de sentido crítico antes de mostrar a alguém as parvoíces que nos passam pela cabeça?!
As "notícias" de que o meu caro Pinho Cardão se serviu para construir o post são como a maioria, sensionalistas, escolhidas pelo odor a escândalo que transportam. Não conheço a situação das alcateias de S. Macário, mas posso depor, por experiência vivida no lugar de responsável político pela conservação da natureza durante alguns meses, que a maioria destas notícias resulta de uma exploração oportunística de alguns estagiários de jornalismo.
Quando há uns anos atrás, em trás os montes, se aperceberam que cabras e ovelhas mortas por lobos era sinal de indemnização, aconteceu uma enorme mortandade, desaparecimento de gado como nunca havia sido visto. Tão grande, tão grande, que só seria possível se as alcateias fossem muito mais numerosas do que infelizmente eram.
Não sei se neste caso há aproveitamento ou não. O que eu sei é que, com mais ou menos polémica, mais ou menos abertura de espírito para acreditar que a biodiversidade e a conservação da natureza não são deseconomias, bem pelo contrário, noutras paragens vem-se conseguindo estabelecer os equilíbrios necessários para que travar a acelerada perda do património genético. Oxalá em Portugal haja consciência dessa necessidade e vontade para prosseguir políticas públicas nesses domínios, com bom senso, naturalmente.
Oh meu caro Pinho Cardão,
Este post correu-lhe mal, caramba...
Um abraço!
Enviar um comentário