O furacão Sandy provocou em Nova Iorque e em várias cidades
americanas uma devastação que só estávamos habituados a ver em países ditos pobres
onde as imagens, por muito impressionantes que fossem do ponto de vista humano,
não nos causavam a perplexidade e a insegurança que ontem assistimos. De facto,
habituámos-nos de certo modo a ter a arrogância da invencibilidade, os
complexos e sofisticados sistemas de construção de uma cidade como NY, todas as
precauções, a forma fantástica e eficaz como funcionaram as instruções à
população, a movimentação de milhares e milhares de pessoas para longa das suas
casas, tudo parecia previstyo e acautelado e
tudo isso passou a segundo plano com as imagens da dimensão do desastre.
Em poucas horas, muitas cidades americanas, incluindo a maior, ficaram
completamente paralisadas, inundadas, sem luz, sem água, sem nenhuma capacidade
de enfrentar as forças da natureza a não ser fugir, esperar, ter medo. Faz-se
agora o balanço terrível da passagem de Sandy e custa a crer na fragilidade da
civilização, mesmo da mais sofisticada, talvez por isso mesmo mais dependente
de que tudo funcione e mais perplexa com o grau dessa dependência quando, de um
momento para o outro, tudo deixa de funcionar. As forças da natureza encontram
sempre forma de nos lembrar que somos apenas meros habitantes.
8 comentários:
As catástrofes naturais de grande impacto recordam-nos a frágil precariedade dos meios que temos para nos defendermos.
vão de pedir auxílio económico à China
É verdade, cara Drª. Suzana. Mas nem mesmo assim, perante a dimensão da tragédia e a evidência da superioridade das forças da natureza, quando em confronto com as humanas, os governos mudam de políticas quanto ao uso e abuso dos recursos naturais do planeta, quanto ao uso dos produtos químicos e ao excesso de poluição.
Apesar de todos os estudos científicos e de todos os alertas emitidos pelos especialistas em fenómenos meteorológicos, císmicos, geológicos, e ambientais, os poderosos mega -indústriais insistem em manipular os povos, iludindo-os com o conforto proporcionado e comprando governos, para continuar a aumentar os seus lucros, convencidos que os recursos naturais são infindáveis e que o equilíbrio ambiental é algo de mágico, para o qual alguém possui uma varinha mágica.
21 de Dezembro aproxima-se e eu deposito total espectativa nesse dia, mesmo duvidando que sobreviva, mas acreditando que aqueles que ficarem, tenham oportunidade de começar tudo de novo, de uma forma muito mais consciente e equilibrada.
Há uma regra muito importante que merece ser destacada. A natureza não é cruel. Ê apenas indiferente aos interesses de uma espécie, a espécie humana. A partir daqui tudo é possível....
http://www.sgi.org/resource-center/ngo-resources/education-for-sustainable-development/seeds-of-hope.html
À margem, não deixa de ser interessante verificar, também pelo tratamento dado a este fenómeno, como vivemos num mundo desigual. Catástrofes naturais como esta, e outras com efeitos bem mais devastadores, sucedem-se todos os anos, atingindo sobretudo o sul e parte da costa oriental da Àsia, e muitos dos arquipélagos do Pacífico sul. Ocorrem, amiúde, ali bem perto nas Caraíbas ou na América do Sul com chuva mais intensa, ventos mais velozes, efeitos mais violentes do que os do Sandy. Contabilizam-se centenas, por vezes milhares de vítimas. E passam quase despercebidos. Mas só NY é palco da uma Frankenstorm e da comoção geral porque o metro teve de parar, estouraram meia dúzia de transformadores, encaram um apagão parcial de alguns dias ou sofrem prejuizos correspondentes ao valor dos bens atingidos. É outro mundo, indeed...
... ou não estivessem os americanos em campanha de eleições, caro Dr. José Mário... capitalismos à parte, obviamente.
Suzana
A força da natureza mostra-nos como somos frágeis. Parece que quanto mais "sofisticados" somos, mais sofisticada é a brutalidade de certos fenómenos perante os quais o homem fica impotente para se defender...
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