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domingo, 15 de setembro de 2013

Cena vulgar de campanha

Por entre buzinadelas de automobilistas impacientes, atravessou lento e barulhento um grupo empunhando bandeiras, gritando o que se tornou impercetível, avolumando os gritos cada vez que se aproximavam de um grupo mais compacto de transeuntes. À frente o candidato em versão popular, sem a habitual gravata, t-shirt sem o seu nome, ladeado por uma ou outra figura que me pareceu pública, daquelas que aparecem amiúde na TV não sei bem em que papéis. Mantive-me ali algum tempo vendo o candidato e o seu grupo em ação de campanha. Não tiveram muita sorte apesar da multidão que aquela hora deambulava pela rua. Das centenas de pessoas com que se cruzaram somente duas ou três aceitaram receber a propaganda (pareceram-me, aliás, turistas...). A maioria desviou-se ostensivamente da comitiva, evitou o candidato, atitude cerrada, sem outra reação áquela agitação. E o grupo lá foi, rua abaixo, indiferente à indiferença. Logo à noite será melhor. Grande jantar comício onde não comparecerá uma única alma que já não se tenha declarado fiel. Mas que importa? A campanha é dos alegres, é de festa...

2 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Deve também ser vulgar um grupo de jovens em estilo desportivo-partidário munidos de uma picareta de um martelo, trazendo às costas dois postes de metal e um cartaz (de dimensões razoáveis), decidirem abrir dois buracos no passeio para colocar a dita propaganda. Quem autorizou que o pudessem fazer? Julgo que ninguém. Cada um faz o que quer, como quer, onde quer, como se a cidade fosse sua propriedade. Quase nada mudou, há menos dinheiro, mas as cabecinhas são as mesmas. Não é preciso dizer mais nada.

Bartolomeu disse...

Se a campanha é dos alegres... e de festa, então é certo e sabido que durante o grande jantar comício, muita poesia se recitou. Cujo mote poético terá sido, provávelmente, de indiferença pela indiferença.
Muito eu gostava de assistir ao aparecimento de um candidato, capaz de apresentar um programa eleitoral todo em verso, discursos em verso, comícios em verso, mas versos com métrica, que fisessem rimar coerência com competência, honestidade com responsabilidade, empenho com engenho... vamos ver, pode ser que apareça.