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sábado, 14 de setembro de 2013

Soluções à portuguesa



O que a empregada disse foi: a máquina da roupa não lava bem, a senhora queixa-se de que a roupa fica áspera e antes não ficava. Um dos filhos, de visita a casa da mãe, resmungou, que maçada, é preciso tratar disso.Dias depois a senhora contou a outro dos filhos a avaria da máquina, gasta água e luz e lava mal, ele foi experimentar o botão dos programas, a máquina arrancou, concluiu que era incompetência da  empregada e esqueceu o assunto. Semanas passadas, corriam na família os protestos da empregada por ter tido que passar a lavar a roupa à mão, alguém decretou que a máquina não prestava e que mais valia mandar a roupa à lavandaria. Outro alguém comentou que era com certeza fácil o conserto, as máquinas são todas iguais e já tinha resolvido um problema idêntico numa máquina parecida. Mexeu aqui e ali, abanou, ajustou, depois disso a máquina só lavou meio programa e a roupa ficou a boiar na água. Torça-a à mão, disse o habilidoso à empregada, a máquina não vale o arranjo e uma nova custa mais do que levar os lençóis a lavar fora, assim gasta-se menos água e electricidade. O assunto foi esquecido até se começar a somar a conta da lavandaria, mais os protestos da senhora porque a empregada perdia imenso tempo na rua, roupa para cá, roupa para lá, deixava-a sozinha em casa, vejam lá se isto se admite. A empregada passou a espaçar as idas à lavandaria até que alguém a censurou pela roupa suja acumulada no cesto, a patroa aproveitou para se queixar que na véspera não tinham encontrado a sua blusa preferida, ralharam com a empregada por ir à rua tantas vezes, por não ter a roupa pronta, por ter estragado a máquina, por gastar tanta electricidade, por não ser responsável,ela respondeu que sem máquina nada feito e que a culpa foi de se meterem a mexer sem saber, a conversa azedou, disse que então ia embora, então vá, afinal a máquina tem arranjo ou não, o melhor é comprar uma nova, não, telefona-se primeiro à assistência da marca, gastaram dinheiro na lavandaria, no arranjo da máquina, pediram desculpa à empregada que falou logo em aumento de ordenado e a patroa comentou que afinal aquilo da roupa áspera mal se notava, depois de arranjada a máquina até parece que ficou pior, se era para tanto barulho, tanta despesa e ficar pior, mais valia nunca se ter queixado da máquina.

14 comentários:

Bartolomeu disse...

Com este "swap" ficou a ganhar a empregada; arriscou, é certo, mas o risco originou uma compensação: recebeu aumento de ordenado e uma "aura" que lhe permite no futuro, perante uma situação de desacordo com a patroa, colocar-se em bicos-de-pés e avisar: lembre-se do episódio com a máquina de lavar roupa...
;))

Anónimo disse...

Ahahahahahah! Problemas domésticos muito Portugueses mas que me fizeram dar uma sonora gargalhada. É que um dos (entre varios outros) meus problemas domésticos com as empregadas e motivo pelo qual varias não aceitaram estar ao meu serviço ou se foram embora de minha casa quando perceberam que eu falo a sério é precisamente o tratamento da roupa. Sou muito minucioso com a questão da roupa e há várias peças que não quero que sejam lavadas na máquina. Têm que ser lavadas à mão. O problema é que hoje em dia as empregadas não estão para ai viradas...

Luis Moreira disse...

Eu tenho uma empregada há 30 anos ( sempre a mesma ) e não faço ideia nenhuma como é que ela lava a roupa...

Anónimo disse...

Caro Luís, eu tenho várias peças de roupa pelas quais tenho um carinho especial por estarem associadas a momentos ou eventos em particular. São peças que vão muito além da perspectiva utilitária de cobrir o corpo e proteger do frio. Daí ser tão exigente quanto ao tema. Sou-o, aliás, em tudo quanto toca o estado da casa e do que me rodeia.

Bartolomeu disse...

Uma vez que o tema do post é afinal dedicado às tarefas doméstica, com especial incidência específica na lavagem de roupa suja (o que eu não tinha percebido até ler os comentários dos estimados Zuricher e Luis Moreira), aqui lhes deixo um tema musical relacionado:
http://www.youtube.com/watch?v=clrmt-sb-P4
O qual confirma as vossas afirmações; não ha máquina que substitua o trabalho manual... aplicado, vigiado, controlado e... saneado.
;))

Luis Moreira disse...

O que eu queria dizer é que a senhora nunca se queixou da máquina mesmo quando avaria.

Rui Fonseca disse...

Uma excelente parábola.
Cinco em cinco.

Lá em casa não há destes problemas. Não temos empregada, nunca tivemos, aliás. É coisa de país subdesenvolvido. Falo a sério. Vejam as estatísticas. Comparem, quanto ao assunto, a Índia com a Noruega, por exemplo.

Suzana Toscano disse...

Caro Luís Moreira guarde bem essa empregada, isso já não existe, mas aposto que não tem um monte de pessoas a decidir sobre o arranjo da máquina e a dar ordens contraditórias à empregada!

Bartolomeu disse...

Cara Drª Suzana, vai desculpar-me mas discordo do conselho que dá ao nosso amigo Luis Moreira.
Se a empregada já o serve ha 30 anos, está na altura de a entregar para abate e adquirir uma nova, mais sofisticada e familiarizada com as tecnologias mais recentes.
Estes equipamentos domésticos apesar de não possuirem componentes electrónicos como os actuais, já possuem um design desactualizado e os processos de funcionamento arcaicos tornaram-se obsoletos pela demora na execução das tarefas. Além de que, tendem a não reconhecer e a não executar com facilidade e eficiência as ordens que lhes são dadas.
;))

Luis Moreira disse...

A Drª Suzana é que tem razão. Com uma empregada destas não há tecnologia nem mais nem menos recente.

Bartolomeu disse...

Olhe que não, caro Luís Moreira, olhe que não. Pelos vistos o caro Amigo não está ainda familiarizado com a alta tecnologia que é possível importar do Brasil... de Copacabana...

Luis Moreira disse...

eheeh dessa tecnologia sei pouco. Aí está como a D. Emília afinal não é perfeita.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Toda a gente ralha e ninguém tem razão! No fim é o descrédito total. Prejuízos, ineficiências, perdas de tempo, reivindicações, culpabilizações, insatisfação, enfim, um sem acabar de coisas a evitar. À portuguesa, pois com certeza!

Suzana Toscano disse...

O caro Luís Moreira parece um pouco fora da modernidade, a valorizar a experiência, a lealdade e a autonomia de decisão da empregada ;)