De repente os adolescentes cresceram, acabaram os Erasmus, regressam à casa que agora lhes parece pequena e cheia de pais zelosos e metediços. Amigos espalhados por esse mundo fora, deslocam-se com uma facilidade impressionante, conversam sobre realidades diferentes, adaptam-se de um momento para outro a novas formas de viver.
Um pequeno grupo de amigos reunido para a passagem de ano trouxe à baila o inevitável tema: os filhos, as dúvidas, as perplexidades, será que faço bem em deixá-lo ir? será que não estamos a dar muitas facilidades?Para rapidamente se chegar à conclusão que o movimento é amplo, a excepção tornou-se regra e será certamente uma marca desta nova geração. Dos que podem, claro, mas são muitos, muitos mais do que os que podiam há uns anos atrás, disso não há que ter dúvidas. Além disso os mais afoitos ou que prezam muito a sua independência (?) começam também a sair de casa e os casos são tantos que me intrigou a facilidade em arranjar casa, geralmente no centro de Lisboa ou muito próximo. Fiquei a saber que há subsídio de renda, que "o INH paga uma parte"se o rendimento for até um limite e a idade até 30 anos, basta que um tenha um contrato de trabalho. Assim não precisam comprar casa, o que lhes permite mudar com frequência, não casam porque senão ultrapassam os mínimos, e o centro da cidade ganha nova vida, o que é bom para todos. E assim os "reveillons" multiplicaram-se, em casa da J, que vive no Porto com o namorado, do M que vive na Graça com a italiana, de L que mora em Sta Apolónia com uns amigos...
Esta nova geração, beneficiária do drástico decréscimo de natalidade, tem boas razões para construir um futuro melhor e nós, os pais metediços, temos mais é que nos alegrar por os ver felizes e contentes. Tal como as gerações antes de nós, temos que aprender a conviver com essas mudanças, mal seria se fosse tudo igual, mas também nos cabe fazer notar que estas oportunidades também têm um reverso na responsabilidade. Parte difícil, mas essencial.
3 comentários:
1. Bolas, como eu gostava de ter menos 20 anos....
2. Foi uma grande invenção essa coisa do Erasmus. Há cerca de ano e meio coloquei a existência de Erasmus como factor preferencial em contratações. Um recém-licenciado com Erasmus é 10 anos mais maduro que os outros e duas vezes mais empreendedor.
3.Claro que, como Portugal não evoluiu da mesma forma que os seus jovens, vai ser a nossa morte. Que desafios temos nós para dar a esses jovens? Carregar baldes de cimento na OTA, levantar traves do TGV? Como é natural, 80% deles, (com tendência para 100%) vão querer continuar a sua carreira europeia e mandar este buraco às urtigas. Por isso, depois de ter colocado como factor preferencial, são raros os que aparecem...
Habituamo-nos a dizer que “no meu tempo é que era bom”, mas eu não vou nessa. Começo a ter uma inveja dos diabos por não pertencer a esta geração de jovens. Afinal, e apesar de tudo, o tempo deles é bastante melhor...
Pois.
Mas que consolador é ver um casal que construiu toda uma vida (e descendência) a dois...
E eu pergunto-me, como irá ser o futuro destes jovens "livres"?
Enviar um comentário