A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima recebeu no ano passado 347 queixas de idosos vítimas de violência física e psíquica praticada pela família, número que nos últimos cinco anos atingiu 2.484 crimes.
Estes são os números conhecidos. E qual a real dimensão desta falência social que a vergonha tanta vez leva a esconder?
2 comentários:
Concordo JardimdasMargaridas que o Estado tem a indeclinável obrigação de apoiar os idosos nas situações de necessidade que derivam da sua condição. Mas a violência contra os idosos não é em primeira análise um problema do Estado. É um problema, antes de mais, da sociedade. Das famílias.
Pode o Estado ter o melhor sistema previdencial do mundo que se não tivermos uma sociedade sadia, que valorize o papel dos idosos não só pelo seu passado mas pelo papel activo que podem e devem desempenhar, haveremos sempre de cometer pelo menos um acto imensamente violento: o do desprezo. Sem percebermos que a maioria de nós, inexoralvelmente passará por essa condição.
Vivemos um tempo em que aos 65 anos ainda somos novos para deixar de trabalhar e passar à reforma, mas aos 40-45 já somos velhos para conseguir emprego ou para mudar de trabalho. Noutras sociedades não é assim. Reconhece-se o papel social dos idosos. Onde a sabedoria de experiência feita é importante. Onde os afectos relevam. Mas também em tarefas onde se libertam os mais novos para prestações que dependem de menos idade. Há uns tempos estive no Japão. E pude aí constatar o serviço cívico que muitos idosos aí desempenham (não sei se como contrapartida da pensão) com notório entusiasmo. É, decerto, um suplemento de vida. Mas valerá sobretudo como respeito por uma das facetas da dignidade humana.
Subscrevo por inteiro, Margarida
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