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sexta-feira, 2 de junho de 2006

Mandem-nos é já todos para o Alferce!...

Nem de propósito.
Mal acabei de incluir no 4R a minha Nota anterior sobre o custo de não molestar os 7 lobos de Vila Pouca de Aguiar, a 15 milhões de euros por unidade, quando folheio o DN e vejo uma notícia sobre mais uns distúrbios provocados por uma virtual águia-de -bonelli.
A história conta-se em poucas palavras.
A Rede Eléctrica Nacional, REN, vai instalar uma Linha de Alta Tensão entre Sines e Portimão.
O inevitável estudo de impacto ambiental, levado a efeito pela Universidade do Algarve, através do Centro de Estudos Avifauna Ibérica, detectou nas imediações do percurso 3 ninhos da dita espécie, dois no Alentejo e um perto da localidade de Alferce, no concelho de Monchique.
Em consequência, e para não causar qualquer espécie de agravo ao tal ninho, este douto Centro de Estudos “desviou” o percurso da linha de alta tensão para cima da povoação de Alferce, onde habitam 450 pessoas.
Entretanto, a REN propôs um traçado alternativo, ou a trasladação do ninho.
A entidade que procedeu ao Estudo de Impacto Ambiental não aceita nem uma coisa nem outra, e mantém que 400 KV passem por cima da cabeça dos 450 Alfercenses, que valem bem menos que um ninho.
"Depois da polémica sobre o lince-ibérico no concelho de Monchique, que ainda ninguém conseguiu ver, surge agora uma águia. Tem mais valor do que um ser humano?", interroga-se, segundo o DN, o proprietário de um café em Alferce.
É óbvio que tem, por onde é que o meu amigo tem andado?… Um ninho é um ninho, e os 450 seres humanos do Alferce, na opinião do Centro de Estudos da Universidade do Algarve, até já se terão habituado a ser maltratados pelos poderes públicos…
Um vereador duvida mesmo da existência do bicho no local. É que, nota, "não se sabe se, de facto, existe águia-de-bonelli".
Ma que interesse tem isso de saber se a águia existe ou não? Se não fosse a águia, seria o lince, se não fosse o lince, seria o lobo, se não fosse o lobo, seria o morcego…se não fosse o morcego inventava-se bicho desconhecido, que isto do poder dos ambientalistas não pode esmorecer. Ah, e a indústria dos estudos do impacto ambiental tem sempre que arranjar objecto justificativo, se não real, ao menos virtual.
Que, de qualquer forma, e sempre, nós pagamos.
E ainda temos que aguentar que prefiram um ninho, mesmo virtual, a 450 pessoas!...
Mandem-nos é já todos para o alferce!...

6 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente neste caso estou impedido de me pronunciar por razões que me são impostas pelo meu estatuto profissional que faço os possíveis por ser escrupuloso em respeitar.
Mas ele permite, decerto, que eu coloque aqui esta singela questão: e não será possível escolher corredor que salvaguarde todos os interesses envolvidos?
Os da população, certamente e em primeira linha. Mas porque não, também, os de uma espécie comprovadamente em risco de desaparecer tornando-nos a todos mais pobres?

Anthrax disse...

É uma águia "Taliban" :))... que combinação tão curiosa.

Acrobat disse...

Não podia concordar mais com Ferreira de Almeida! Parece me é que Pinho Cardão está um verdadeiro Taliban e as suas vitimas são todo e qq ser tenha algum tipo de preocupação ecologista!

De facto é essencial conciliar posições e interesses! Mas há que fazê lo com calma!

Anthrax disse...

Com muita calma... inspira/expira... inspira/expira... como numa aula de yoga ou numa aula de Tai chi... inspira/expira... tudo muito zen... inspira/expira.

O verdadeiro ser ecologista, deveria viver em perfeita comunhão com a natureza. Só que para se viver em perfeita comunhão com a natureza, o indíviduo teria de regressar ao seu estado natural e regressar ao estado natural é tramado, até porque de acordo com as leis da natureza parece que há qualquer coisa que tem a ver com um processo de selecção natural ou assim... Mas ei, é uma questão de príncipios, não de conveniência.

Tirando isso, 'tou perfeitamente de acordo com a conciliação de interesses.

António Viriato disse...

Caro Pinho Cardão,

Oportuna chamada de atenção, que me leva a retomar uma opinião já aqui deixada, noutra ocasião, a propósito de tema afim.

Idêntico absurdo ao que V. relata se passou com o caso das gravuras rupestres de Foz-Côa, que a demagogia militante da altura, aliada à timidez política de uns tantos, conseguiu interromper e fazer abandonar um empreendimento hidro-eléctrico, de fins múltiplos, num país pobre em recusos energéticos e sem grandes reservas de água, a braços com uma desertificação crescente de Sul para Norte. Ainda mais grave, tratando-se de um Rio, o Côa, com um curso inteiramente nacional, de forte caudal, muito importante para a regularização das cheias do Douro, que hão-de voltar a ocorrer.

Da mesma forma, outro absurdo estará para acontecer com o aproveitamento hidro-eléctrico do Baixo Sabor, prometido há mais de dez anos, mas encalhado por um arbusto raro, erguido em Santo Graal, por mais um inevitável Estudo de Impacte Ambiental, que nos há-de um dia colocar a todos de joelhos, às escuras e sequiosos, à mingua de energia eléctrica e do precioso líquido sem o qual nenhuma forma vida superior parece possível.

Eis aonde nos podem conduzir certos absurdos, certa subversão de prioridades. Para os afrontar, a esses absurdos modernos, é que necessitamos de políticos, com capacidade de decisão, com visão estratégica, com sentido das prioridades ou não teremos mesmo futuro nenhum...

Carlos Monteiro disse...

Estimadíssimo Pinho Cardão,

Se nos detivéssemos a pensar nos erros que levaram a que existam apenas SETE lobos, UMA, águia, UM lince, UM morcego, DOIS ratos, talvez compreendessemos que existe alguma necessidade de finalmente preservar estas espécies, que só chegaram a este ponto em nome do "progresso"" sempre feito em nome das "pessoas" mas que tantas vezes é feito em nome de algo que nada tem a ver com as "pessoas" em geral.

Mas como o provérbio diz que "perdido por cem perdido por mil" que se lixem os SETE lobos, a UMA águia, os DOIS morcegos, o MEIO lince...

E sempre se podem ver por fotografia, dado que esses aí não se mostram, no que parecem ser uns grandes ingratos.