O essencial que se cuide...agora o que "está a dar" é o acessório!
Vem isto a propósito do "Relatório de Primavera 2006", anteontem apresentado.
Desde 2001, primeiro ano de publicação do relatório Primavera, que o Observatório Português dos Sistemas de Saúde em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública e outras instituições universitárias ( que têm variado ao longo destes seis anos) nos vão habituando a estas edições que, anualmente, observam os aspectos mais relevantes de política e de administração da saúde, no contexto do Sistema de Saúde Português e da sua evidente evolução.
Todos os Governos, todos os Ministros sectorialmente envolvidos, lidam mal com este tipo de análises, mesmo que credíveis e isentas tanto quanto os dados de que dispõem e os limites humanos que a todos caracterizam.
Por seu turno, a Imprensa, focada como quase sempre no acessório, confronta de imediato os políticos que, por "arrastão", se deixam descentrar da análise verdadeiramente importante, vão atrás do" facto"...e logo esquecem que fazer essa política não é governar!
Dum relatório, dividido em quatro partes e com mais de 200 páginas, intitulado "Um ano de governação em saúde: sentidos e significados" o que se debateu? O que foi público? O que veio o Ministro de forma azeda e pouco tolerante ripostar?
Se sim ou não tinham baixado de preço uns medicamentos, usados em automedicação, também disponíveis desde há escassos oito meses em cerca de cento e trinta e tal "lojas"espalhadas pelo país (melhor dizendo, espalhadas pela orla costeira do país...e não toda, só a mais populosa como é natural) !
Não poderia o Ministro responder que o tempo é curto para conclusões, que ninguém ainda tem dados suficientes, que a medida está tomada pelo governo, que fez o seu papel e que há que esperar que o mercado se adapte? Matava dois coelhos de uma cajadada, sem ter que dizer que o relatório "mentia"... e puxava ele (Ministro) os senhores jornalistas para factos essenciais do relatório que, um bom político, interpreta fácilmente como positivos para a sua governação.
O Povo, aquela massa humana para quem os políticos devem governar, no sentido de lhe resolver os problemas, ficou a saber o quê?
Sobre modelo de financiamento e sustentabilidade?
Sobre reforma dos cuidados primários?
Sobre estratégias e avaliação do Plano Nacional de Saúde, que já cumpriu 1/3 do seu calendário 2004/2010?
Sobre novas obrigações legais e novos desafios ao Sistema Nacional de Farmacovigilância que as novas "lojas" de venda obrigam a ter garantidos?
Sobre gestão dos tempos de espera aceitável para consultas e cirurgias?
Sobre o estudo de prioridades para as parcerias público-privado que o Ministro já anunciou, quando nenhuma das seis anteriormente anunciadas ainda avançou...
Não posso continuar...não há espaço, nem paciência para quem nos lê!!!!
2 comentários:
Podia e devia! Mas não, entreteve-se, de forma violenta, com os preços dos medicamentos de venda livre...
Continue sim Dr.a Clara. Para ajudarmos a cuidar do essencial.
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