Acaba de ser anunciado que um conhecido produtor de cinema de Hong-Kong, Jackie Chan, tomou a decisão de doar 50% da sua fortuna pessoal, calculada em 128 milhões USD, para uma instituição de caridade que tem o seu nome.
Ao que as notícias referem, trata-se de uma decisão tomada após o doador ter tido conhecimento da decisão de Warren Buffet , sentindo-se estimulado a assumir também um gesto de filantropia.
Neste caso, a doação só produzirá efeito após a morte do doador, sendo que os restantes 50% da fortuna serão deixados ao cônjuge sobrevivo e ao filho.
É claro que esta doação, de 64 milhões de USD – cerca de 51 milhões de euros – é uma pequena amostra quando comparada aos 30 mil milhões de euros que Buffet doou à Fundação Gates.
Mas não deixa de ser significativo o gesto, na esteira da notável decisão de Buffet.
Seria tão interessante que houvesse milionários portugueses seguindo este exemplo.
Ainda mais importante numa altura em que o problema da exclusão social adquire uma grande notoriedade e o Estado português se encontra numa situação financeira aflitiva, fruto sobretudo da má gestão económica nos anos que imediatamente antecederam a nossa entrada no euro (recordo o relatório Bruegel)
Mesmo que o Estado não estivesse em tal situação, nunca se poderia esperar que desse solução satisfatória aos problemas da exclusão.
Não digo isto por qualquer ideia de seguidismo em relação à iniciativa do Presidente da República. Quem me conhece sabe que de “seguidista” não tenho mesmo nada.
E se abordo este tema, confesso que isso se deve unicamente ao facto de ter ficado deveras impressionado com a atitude de Warren Buffet.
Acho que os milionários, que sempre os houve e sempre os haverá, são pessoas a quem a roda da fortuna tratou especialmente bem.
Não está em causa o mérito, em muitos casos excepcional, daqueles que, como se costuma dizer, venceram na vida.
Mas todos sabemos que também há muitos outros que, por circunstâncias menos felizes mas inteiramente fortuitas, não conseguem obter os mesmos resultados apesar de possuírem méritos iguais.
Pode dizer-se que os milionários beneficiam de um prémio de fortuna, enquanto que outros suportam o custo do azar.
Em ambos os casos estamos perante um “windfall”, “gain” ou “loss”.
Então não será interessante que os milionários “devolvam” à sociedade que lhes permitiu prosperar, uma parte do “windfal gain” que os privilegiou? E sobretudo em benefício daqueles que, muitas vezes por causa de uma “windfall loss”, precisam da ajuda alheia?
Warren Buffet teve claramente essa visão. Antes dele Bill Gates e agora Jackie Chan, também. Quem quer seguir o exemplo?
1 comentário:
eu até seguia...mas...
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