Warren Buffet é um dos mais conhecidos e respeitados multimilionários americanos, que tem conduzido a sua actividade de forma independente, dirigindo os seus próprios negócios com um cunho muito pessoal.
Desde há mais de meio século ligado aos investimentos no mercado de capitais, é hoje uma figura quase lendária, tendo ganho uma reputação de investidor-ganhador desde que com a idade de 25 anos, em meados da década de 50, se lançou nessa actividade com uma sociedade de investimento (limited investment partnership) na qual investiu 100 dólares.
Uma das características da sua filosofia de investimento é apostar nas empresas tendo em conta o seu valor intrínseco, os seus “fundamentais” como agora se costuma dizer. Não o preocupa que o mercado esteja numa fase negativa, isso até pode ajudar. Se reconhece valor numa empresa, é aí que ele investe.
Uma das suas expressões conhecidas é “Encara as flutuações do mercado como tuas amigas e não como inimigas – tira proveito das loucuras do mercado mas não participes nelas...”.
A empresa que dirige há muitos anos, Berkshire Hathway, com sede em Omaha, tem sido um grande sucesso, mobilizando hoje milhares de milhões de dólares de muitos investidores, investindo em múltiplos sectores de actividade, desde o financeiro até à indústria transformadora, dentro e fora dos Estados Unidos.
A sua mais recente aposta de investir em Israel, numa altura em que o futuro do Médio Oriente apresenta tantas incertezas, foi acolhida como a aposta de um visionário.
Tornaram-se famosas as suas cartas anuais aos investidores da Berkshire, desde 1977 até hoje, explicando as razões dos negócios que realiza e o sucesso obtido.
A sua vida é simples e relativamente discreta, sendo pouco dado a participação em grandes manifestações sociais do género das que ocupam as notícias dos órgãos de comunicação mais sensacionalistas.
Ora bem, este homem extraordinário, a caminho dos 80 anos, acaba de anunciar uma decisão que surpreendeu muita gente: vai doar em breve cerca de ¾ da sua fortuna a organismos que se dedicam a obras de caridade, em apoio aos mais desfavorecidos, incluindo a conhecida Fundação Bill e Melinda Gates, que tem dado enorme ajuda às crianças desprotegidas do terceiro mundo.
¾ da fortuna pessoal de Buffet equivale a cerca de 30 mil milhões de euros, mais de 20% do PIB português.
Mais do que o valor extraordinário da doação, o que me parece de relevar aqui é a atitude do Homem que acumulou um património imenso mas que agora o distribui, em vida, a favor dos mais desfavorecidos.
É um caso muito raro e por isso tanto mais de aplaudir.
Ocorreu-me que este poderia ser um bom exemplo para o nosso Presidente da Republica lembrar aos milionários portugueses.Nem seria necessário serem tão generosos quanto Warren Buffet decidiu ser.
A ideia enquadra-se perfeitamente, na minha perspectiva, no espírito do roteiro dedicado ao tema da inclusão social.
3 comentários:
Tenho um enorme respeito e admiração pelos fazedores de fortunas, desde que não sejam feitas de forma menos honesta, claro. Algumas dessas individualidades acabam por ser verdadeiros filantropos. Muitos, mais tarde ou mais cedo, colocam à disposição da sociedade avultados meios para combater injustiças e desigualdades. Outros “fazedores” de riqueza, não material, também colocam as suas “fortunas” ao serviço da comunidade. Devemos agradecer a ambos.
Entre nós verifico que a filantropia não é prato corrente, não obstante o facto de haver alguns a quem devemos muito. Nalguns países as doações a vários níveis – não é preciso ser-se multimilionário – são relativamente frequentes. O convite a esta postura passará pela publicitação e pelas referências de gente nobre tornando-as como marcos de conduta e de exemplo.
Precisamos de milionários? Claro que precisamos e que ajudem a resolver muitos dos nossos problemas.
Caro Tavares Moreira,
O estado português já fez de todos nós milionários e todos os anos nos pede metade da nossa vasta fortuna. Esse Buffet só nos está a imitar....:)
Ainda por cima, ninguém me parece mais incluido socialmente que o exército de sub-secretários-adjuntos-do-director-regional-adjunto-do-sub-director-geral-adjunto-do-director-geral-de-treta-nenhuma que temos. Será, talvez, altura do PR se deixar de folclores soaristas e resguardar-se para as alturas em que um PR é mesmo preciso.
Caro Tonibler,
Não sejamos tão nihilistas quanto o meu Amigo se presenta neste comentário.
Sei que tem carradas de razão quando aponta o dedo à dispendiosíssima máquina administrativa/burocrática que continuamos a suportar e que gasta, grosso modo, 50% da riqueza produzida no País.
Mas atitudes como a de Warren Buffet poderiam bem fazer escola em Portugal para benefício da colectividade, sobretudo dos que são mais desprotegidos.
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