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quinta-feira, 1 de junho de 2006

Nobreza!

É interessante o facto de muitas pessoas desejarem conhecer os seus antepassados mais distantes. Dizem alguns entendidos que ajuda a fortalecer a identidade de uma pessoa. Talvez sim, talvez não! Encontrar pessoas distintas pode ajudar, mesmo recorrendo às profundezas do tempo, a integrar algumas das suas facetas mais positivas, o que constitui um ganho. Em contrapartida, se esbarrarem num estafermo qualquer, saltam por cima, como se nunca tivesse existido, ou então remetem-no para uma falha momentânea da linha de montagem da sua pessoa.

Um dos aspectos que não consigo aceitar é a pretensa “nobreza genética” daqueles que consideram ter como antepassado um qualquer “nobre”. Divirto-me à brava com estas pretensões genéticas. Apesar da descodificação do genoma humano, que eu saiba, ainda não foi encontrado nenhum gene ou genes específicos que permitem identificar e caracterizar os “nobres”. Mesmo nas chamadas linhagens reais, caracterizadas por fortes cruzamentos “endogâmicos” seria interessante efectuar alguns estudos genéticos a fim de analisar o parentesco. Estou convicto da existência de muito sangue plebeu introduzido à socapa. Quem sabe se não terá sido este facto o factor determinante que evitou tamanha degenerescência?

Este breve comentário emergiu após ter lido uma pequena crónica sobre genealogia e o facto de D. Duarte Pio ter uma linhagem que esbarra no faraó Ramsés I (século XIV a.C.)! Ao longo de tantos séculos, os “genes ramsémicos” deverão ter tido uma fortíssima diluição tipo homeopática, pelos vistos! Parece que não é possível recuar mais no tempo, o que impossibilita conhecer outros tipos de antepassados, nomeadamente a fina-flor da nobreza do Paleolítico Superior.

Aceito a transmissão da “nobreza”, mas só da humanística, através do “ADN” cultural, familiar, social e escolar. Quanto aos genes, o melhor é misturá-los, o máximo possível. Sempre é um bom contributo para a biodiversidade humana e reduz o risco da patetice…

3 comentários:

Anónimo disse...

Excelente conclusão, meu caro Professor.
Mas olhe que pelo número de múnias que paira por aí deve mesmo haver por cá muito nobre descendente do velho Ramsés...

Carlos Monteiro disse...

1- Fantástico post com uma fantástica conclusão, como já nos vem habituando, caro Professor;

2- Tendo em conta que os faraós procriavam dentro da família, vejo enfim uma explicação para a forma de ser do D.Duarte...

zoltrix disse...

Lindo! Foi um prazer ler o que escreveu!
Obrigado!