Acabamos de saber que o PIB teve uma variação de 1% no 1ºTRIM/2006 quando comparado ao 1ºTIM/2005.
Este resultado deve 1% à procura externa e -0,1% à procura interna (+0,5% do consumo privado e -0,6% do consumo público e do investimento) obtendo-se, por arredondamento para cima, o valor de 1% para o PIB.
Dir-se-á que não é mesmo nada mau, considerando as perspectivas mais recentes de organismos independentes, OCDE, Comissão Europeia, FMI que apontam valores da ordem de 0,6 a 0,8% para o crescimento no conjunto do ano.
Trata-se de um valor superior ao registado no último trimestre de 2005 (+0,8%) e, sobretudo, apresenta com aspecto mais relevante e favorável uma contribuição positiva, e crescente, da procura externa.
A questão estará em saber, nos próximos três trimestres, se poderemos continuar a contar com um contributo positivo das exportações e se a procura interna se vai aguentar.
Não excluo que as exportações possam continuar a dar um contributo positivo, a reboque da recuperação europeia, de uma ordem de grandeza semelhante à verificada neste trimestre.
Mais difícil me parece que a procura interna se possa aguentar, mantendo o consumo privado uma evolução positiva como aconteceu neste trimestre.
Julgo dever admitir-se como mais provável uma desaceleração do consumo privado, acabando mesmo em terreno negativo, em termos homólogos, no 2º semestre.
As restrições orçamentais conjugadas com a subida dos juros que se tem verificado e que deverão em princípio continuar, tornam muito difícil que o consumo privado de possa manter positivo ao longo de todo o ano, apesar do optimismo que se vem tentando insuflar.
Para contrariar esta provável tendência, seria necessário que o investimento recuperasse fortemente, o que não parece possível.
A minha “bola de cristal” diz-me que, tudo ponderado, deveremos acabar o ano com um crescimento muito em linha com as previsões dos organismos internacionais, entre 0,5 a 0,8%.
Não será um grande resultado, mas na aridez em que nos encontramos não será, apesar de tudo, uma má notícia.
Tudo o que venha acima desse intervalo será uma surpresa positiva. Mas, se ficar abaixo, não deveremos estranhar.
A questão central da economia portuguesa continua a ser o forte desequilíbrio das finanças públicas e, dentro deste, o insustentável crescimento da despesa improdutiva que lhe está subjacente.
Esse pesado ónus continuará a condicionar gravemente o desempenho da nossa economia, justificando que um crescimento de 1%, inferior a metade do registado na União Europeia, seja recebido quase com júbilo.
Como o valor do PIB para o 2º trimestre só será conhecido em Setembro e até lá temos o Mundial de Futebol (iniciado há 45 minutos) e as férias de Verão, o melhor é festejarmos este 1%.
1 comentário:
Oh camarada Tavares Moreira, está a crescer! Pela primeira vez desde há décadas, está a crescer por nós, por aquilo que cada um de nós faz, apesar do trambolho estatal que acartamos às costas. Essa é uma grande notícia!
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