Esta capa do i, exibindo as fotos do lider do PSD e do actual Chefe do Estado, é bem o exemplo de como se faz jornalismo político em Portugal e de como é difícil orientar um debate sério sobre o sistema político. O PSD, ao que parece, apresentará um projecto de revisão constitucional no qual propõe alterações aos poderes do órgão de soberania Presidente da República. Não conheço as razões da proposta, nem sequer, no seu pormenor a proposta, e espero, como cidadão atento, que a direcção do PSD explique por que motivos e com que objectivos pretende mexer na estrutura do nosso edifício político.
O que não é concebível é que antes de qualquer esclarecimento e debate, a proposta da direcção do PSD seja já apresentada como algo dirigido ao e contra o actual Presidente da República, visando reduzir-lhe os poderes.
Haverá esperança de um dia se poder discutir os momentos fundamentais da nossa democracia sem os fulanizar ou transformar, imediatamente, em espuma?
11 comentários:
Alguém lhes deu a notícia.
Mas concordo, até porque tudo indica que não será este o próximo presidente da república....:)
José Mário
No estado de guerra política em que nos encontramos, da qual a comunicação social também faz parte, é difícil fazer uma discussão séria a pensar nos interesses do País e a olhar com realismo o futuro. Somos incorrigíveis. Nem as crises nos amaciam…
Haverá esperança, pergunta o Ferreira de Almeida?
Não, com esta cultura instalada nos media e nos políticos, não há nenhuma esperança. Nenhuma!...
Os meus caros estão a criticar a imparcialidade, integridade e idoneidade dos órgãos de informação???
Cuidado: O Sócrates atreveu-se a fazer isso!...
E até agora não se deu mal, o nosso PM. Que o digam alguns que a si mesmo se consideram jornalistas e que encostaram às boxes estimulados pelo mesmo nosso PM, meu caro cmonteiro.
PS - Quem anda muito silencioso é o meu caro cmonteiro. Só comunica por post it, é?
Aaah meu caro Ferreira de Almeida, há algum desconsolo com tudo isto que me tira a vontade de escrever sobre "eles". Seriam uma série de lugares comuns os meus textos. É por isso. E mais umas coisinhas...
Estou mesmo baralhado, pois o que consta é que o PSD quer aumentar os poderes do Presidente da República, o que não deixa também de ser um presente envenenado, que inescapavelmente será tema de debate durante a campanha...
Que o tema seja debatido na campanha eleitoral, neu caro Fartíssimo do Silva, nada tenho contra. Embora me parecesse mais curial perceber do debate em sede própria - que é na Assembleia da República - se os partidos nela representados sentem existir necessidade de mexer no edificio constitucional dos poderes. Serena ou acaloradamente, não interessa. O que interessa é debater, sem preconceitos, porque nada na constituição é sagrado como alguns querem fazer crer.
Mas creio bem que a coisa ficará pelas intenções, atentas as reacções dos partidos a quem interessa o status quo porque nasceram e se desenvolveram nele e são avessos a polémicas constitucionais (e legais, o que explica o conservadorismo em matéria de sistemas eleitorais...) que possam diminuir a sua influência.
Mesmo assim, estou muito curioso para perceber as razões que levam o PSD a propor mudanças no sistema, e, sobretudo que novos equilibrios pretende estabelecer.
Para quem já está um pouco farto de economia, este regresso à política teria o seu quê de novidade...
Tem razão, caro Ferreira de Almeida. Tudo se pode discutir: não há vacas sagradas. O que me parece é que o PSD geriu mal a questão da revisão. Como diz hoje, no DN, Carlos Abreu Amorim, a proposta veio cá para fora aos "bochechos".
Sem pretender embarcar em teorias da conspiração, acrescentaria que a actual direcção do PSD não morre de amores pelo PR (a inversa também pode ser verdadeira), isto, evidentemente, no que toca aos poderes presidenciais. Não será?
Meu caro Fartissimo do Silva, pois até pode ter razão nessa coisa dos desamores, não sei. Contudo, eu ouvi Pedro Passos Coelho a dizer na SIC que não conhecia melhor para presidente da república. Admito, pois, que essa declaração tenha significado e não creio que a ideia de mexer nos poderes do chefe do Estado (que não são propriedade de nenhum inquilino circunstancial do Palácio de Belém) seja pensada ad hominem.
Seja como for, repito que pela minha parte gostaria que este debate se fizesse sem funalizações. Mas também, que interessam os meus desejos e de outros perante os sagrados desígnios das estratégias de grupo?
Sim, sim, caro Ferreira de Almeida, mas nem sempre o que se diz corresponde ao que se sente. Há menos de dois meses, o "director espiritual" Ângelo Correia disse ao Expresso, acerca do actual PR, o que Maomé não diz do toucinho.
Mas volto a dar-lhe razão: nada deveria ser funalizado. Mas é já um velho hábito dos portugueses, extremamente difícil de erradicar.
Enviar um comentário