Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A nova fonte de compromisso internacional: o teste de carga

"Este teste de carga é um pequeno acto, mas carregado de simbolismo, porque é com estes pequenos acontecimentos que assumimos compromissos com projectos fundamentais e sem dúvida que esta ligação ferroviária é estrutural na relação entre os dois países a todos os níveis. Quer pessoais, económicas e políticas". Com estas declarações o ministro das obras púbicas português anunciou em Espanha a irreversibilidade do TGV com obra marcada em território português para Setembro próximo.
Os acordos técnicos bilaterais, as trocas de cartas, os protocolos de cooperação, até os apertos de mão seguidos de um entusiástico "porreiro, pá!", deram lugar a uma nova e extraordinária forma compromissória até agora desconhecida dos manuais de direito internacional e dos breviários da diplomacia: o teste de carga.
Para quem não saiba, na definição deste leigo, o teste de carga de uma estrutura suspensa consiste em sujeitá-la a cargas (no caso concreto deste viaduto de 300 metros, estacionar 12 camiões de 40 toneladas) e examinar o seu comportamento para verificar a sua solidez estrutural. Pois foi este "pequeno acto, mas carregado de simbolismo" que levou o ministro a terras de Espanha, e "este pequeno acontecimento" a justificar "compromissos com projectos fundamentais"!
Ai se o ridículo remodelasse governos...

4 comentários:

Frederico Lucas disse...

Um Social Stress Test à aventura do TGV seria bem mais oportuna:

a) Quantos utilizadores vão usar o comboio

b) Quanto é que vai custar ANUALMENTE per capita este investimento

c) Qual o impacto nas contas públicas

Se pensarmos que o troço Poceirão Caia tem o mesmo valor que o pacote de austeridade e que o cheque europeu é inferior aos trabalhos a mais previstos, ficamos com uma ideia mais abrangente deste projecto.

Bmonteiro disse...

Mais um (e este até é um académico), a usar e abusar do 'estrutural'.
Deve ser mimetismo em relação ao chefe, nos debates na AR.
Quanto à questão do Frederico:
Ou eu leio o site da empresa TGV (RAVE) de forma enviesada, ou está lá isto:
Mov's no eixo Lisboa-Madrid: 9 milhões/ano;
E não é que admitem número muito semelhante para Porto-Madrid?
Soi dizant: 25 mil andantes/dia em cada eixo; 12.500 em cada sentido.
Lá para 2033.
Portanto, após uma explosão demográfica no rectângulo, aí para os 20 milhões de habitantes,
acompanhada por uma economia asiática.
E claro, com Madrid a correr para a Costa da Caparica, os lisboetas a ir tomar café ás Cibeles.
Se complementado com a travessia do mar da Palha, caso para levar outro Camões a escrever um épico a este povo.
Vale?
BMonteiro

Pinho Cardão disse...

Ora aí está uma ocupação para o homem: testador de cargas.

Anónimo disse...

Ou carregador de testes. Também lhe ficava bem...
É melhor não dar ideias, não vão aproveitar-se dela, criar o cargo e dar-lhe estatuto de Alto Comissário.