A Justiça saltou para as páginas dos jornais e para todos os canais de televisão durante esta semana, com o pico máximo no dia de hoje. Lamentavelmente, nenhuma das razões deste súbito despertar é de molde a tranquilizar as pessoas. Primeiro foi o espectáculo deprimente do Congresso da Ordem dos Advogados do qual, por muito interessantes que tenham sido as comunicações que possa ter havido, apenas sobressaiu a imensa crispação, - para ser branda -, entre a titular da pasta e o Bastonário da Ordem. Depois parece que se passou à intriga pessoal, com cunhados para cá e para lá, nomeações cheias de suspeições que afinal o que pretendem é expor a vida privada com a qual ninguém tem nada que ver. Infelizmente, não houve a frieza suficiente para dar ao desprezo tais insinuações e hoje, na entrevista à TVI, a titular da pasta não resistiu a entrar no dá cá toma lá que se estava mesmo a ver que ia acabar mal. Logo a seguir, uma alta representante da Ordem dos Advogados entrou a matar, atingindo o grau frígido do comportamento que esperamos de quem assume estes cargos, espraiando-se em detalhes da vida da ministra que nem numa conversa de esquina no bairro são admissíveis.
Também hoje houve a notícia estrondosa da detenção de Duarte Lima e do seu filho, logo pela manhã. Ninguém percebe por que razão se fez tal detenção, ninguém consegue explicar qual seria o risco de fuga, muito menos há qualquer relação com o processo do Brasil, que formalmente não existe em Portugal. Mas o que se percebe, se bem que não se compreenda, é que as autoridades foram à casa da Quinta do Lago às 7.00 da manhã e estava lá uma equipa de reportagem. Foram à casa dele pouco depois das 9.00 da manhã e estavam lá outras equipas de reportagem. Foram a casa do filho, noutra rua diferente, e lá estavam postadas as câmaras, a filmar em directo. No meio de tudo isto, declarações dos magistrados a parecer incomodados com as perguntas, entrevistas a magistrados brasileiros a dizer que sim, que esperam que ele seja julgado cá e inúmeras, inúmeras e ininterruptas mesas redondas, em todos os canais, a dizer que tudo se explica se alguma explicação aqui couber e que nada é o que parece mas que é, é, podemos ficar descansados, veremos. A Ministra da Justiça, na entrevista da noite, disse duas vezes que não comenta o caso Duarte Lima mas foi explicando uma trapalhada técnica que diz que afinal há acordo de extradição com o Brasil mas que o Estado só extradita quem quiser. Isto apesar de não se ver qual a relação entre a prisão de hoje e o caso do Brasil, note-se bem.
Nada tem a ver com nada, nada tem explicação nenhuma, embora possa haver várias explicações, um cidadão é preso com um aparato mediático absurdo e inexplicável e, definitivamente, ninguém comenta coisa nenhuma, apesar de não se conseguir ver outra coisa senão comentários.
Dia péssimo para a Justiça. E para o jornalismo, mas esse apenas aproveita as oportunidades que lhe dão.
Também hoje houve a notícia estrondosa da detenção de Duarte Lima e do seu filho, logo pela manhã. Ninguém percebe por que razão se fez tal detenção, ninguém consegue explicar qual seria o risco de fuga, muito menos há qualquer relação com o processo do Brasil, que formalmente não existe em Portugal. Mas o que se percebe, se bem que não se compreenda, é que as autoridades foram à casa da Quinta do Lago às 7.00 da manhã e estava lá uma equipa de reportagem. Foram à casa dele pouco depois das 9.00 da manhã e estavam lá outras equipas de reportagem. Foram a casa do filho, noutra rua diferente, e lá estavam postadas as câmaras, a filmar em directo. No meio de tudo isto, declarações dos magistrados a parecer incomodados com as perguntas, entrevistas a magistrados brasileiros a dizer que sim, que esperam que ele seja julgado cá e inúmeras, inúmeras e ininterruptas mesas redondas, em todos os canais, a dizer que tudo se explica se alguma explicação aqui couber e que nada é o que parece mas que é, é, podemos ficar descansados, veremos. A Ministra da Justiça, na entrevista da noite, disse duas vezes que não comenta o caso Duarte Lima mas foi explicando uma trapalhada técnica que diz que afinal há acordo de extradição com o Brasil mas que o Estado só extradita quem quiser. Isto apesar de não se ver qual a relação entre a prisão de hoje e o caso do Brasil, note-se bem.
Nada tem a ver com nada, nada tem explicação nenhuma, embora possa haver várias explicações, um cidadão é preso com um aparato mediático absurdo e inexplicável e, definitivamente, ninguém comenta coisa nenhuma, apesar de não se conseguir ver outra coisa senão comentários.
Dia péssimo para a Justiça. E para o jornalismo, mas esse apenas aproveita as oportunidades que lhe dão.
6 comentários:
Cara Suzana:
Tudo isto uma vergonha, prova da decadência do país. Um PGR que não é obedecido nas instruções que dá; uma informação cujo único critério é o sensacionalismo; cidadãos exibidos na praça pública, como outrora os condenados da inquisição.
Estamos num país miserável.
Sendo algo relativamente generalizado pelo estado português, esta é mais um daqueles casos em que, infelizmente, a república portuguesa é farta que é a mais completa ignorância dos seus funcionários dos objectivos do seu trabalho e, no fim do dia, da razão pela qual são pagos. Independentemente daquilo que é a prática corrente, quando se diz que a lei é igual para todos significa que tem que ser igual o critério pelo quais se julgam os crimes e as penas. Para que isto seja garantido, o processo pelo qual eu aplico a lei não pode ser igual. Se alguém tem a cara pelos jornais fora pelo facto de ser interrogado, essa é uma pena que eu não teria e que é aplicada mesmo que o acusado seja inocente. Logo, o processo pelo qual vão interrogar o Duarte Lima não pode ser o mesmo pelo qual me interrogam a mim.
Eu não percebo em que parte da história de Portugal a mais básica lógica foi atirada para o lixo e substituída pelo "bullet" onde qualquer burro que saiba decora-los pode aplicar a lei. Mas este é mais um sinal de um estado inviável e é a revolução que ainda está por fazer.
Caro Pinho Cardão, dantes o que exibiam era os condenados, não os que vão talvez ser interrogados.
Caro Tonibler, é isso mesmo, o processo já não poderá ser igual, já começou diferente.
Já não há dias péssimos para a justiça, Suzana. É tudo uma indignidade.
E já agora, esperem por um destes dias em que, com grande pompa e circunstância, bastonário e ministra se reconciliam para bem da Justiça. Vai uma aposta?
Sempre era uma variante, para melhor, caro Zé Mário.
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