Nós por cá é assim, ou bem que achamos que tudo o que se gasta é pouco, ou bem que tudo o que mexe é mal gasto. Ora, nem uma atitude nem a outra nos levarão a bom porto, porque nem se deve gastar no que não vale nem se deve poupar no que pode render. Vem isto a propósito do coro escandalizado que se levantou contra os gastos previstos na Madeira com as iluminações e decorações de Natal. O euro tem destas coisas, vai tudo dar milhões ou milhares e soa sempre aos milhões e milhares que havia “dantes”, o equívoco é alimentado de propósito e tanto basta para se arrepelar os cabelos. A fórmula que está a dar é atirar um número para cima da mesa, acrescentar-lhe “obsceno”, “milionário”, “dourado” ou “privilegiado” e logo se clama aos céus por justiça. Mata e esfola há para todos os gostos, sem olhar a consequências.
Três milhões de euros é, por muitos, considerado um valor “obsceno” e a prova provada de que aquilo na Madeira é tudo um disparate de despesa deitada à rua. É claro que ninguém faz notar que o Natal e o fim de Ano na Madeira são uma inestimável fonte de receitas de turismo, é um ex libris que compete de pleno direito com os melhores destinos nessa época, sempre gostaria de saber o que fariam os turistas se soubessem que não se achou necessário preparar a ilha, como de costume, para os receber em festa. Quanto custaria em quebra do turismo a falta de iluminações ou de fogo de artifício no fim do ano? Não estamos em tempo de luxos? Pois não. Por isso mesmo não nos podemos dar ao luxo de confundir despesa com investimento, ainda por cima num sector tão competitivo como é o turismo. Mas pensar nisso dá muito mais trabalho do que falar em milhões e pronto.
10 comentários:
Cara Suzana,
Tenho a certeza que é bem gasto. Tanto tenho essa certeza que os comerciantes da ilha estariam dispostos a aliviar o orçamento regional para pagar os 3 milhões de euros, em vez de se poder argumentar que vão ser as crianças miseráveis da ilha que vão pagar a festa. Como vão ter que pagar as centenas de coisas que só custavam 3 mios de euros e que hoje fazem a dívida monstruosa da ilha.
Se não estivessem dispostos a pagar, então estavam a teimas tiradas.
Suzana
Como há muitas Câmaras Municipais por esse país fora que decidiram não fazer iluminações de Natal, embora muitas delas tenham decidido manter ou reduzir orçamentos, logo surgiram vozes a insurgirem-se contra as despesas com iluminações e decorações de Natal da Madeira. Por esta época, incluindo a passagem do ano, a Madeira recebe muitos turistas que vão à procura do espectáculo. Que custos teria para a actividade turística da Madeira a decisão de não fazer o espectáculo de fogo de artífico da passagem de ano?
Coisa diferente é o assunto da adjudicação directa. Nem compreendo como podem não fazer concurso público.
O problema, não estará nos custos em prol do turismo, que ainda admito.
Problema problema, é o pequeno polvo ali residente, encarregado do evento.
O TC diz ao Governo Regional que os eventos devem obedecer por lei a concurso público.
Que empresário melhor ajustado a accionar o evento, se não o ex deputado que tem accionado as campanhas eleitorais do antigo chefe?
Por ajuste directo, com um brinde de 500 mil euros sobre o valor que constava no concurso.
E depois? Nada.
Cá para mim, ninguém me tira da ideia que Alberto João Jardim tem um plano secreto para salvação da economia Madeirense e Continental.
E não me admiraria nada, se a execução e o êxito desse plano, passassem por atrair à ilha, os turistas endinheirados Alemães e Nórdicos, convencendo-os que este reveillon sera ainda mais estrondoso e luminoso que os anteriores e, depois de os lá ter todos aos pulos a festejar a entrada em 2012 de poncha na mão, encerrar os aeroportos e obriga-los ao pagamento de um "Imposto Extraordinário Por Ocupação do Solo Madeirense".
Estou absolutamente de acordo com a Dra. Suzana. Efectivamente este dinheiro não sei se é muito ou se é pouco, parto do princípio que é o necessário para o evento, representa um bom investimento com retorno assegurado, não importando muito se é imediato ou não, é preciso semear para colher. A haver algum dúvida ou suspeição, apenas poderá recair sobre a forma como foi efetuado o procedimento que conduziu à contratação daquela empresa.
Mas talvez estas críticas advenham da falta de dinheiro nos bolsos, da angústia que o futuro incerto nos vai provocando a cada dia que passa, não nos permitindo (não raras vezes) discernir entre o acessório e o essencial, entre a sobriedade e o ridículo…
Vem isto a propósito das muitas obras e consequentes inaugurações naquela região, e também por cá, recheadas de um ridículo saloio no sentido de que só servem para satisfazer eventuais complexos de identidade dos próprios, com o desperdício de muitos milhões de euros (emprestados agora pela troika), e mais aqueles milhões necessários no futuro imediato com os encargos de conservação e manutenção…
É curioso que, nestes casos concretos, os paladinos do estado redutor à sua função inicial, nã clamem por menos estado!
Caro JotaC,
Sendo um investimento de retorno garantido, então aqueles que recebem o retorno podem investir sem que eu seja sócio deles, certo? Eu e as crianças todas daquela ilha...
Errado!, caro tonibler,
Em primeiro lugar, a contabilidade da região não deve poder espelhar de forma analítica a relação custo/benefício da iluminação, da mesma forma que não deve quantificar em foguetes a NOSSA contribuição; em segundo lugar, somos uma nação UNA de 10M, para o bem e para o mal, e desta sociedade não se sai nem se entra a nosso belo prazer...
;)
Caro JotaC,
Se somos uma nação una e indivisível não será para foguetes, de certeza (embora, pela estatística, um estrangeiro dirá que não somos outra coisa...)
Depois, se bem me lembro a iluminação de Natal de Lisboa era paga pelos comerciantes da Baixa, não pelos sem-abrigo do Martim Moniz como, imagino, deve ser hoje. Se as coisas têm retorno, então quem beneficia do retorno deve pagá-las. Essa coisa do estado dar lucro só acontece nos países que extraem petróleo e com os resultados que conhecemos.
Caro Tonibler,
Que seria dos madeirenses, coitados, com uma indústria que representar 10% do PIB e uma agricultura sem expressão, se não investissem no sector terciário de onde lhes provém a maior fonte de receita!?.Por isso reitero: todo o investimento feito naquele sector é produtivo, tem retorno garantido.
Repare que não estou a defender os desmandos do AJ, os gastos sumptuosos em infra-estruturas cujo custo benefício é altamente duvidoso e para os quais todos somos obrigados a contribuir. Não!, defendo o que acho certo em relação ás potencialidades da região; e estou certo que o meu amigo concordará comigo, não acredito que o seu radicalismo seja assim tão exacerbado!
;)
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