No 1ª Conselho de Ministros o novo Primeiro Ministro francês, Jean-Marc Ayrault tratou de acalmar o ímpeto mediático dos seus ministros, avisando-os de que só devem falar quando tiverem alguma coisa para dizer, tendo o seu gabinete explicado que o Governo não quer uma forma de comunicação em que assista aos seus ministros a “queimar-se sob as luzes dos holofotes”. Prudente, vamos ver quanto tempo resiste a regra...
6 comentários:
Na minha opinião, cara DRa. Suzana, na base dos comportamentos a que assistimos no nosso país, relativamente às questões entre membros do governo e jornalistas, encontra-se a questão da necessiadade de evidência. Encontra-se a vaidade em ser reconhecido figura publica e atingir níveis de popularidade com base na projecção de uma determinada imágem. Por outro lado, a agressividade que notamos na forma como os jornalistas abordam e colocam questões aos políticos, advem da necessidade de afirmar um "estilo" e atingir na profissão, um estatuto.
Em suma, desenrola-se entre políticos e jornalistas, uma relação semelhante à do gato e do rato, sendo que, tanto uns como outros, são dotados de uma capacidade de transformismo que dá lugar, por vezes, à inversão dos papeis.
O ideal seria, que tanto políticos como jornalistas, desempenhassem com rectidão as suas funções, o que esvaziaria qualquer tentativa de se "fintarem" uns aos outros, terminando este clima de desconfiança, tanto em relação àquilo que os políticos declaram públicamente, como aos meios que os jornalistas utilizam para os "apanhar".
Mas se esse ideal se concretizasse, teria muito provávelmente como consequÊncia, o aumento da taxa de desemprego, assim... olhe, é como certos medicamentos, que para fazer bem a uma coisa, fazem mal a outra...
Sabendo do fascínio que a imprensa exerce sobre os políticos há que evitar a recorrente atracção fatal. E acho muito bem, por cá alguns deviam fazer o mesmo.
Querem falar? Falem, mas sigam o exemplo do “coiso”, que tanto pode ser o valor do PIB como o número de desempregados; assim como assim, com tão pouca criatividade, ninguém dá pela coisa que o “coiso” esconde…
:)
Cara Suzana:
A comunicação social criou o estigma de que ministro que não aparece não existe. E os ministros não conseguem resistir à pressão de não existirem.
Claro que se estivessem verdadeiramente interessados no desempenho da sua missão de serviço público, trabalhavam a sério e não perdiam tempo com declarações de prova de existência. Mas não, o que procuram é arranjar eventos onde a sua existência ministerial seja comprovada.
E é nesta conivência espúria que vamos vivendo, os ministros a precisar de publicidade, a comunicação social a precisar de produto.
Depois sai material da loja dos trezentos. Mas que rapidamente se transforma de produto inútil em produto tóxico, por força da normal manipulação dos comentadores de serviço.
E estas alminhas ministeriais não se dão conta disto!
Quanto a França, nesse aspecto é igual a Portugal.
Caro Pinho Cardão:
"na mouche"!
Uma vez tive de participar numa cerimónia de inauguração com um Ministro (é obviamente irrelevante qual, ou de que Governo).
O Ministro até chegou a horas (creio ser uma raridade), mas "o acto" teve de esperar por uma das equipas de televisão, pois nas próprias palavras dos assessores "sem televisão aquilo não existia".
Suzana, vai resistir o tempo necessário, uns meses, até os ministros descobrirem que são ministros.
Caro Bartolomeu, tudo o que diz é bem verdade, mas está na altura de se fazer um esforço nessa "competitividade" que só cria confusão e descrédito, entre "fintas" e "apanhados", como diz,ninguém sai a ganhar.
Caro jotac, precisam uns dos outros, políticos e jornalistas e os cidadãos agradecem que cada um cumpra o seu trabalho da melhor maneira, mas mais parece que andam à caça uns dos outros...
Caro Pinho Cardão, achei interessante aquela orientação logo no início do Governo porque os políticos têm bem consciência dessa tentação e dos seus perigos, convém mais aos que fazem menos e os que realmente apresentam trabalho não querem ficar na sombra, essa comptição é devidamente aproveitada pela imprensa e acabam todos "queimados". O curioso é que os ministros franceses, acabadinhos de chegar, já estavam a disparatar frente aos microfones, daí o toque de alarme.
Claro, Jorge Lúcio, o que não aparece na televisão não existe, é trabalho a que ninguém liga, daí a preciosa gestão da entrada em cena, ao menos que o que tenham que apresentar valha a pena, o drama é quando se ficam pelo espetáculo.
Sim, Margarida, diz a experiência que acontece aos seis meses e se agrava até ao primeiro ano, altura em que percebem que os holofotes "queimam".
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