Número total de visualizações de páginas

domingo, 13 de maio de 2012

Mais um mito: o coro "hollandês"

Fico cada vez mais estupefacto quando vejo aumentar o coro dos que, juntando-se a Seguro, pensam que a eleição de Hollande vai trazer menos austeridade a Portugal. Enorme fantasia.
Hollande, como bom e fiel socialista, comprometeu-se em aumentar o investimento público e em reduzir a idade da reforma, processos que vão gerar um enorme aumento da despesa pública. Outro compromisso, o do aumento do salário mínimo, também vai ter algum impacto na despesa. Cujos aumentos não serão nunca compensados com o novo imposto sobre os ricos. Como resultado final, o défice irá subir e, à medida do seu aumento, crescerá a pressão sobre a dívida pública francesa.
Nestas condições, é difícil ver como é que a França nos pode ajudar. Assoberbada pelo seu próprio défice, o que quererá é varrer a sua testada, resistindo naturalmente a incrementar os fundos de apoio  a terceiros. Pois, se estes têm um Programa, que o cumpram. Nestas circunstâncias, é óbvio que, em tempo de crise e aperto financeiro, os Bancos optarão sempre por emprestar à França em detrimento de Portugal.  
Isto pressupondo que Hollande, um sujeito que nunca teve profissão para além da política, e que nem aí, apesar da ambição, nunca chegou a Ministro, leve a cabo qualquer dos seus propósitos. A ver vamos. O que nem seria mau. Sobretudo pensando em nós, claro está.

12 comentários:

Bartolomeu disse...

Esse hollandês e o seu confrade Seguro estão parvos, caro Dr. Pinho Cardão.
O que nos vale é termos um Primeiro Ministro que não embarca em fantasias e para combater o nível de desemprego, antecipou já um discurso mais motivador que o do franciu, o qual faz a apologia às virtudes do desemprego, como forma de garantir... emprego???
Eu, sou sincero; não percebi o alcance da visão do nosso primeiro, mas, estou "seguro" que todos os desempregado de Portugal já tiveram oportunidade de confirmar a eficácia da lógica...

Sebastião disse...

Caro Dr. Pinho Cardão,

Tenho 36 anos e gostaria que me respondesse à seguinte questão: - Face à conjuntura atual o que terei que fazer para ser uma pessoa com sucesso a nível profissional, como o Dr. Pinho Cardão?
Aceito todas as sugestões exceto filiar-me em partidos políticos e rescindir o meu contrato para agarrar oportunidades futuras.
Um muito obrigado!

Pinho Cardão disse...

Caro Bartolomeu:
Tem sido sito e redito e é verdade: é das crises que nascem as oportunidades. Claro que não se vão buscar crises para ter as oportunidades; mas, estando na crise...
Assim, o que o 1º Ministro disse está certo; politicamente incorrecto é seguro que é.

Caro Manuel Rocha:
Pergunta-me o que terá que fazer para ser uma pessoa com sucesso a nível profissional, com duas restrições, não se filiar vem partido político e não deixar o actual emprego.
Aí vai uma resposta, que não é conselho, nem recomendação. E é uma coisa que eu pratiquei comigo e sempre disse a quem comigo trabalhou ou trabalha:
1º -Trabalhar é penoso e só trabalha quem precisa
2º Se, à míngua de fortuna ou herança ou lotaria, se tem que trabalhar, pois que se trabalhe bem. Trabalhar mal dá o mesmo trabalho e a recompensa é provavelmente menor.
3º Tratar superiores, iguais ou inferiores da mesma maneira. Correctamente, sem abdicar de expressar e justificar a própria opinião. Com isso, terá um bom ambiente de trabalho e será considerado. E verá que quem não o considere devido a esse comportamento, não terá grande futuro.
4º Manter a sua opinião e justificá-la, em discussões internas, até à resolução de quem de direito. Decidido o assunto, cumprir. Dizia um gestor americano que não precisava de colaboradores que se limitassem a concordar consigo; se era assim,bastava ele.
5º Qualquer posto de trabalho exige mais do que tecnocracia. A emoção é tão importante como a razão.
Por aqui me fico. Não sem dizer que, para além do conhecimento técnico e competência, um pouco de sorte também é preciso.
Portanto, meu amigo, nunca desperdice oportunidades que surjam. A sorte favorece os audazes.
E por aqui me fico

Bartolomeu disse...

Caro Dr. Pinho Cardão,
Estaja certo que acredito na pureza do seu entendimento sobre esta questão.
Para mim, que me considero um ímpio em matéria de boas intenções políticas, atrevo-me a comparar o caso com o de um fulano acometido de apendicite, que baixa ao hospital e, deitado numa cama, vê-se rodeado por uma equipe de médicos que diagnostica uma peritonite e anecessidade urgente de operar, no entanto, o chefe da equipe impõe uma solução diferente... o doente que espere a peritonite que piore, o sangue que se envenene, porque certamente, o organismo vai ter com esse processo, a oportunidade de encontrar naturalmente uma alternativa para a morte...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão
Ainda vai ser a Senhora Merkel que vai encontrar uma "saída" airosa para o Senhor Hollande que não tem qualquer hipótese de cumprir as promessas que fez. Também é o do seu interesse, a França é fundamental na viabilidade da Europa.

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Caro Pinho Cardão

A sua resposta a Manuel Rocha é excelente. Só há um item que me intrigou, o 5º, no que à sorte diz respeito. É que num país de oportunidades feita por quem as procura, a sorte não devia ser necessária. Afinal é um elemento aleatório que não faz parte do rol das boas práticas. Bastaria o mérito. E infelizmente o mérito é coisa muita numa sociedade que se rege por outros itens omissos da sua resposta. E que todos bem conhecemos. É que há duas vias para Portugal. A actual, de uma sociedade ainda escorada de antigo regime, sociedade de Corte, onde o elevador social é puxado à mão daquele que está por cima, ou uma sociedade voltada para um futuro de iguais (que não necessariamente socialista). Quando houver notícias do caso Isaltino, BPN, submarinos, Freeport, começarei a acreditar no argumento de ser necessária alguma sorte. De outro modo, caro Pinho Cardão, os seus netos ainda aqui estarão a tentar perceber porque temos ciclos de emigração, de empobrecimento e porque estamos sempre com indicadores abaixo dos tais que já há muito enterraram em grande medida o factor sorte.

Tavares Moreira disse...

Caro Pinho Cardão,

Cá para mim, o afável F. Hollande (Francisco de Holanda em português), teria muito a ganhar com um curso de formação intensivo em Governo das Áreas Metropolitanas...conhece alguém com formação superior (muito elevada, mesmo) nesta matéria disponível para o efeito?

Pinho Cardão disse...

Caro Bartolomeu:
Desta vez. um bocado mal "acomparado"...Seguramente!

Cara Margarida:
Creio que vai ter toda a razão. Com um estrebuchar de início,não tarda em lhe ir comer à mão.

Caro PAS:
Não estou longe do que diz, estou até perto. Mas isso não invalida que, na esfera individual, não possa haver o factor sorte. Ou azar. Independentemente do mérito. E a sorte ou o azar manifesta-se muitas vezes por estar no lugar certo ou errado em determinado momento. Ou por uma opção circunstancial. Dou-lhe um exemplo pessoal. Em determinado período da minha vida profissional, fui convidado por duas empresas, uma pequena e outra muito grande, mas ambas prestigiadas e conhecidas para um cargo de administração. Hesitei e decidi-me por uma. Sem nenhuma razão particular, enquanto empresas, que ser maior ou mais pequena nunca foi factor de escolha. Acontece que calhou escolher bem. Passados uns dois anos, a empresa que preteri foi comprada por um grande grupo. Os quadros e administradores, aborrecidos com a compra mais ou menos hostil, abandonaram todos a empresa. E partiram para outra, mas com muito menos sucesso do que a primeira. Acontece que fui então convidado pelo Grupo que comprou a empresa para a qual dois anos antes fora convidado e para nela prestar serviço. Por certo que, se lá estivesse, em solidariedade, também a teria abandonado. Sem honra nem proveito. Ao contrário, entrei então num grande Grupo empresarial. Sorte na opção então tomada? Claro que foi.

Pinho Cardão disse...

Caro Tavares Moreira:
Francisco de Holanda foi um grande artista e um grande pintor do renascimento.
François Hollande é apenas um artista socialista, que nunca pintou para além das telas do seu partido. Como os socialistas que por cá o apoiam.

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Caro PC

Obrigado pela resposta. E obviamente tem razão. A sorte não só é um factor, como protege os audazes. Perdoe-me apenas alguma bílis de muita amargura relativamente ao BPN e quejandos. É que a minha felicidade seria total se visse este país extraordinário de gente, quando quer, extraordinária, mais harmonizado. Não só por questões sociais mas e até por progresso económico geral.
É que a integração antes de começar na Europa tem de começar no nosso quintal. E tem de ser cultivada evitando manchas e patogenicidade que nos torna amargos, secos e quebradiços.
De modo a evitarmos o míldio cuja descrição no Wikipédia é curiosa: «organismos parasitas da família Peronosporaceae (Oomycota) que formam manchas descoloradas translúcidas, por vezes recobertas por camadas pulverulentas, nas folhas e outros órgãos das plantas afectadas, que depois necrosam e ficam secas e quebradiças. Aqueles organismos, semelhantes a fungos, grupo em que tradicionalmente foram incluídos, são parasitas obrigatórios, de elevada patogenicidade pertencentes a diversas espécies, cada uma infecciosa apenas para um reduzido conjunto de espécies hospedeiro. Frequente em regiões húmidas, os míldios causam grandes prejuízos em culturas agrícolas, com destaque para a vinha, as cucurbitáceas, o tabaco, a batateira e o tomateiro».

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

P.S. era para ficar no comentário anterior. Fica aqui. Vamos lá então todos combater, até que a voz nos doa, o míldio que nos afecta a batateira e o tomateiro.

Pinho Cardão disse...

Caro PAS:
E da vinha! Por mim, já vou fazendo por isso. Uma questão de auto-subsistência.