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domingo, 6 de maio de 2012

Trapaceiro profissional

Dia da mãe. Para poder chegar a tempo ao hospital, lembrei-me de ir pelo IP3 em vez do habitual trajeto ao longo do Mondego, por Penacova. Uma asneira das grandes, porque me tinha esquecido de que era dia do cortejo da queima das fitas, que o trânsito estava condicionado na zona dos Fornos e que a entrada da cidade está num caos naquele ponto.Tinha outras alternativas, conheço-as como as palmas das minha mãos, mas quando dou para a burrice, é dito e feito, são umas atrás das outras. Queria chegar a horas, não é que tivesse dificuldade em vê-la, dada a minha condição, mas queria fazê-lo acompanhado pelo resto da família. Uma estopada. Depois de assistir às infiltrações na fila do trânsito, tão típica dos portugueses, desrespeitando as normas básicas de civilidade, o que me incomoda sobremaneira, esbarrei nos semáforos da rotunda da casa do sal. Trata-se de um local apetecível para vários tipos de pedintes que, no momento da queda do vermelho, atacam os condutores dos veículos de todas as formas imagináveis e inimagináveis. Sinto um certo constrangimento sempre que sou abordado, ficando na dúvida sobre a real necessidade dos "salteadores do sinal vermelho". Desta feita, as filas eram enormes constituindo bons filões para os ditos. Para espairecer as minhas preocupações foquei a minha atenção sobre um pedinte de copo na mão, canadiana de apoio a uma marcha claudicante. Tentei fazer um diagnóstico. Pareceu-me que se poderia encaixar num quadro de paralisia cerebral devido à forma como se movimentava. Recolhia moeda atrás de moeda numa sequência impressionante. Faltava pouco para chegar a minha vez, e o sinal verde não caía. Entretanto, talvez cansado por se ter afastado demasiado, desistiu de continuar a pedir, subindo para o passeio para regressar à linha de partida. Não era só eu que estava a analisar o seu comportamento, a minha mulher também estava. Foi então que me chamou a atenção, estás a ver como está a caminhar o pedinte da canadiana? Olhei, e vi o gajo a caminhar como uma ligeireza verdadeiramente impressionante, sem qualquer anomalia. Incrível. Fiquei sem fala. Um trapaceiro profissional.
Neste país o que não falta são trapaceiros, seja a que nível for.

5 comentários:

Catarina disse...

O trapaceiro nem se deu ao trabalho de continuar a “esconder” a sua trapalhice até terminar as horas de expediente. Para quê? O cliente parado segue com o verde e novos clientes vão parar no próximo vermelho.

O “Anda meio mundo a enganar o outro meio” já está desatualizado há muito tempo.

Bartolomeu disse...

Pode não ter sido trapaça...
Pode ter sido... milagre?!
Dizem que o dinheiro por vezes, opera certos prodígios...
Devem ser os mesmos prodígios que operam em alguns côxos, que após entrar para a política, passam a andar ligeiros... dizem depois umas más linguas que deambulam por aí que enriqueceram de uma forma fantástica... que nada! Enriqueceram mas, à conta de muito estenderem o copo e de se apoiarem na muleta...
Ora!!!

António Pedro Pereira disse...

Caro Prof. Massano Cardoso

A pobralhada sempre teve uma tendência «inata» para a vigaricezita.
E a ricalhada idem, só que agora já nem se dá ao luxo de encobrir, mostra o produto do gamanço nos «reality shows» e nas páginas da imprensa cor-de-rosa.
Quando temos os exemplos de Vara a trocar repentinamente as alheiras de Mirandela pelos robalos «made in» REN e REFER; Sócrates a trocar os estudos de Domingo, feitos em casa e enviados por Fax para o Reitor de UI, pela Sorbonne (e pelos restaurantes chiques de Parais); o ex-secretário de Estado Oliveira e Costa a divorciar-se e, num acto misericordioso para com a ex-mulher, a passar-lhe a fortuna conseguida do dia para a noite; o ex-conselheiro de Estado Dias Loureiro metamorfoseado de obscuro advogado de província em «respeitável» empresário turístico em Cabo Verde e a passear-se tranquilamente pelos Estoris; Jardim Gonçalves, qual Onassis habituado desde sempre a viver em berço de ouro e a alimentar-se de ostras, a não poder prescindir dos 170.000 euros de reforma do BCP para manter o «status», reforma essa conseguida arduamente com os «brilhantes» serviços prestados na vigarização da contabilidade do banco, e poderia continuar até à exaustão com a enumeração de exemplos, que esperar da ralé?
Com elites destas só podíamos ter ralé destas.
Até onde chegará a degradação material e moral deste nosso existir?
E aguentará a nossa paciência?

Tonibler disse...

Coitado, estava atrasado para a reunião da "jota", teve que acelerar o passo...

Suzana Toscano disse...

Há estes especialistas em aproveitar e explorar os sentimentos alheios, sempre houve, claro, mas vão-se especializando...