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domingo, 12 de agosto de 2012

Os guardiões do vício e da virtude e as férias do 1º Ministro

As férias de Passos Coelho na praia onde é veraneante habitual têm sido o mote para toda a maledicência. Jornalistas e pensadores competem diariamente no comentário preconceituoso e canalha.
Aqui há dias, o DN publicou uma fotografia de Passos Coelho a dirigir-se com a mulher para a praia, de fato de banho e toalha debaixo do braço. A foto servia para ilustrar um texto parolo de crítica rasteira e desmiolada: um mau exemplo do 1º Ministro, que não levava nem creme protector, nem garrafa de água.
Não dizia o jornalista se o sol ia alto ou já ia no ocaso; como não ocorreu ao jornalista que o homem se poderia ter besuntado em casa, antes de sair; ou se o homem não poderia comprar água, se lhe apetecesse, num qualquer bar da praia. Não, o único pretexto era criticar. Tomam-se como seres superiores. Tão superiores que subestimam a inteligência alheia. A pior forma de cretinice.
Pior ainda, permitem-se estabelecer normas, até quanto à água a beber e onde beber, e arvorar-se em guardiões do vício e da virtude. Teriam profissão garantida nalguns sítios que conhecemos. Ou como informadores da inquisição, se a houvesse.    

6 comentários:

Der Wanderer disse...

Caro António,

Vivemos hoje um tempo perigoso para a Democracia representativa.

Perigoso porque a forma como quem a conduz, e refiro-me a todos os agentes envolvidos, meios de comunicação social especialmente incluídos, que conduzem a partilha da informação - que devia ser isenta e não altamente opinativa - estão desresponsabilizados duma consciência ética e normativa que fez parte da formação de muitos nós.

Ir fotografar o Primeiro-Ministro em férias com a família e fulanizar o chefe do Executivo do Governo, como se fosse uma figura da vida pública sem consequência maior que a de uns minutos a olhar uma página de revista, é de vulgaridade e inconsequência cívica ímpar. Fazer inferências sobre os seus hábitos e transformar isso em matéria de jornal é, perdoe-me a expressão, reles. Desconfio que nem no tempo da baronesa Thatcher e dos tablóides Murdochianos (que pelo menos tinham o benefício de agir num país democraticamente muito mais amadurecido que conhece e trata a democracia representativa por "tu" num sistema de publicações jornalísticas parcial e portanto, previsível, no bom sentido)se viu este tipo de abordagem noticiosa.
Se os momentos são perigosos para a Democracia do ponto de vista de como ela é tratada pela comunicação social, também é verdade que é no âmago do jogo democrático que se cozinha muita da lama que suja o quase-perfeito manto que a cobre (sublinho quase-perfeito...), num caldo sulfuroso. Os agentes políticos, que deveriam ser os primeiros a defender uma elevação de valores intelectuais e consciência operativa politizada à luz de valores platónicos, soi-disant "puros", são, em muitos casos os primeiros a promover a desqualificação da classe, com a inevitável subtracção de confiança por parte do eleitorado que, neste regime, representam em direito qualificado.

Confesso que me causa grande constrangimento ver as imagens e comentários que referiu, sobretudo em relação a quem tem sobre si a verdadeira consciência e responsabilidade da urgência do desígnio nacional, mas também confesso que em momentos de grande responsabilidade e em que o caminhamos no fio da navalha, como narraria Somerset Maugham, não são permitidos erros de percurso. Como diz Maugham, pode haver um nascer do sol no topo da montanha, mas se o caminho não for percorrido sem falhas, pode sempre o Homem viver de noite.

Um abraço amigo

João Monteiro Rodrigues (cumprimentos A. João e Ménita)

Pinho Cardão disse...

Com que então o meu amigo Der Wanderer é o filho do A. João e da Mena!...
Como é que vão as músicas? Pelo que vejo, o pseudónimo é sugestivo que a paixão continua lá...
E como é que vieste dar ao 4R?
Abraço amigo; gostamos muito de te ter por cá!

Der Wanderer disse...

Bom dia António!

Pois assim é, Der Wanderer sou eu, mas tenho sempre o cuidado de assinar com o meu nome - não gosto, nem pretendo, não ser responsável pelas minhas próprias afirmações. Lá está, outras formações morais e éticas.
A música é, como tantas outras coisas na nossa vida, um elemento estruturante, estudei-a muitos anos, fui profissional e tenho orgulho e muita satisfação nesse percurso relativamente curto em termos profissionais. Hoje sou arquitecto e trabalho numa empresa de consultoria em ordenamento do território, direito do urbanismo, pesquisa documental no sector cultural onde temos dois projectos muito interessantes em curso, temos também uma vertente pedagógica que estamos a desenvolver num projecto-piloto, justamente em Colares. É uma empresa com um cunho muito humanista.
À parte toda essa actividade profissional, vou mantendo um intenso interesse pela coisa pública e pelo pensamento político, que sempre me interessou e cultivei. Nos últimos anos, como qualquer cidadão lúcido, acho que se tornou gritante a necessidade de chamarmos a nós todos, massa crítica e operante, a responsabilidade de tomar partido, ser facção, estar politizado. E assim fiz, no seio do partido onde sempre me senti livre de escolher a minha filosofia própria de vida e abordagem às questões que nos mobilizam.
Penso que vim parar ao 4R através dum post do Miguel Frasquilho no Facebook, mas não posso ter a certeza, o que sei é que é incontornável e seguirei diariamente e comentarei sempre que puder e fôr a propósito.

Saudades de todos que não vejo há tempo demais!

Abraço grande

JMR

Tavares Moreira disse...

Caro Pinho Cradão,

Chama-se a isto jornalismo de sarjeta...e admito que se trate de uma qualificação benévola.
É preciso ter uma organização mental mesmo muito danificada e uma enorme falta de respeito pela inteligência alheia para divulgar usar este tipo de notícias como tema de reportagem...
E o mais grave é que, para serem publicadas, estas notícias atravessaram vários crivos no órgão de comunicação que as deu à luz...e passaram...

Pinho Cardão disse...

Caro DER Wanderer:
Vou tratar de nos reunirmos todos. Lá para Setembro.

Caro Tavares Moreira:
Claro, coniventes jornalista, editores, sudirectores, directores adjuntos e directores, que há de tudo no jornal em questão.

Margarida disse...

Não percebo como se dá ao trabalho de ler coisas dessas...
É verão e procura uma leitura "light"... só pode.
Já vi que gosta especialmente do PM e que é seu defensor público.
Acho bem não há mal nenhum nisso. Eu também procuro no verão leitua "light" que são propícios a comentários "light" como este... não adianta não atrasa e não faz mal a ninguém Iol IOl IOl