Gosto do Douro, em especial do Douro Vinhateiro. Para quem quer descansar, repousar na beleza e no encanto da natureza e desfrutar um ambiente romântico e bucólico a região do Douro é realmente um destino de eleição. Nunca cansa, pelo contrário, quanto mais se conhece mais vontade se tem de voltar. São muitos os locais de refúgio, especialmente situados nos socalcos do magnífico rio Douro. Talvez seja da idade, mas noto uma cada vez mais necessidade de quebrar suavemente a rotina do dia-a-dia, de sossegadamente não repetir os mesmos trajectos, de ir ao encontro de ambientes que convidam ao relaxamento. A natureza é tão magnífica que compensa os atentados urbanísticos que também atingem esta zona, num contraste óbvio entre uma arquitectura agrícola esmerada que enaltece o rio, as montanhas e os seus vales e uma anarquia urbanística a revelar falta de sensibilidade e o que de pior conhecemos do negócio imobiliário.
O passeio começou em Amarante, cujo centro histórico merece ser visitado. Trata-se de uma parte da cidade, que embora pequena em área tem uma grande concentração de monumentos, é grandiosa em história, cultura e tradições, com o enquadramento harmonioso e fresco do Rio Tâmega. Justifica a ida, uma dormida se possível, para pela manhã cedo ver as cores do nascer do dia despontarem e matizarem-se numa pintura que combina os azuis do céu, os verdes das águas do rio e das margens ladeadas por frondosas e centenárias árvores e a pedra dos monumentos históricos.
Amarante é conhecida pela Ponte de São Gonçalo que atravessa o Rio Tâmega, uma ponte com muita história para contar. A construção da velha ponte é atribuída a São Gonçalo, santo padroeiro da cidade, destruída em 1763 devido às cheias do rio. Foi reconstruída nos anos seguintes e, muito mais tarde, foi palco de um dos episódios mais marcantes da segunda invasão francesa.
Depois de Amarante a viajem prosseguiu para o Douro. A opção não foi o caminho mais rápido – por autoestrada – mas antes a estrada nacional que liga Amarante a Mesão Frio (está em muito bom estado). É um passeio lindíssimo de montanha que permite o contacto com um património paisagístico que não se pode perder. Mesão Frio é uma vila ancestral, rica em solares e igrejas, mas o que mais impressiona são as vistas grandiosas. É um anfiteatro voltado ao Douro, do qual se podem mirar paisagens a perder de vista, feitas de montanhas e vales forrados de vinha e recortados pelas águas brilhantes do rio. São paisagens deslumbrantes. De Mesão Frio ao Peso da Régua é um saltinho…
11 comentários:
Bonitas fotografias e bonito texto.
Estes lugares que a cara Drª. Margarida descreve tão bem e com tanto sentimento, são também para mim, de eleição.
Amarante, a ponte, os doces regionais (alerto-a para que não leia a história impressa nas caixas dos bolos, referente às freiras do convento). ;)))
Vou contar uma peripécia (pouco ou nada edificante para a minha pessoa) que me sucedeu em Amarante, uma das vezes que a visitei.
Como é meu habito, andei à deriva por aquelas serranias e cheguei já fora de horas a Amarante, em busca de um restaurante que ainda servisse almoços. Encontrei um, do lado de lá da ponte, uma tasquinha, ou como se designava antigamente, uma casa de pasto, que se resolveu fritar-nos uns bifes e umas batatas... que era a única coisa possível. Serve, respondemos. Indicaram-nos uma mesa junto a uma janela mesmo por cima do rio e lançaram-nos a sacramental pergunta; e para beber?
-Pode ser um verdinho da região, tinto, fresco.
Era verão, o calor fazia sentir-se desde muito cedo e a sede era imensa.
Como se muito natural fosse, colocaram-nos em cima da mesa, dois jarros de barro branco vidrado, com a capacidade de sete decilitros e meio.
Interroguei o "estalajadeiro", sobre o porquê dos dois jarros de vinho, que me respondeu com uma interrogação/afirmação; então vocês são dois...
Disse então à minha mulher, deixa estar... bebemos o que nos apetecer e pronto. Dito e feito, enchemos os copos, brindámos à nossa saúde e zuca... o conteúdo desapareceu pela goela abaixo. O vinho era de "estalo" e, o sabor e a frescura, fizeram com que, no espaço de tempo que durou a feitura dos pratos, um dos jarros ficasse vazio. Entre conversa, e depenicadelas no pão e nas azeitonas, comecei a provar do 2º jarro e a começar a sentir o olhar reprovador da minha mulher, que, "assim como quem não quer a coisa" aproveitou para me lembrar que tinha de conduzir, porque ela não se conseguia orientar naquelas estradas. Até ao final da refeição, os dois jarros do belíssimo verde-tinto, fresco, com excepção de dois copitos, escorregaram maravilhosamente.
Quando saímos da tasca, comecei a notar que havia qualquer coisa que provocava desestabilidade no pavimento. Pensei que a proximidade do rio fosse a causa daquele balancear. Endireitei-me muito escorreito(zinho) e sugeri à minha mulher, um passeio até ao fim da rua, pensando que entretanto a "coisa" serenasse. Lá fomos, descemos até ao largo das camionetes, voltamos a subir, entrámos no jardim, apreciámos as vistas, passámos a ponte e os "vapores" ainda não se tinham dissipado na totalidade. Até que tive de optar pelo plano "B", o da confissão. Olha querida, vais ter de ser tu a levar o carro.
-Pois... já estava a calcular, e eu detesto conduzir em locais que não conheço.
-Não te preocupes que com um navegador como eu, nunca te vais perder.
E lá fomos até ao recinto da feira, onde tinha deixado o carro estacionado, rumando em seguida a Guimarães, onde me encontrava hospedado. Ao chegarmos ao destino, fartei-me de fazer elogios à perícia da condutora, só para que da próxima se sentisse mais confiante.
;))))))
Esta região é maravilhosa para passearmos nesta época do ano.
Aconselho, vivamente, um saltinho por estes lados e, na programação, pernoitem em Amarante. Passeiem junto ao rio e visitem o centro histórico
Uma região fantástica, sem dúvida!...
"De Mesão Frio ao Peso da Régua é um saltinho…"
E de Peso da Régua ao Pocinho, nem tanto.
Se ainda estiver por esses lados permita-me que sugira almoçar ou jantar num restaurante novo mesmo à beira do Douro, no Pocinho.
Não é difícil descobri-lo.
Caro Bartolomeu
São peripécias como aquela que contou que apimentam as viagens. Conferem-lhes um sabor especial.
Mas Caro Bartolomeu dois jarros do precioso líquido não é brincadeira, não admira que o chão lhe fugisse um pouco dos pés. Mas soube-lhe bem e quando se tem "motorista" é sempre a andar.
Caro Lobo da Gardunha
Segui precisamente o seu conselho. Ficámos uma noite em Amarante num hotel à beira da ponte, a chamar por um passeio logo pela manhã nas margens do rio e no centro histórico. Uma paragem numa confeitaria com uma varanda debruçada sobre o rio é obrigatória para saborear um doce de ovos. Aproveitei para comprar uma caixa de lérias. A doçaria amarantina também é famosa.
Caro Rui Fonseca
Obrigada pela sugestão que vou seguir no próximo passeio ao Pocinho. Dou sempre preferência a recomendações. De facto o Douro tem muitos "saltinhos" para fazer.
Permita-me que lhe retribua a sugestão com um restaurante em cima do Douro na localidade da Folgosa, Armamar. Também é fácil de descobrir.
Não preciso de lhe desejar um bom passeio pelo meu Douro, Margarida. Está garantido!
Peço desculpa, mas fui traído pela rima.
Onde disse Pocinho queria dizer Pinhão.
O seu Douro, José Mário, é sempre um encanto.
Caro Rui Fonseca
Não estaremos a falar do mesmo restaurante? Estive no Pinhão. Estava um grande calorão, ainda demos um passeio a pé junto ao cais de embarque de cruzeiros, mas não me lembro de ver o novo restaurante. Fica para a próxima.
Lindo passeio Margarida, é como diz, não cansa e há sempre sítios lindíssimos para descobrir. No pinhão só passei uma vez quando fomos de comboio desde mosteiró, junto a Porto antigo até Tua, creio eu, sei que é fantástico porque a linha vai sempre junto à margem do rio.
A viagem desde S.Bento até ao Tua era,nos meus tempos de estudante,das coisas que mais gostava de fazer.
Porque o trajecto à beira-rio era mesmo fantástico!E porque,chegado ao Tua,ia ver o ramal mais lindo que Portugal algum dia teve e que,desgraçadamente,foi pura e simplesmente aniquilado definitivamente por esse monstro do Mexia,e do não menos criminoso do porreiro pá,esse sócrates fugitivo em Paris e que não há quem o traga para prestar contas por tantos crimes que fez contra o País!Este foi um deles e que agora este governo já não pode (ou não quer?)remediar!
À laia de saudosismos,aproveito também para sugerir aos distintos comentadores e em especial à Susana,à Margarida,sem esquecer o Bartolomeu,que vão um pouco mais acima e "saboreiem" a princesa do Tua,essa Mirandela linda e,como sítio de referência para um bom almoço se dirijam ao Romeu ao Maria Rita e vão ver que não se arrependem. Fica a 8 kms.de Mirandela e,pela nova auto-estrada são 5 minutos!
Cumprimentos para todos!Desculpem a familiaridade, mas julgo que posso continuar a tratá-los assim!
Caro alberico.lopes
Obrigada por partilhar connosco as suas memórias. Não esquecerei a sugestão de Mirandela. Há tanta coisa bonita para "saborear"!
Esperamos poder continuar a conversar com o Caro alberico.lopes, é muito bem-vindo, só temos a agradecer a sua familiaridade.
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