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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Um acidente que diz muito...

Hoje de manhã quando tomava o café ouvi a notícia que uma criança tinha sido sugada numa piscina nos arredores de Lisboa. O barulho na confeitaria era grande e não consegui perceber mais nada. Fiquei aflita, que horror!
Pensava eu que casos como este nunca mais sucederiam, depois da tragédia da morte de duas crianças presas nas tubagens do parque aquático Aquaparque em Lisboa.
A jovem ficou presa debaixo de água no tubo de sucção da piscina do Clube do Rio na Baixa da Banheira. Não morreu, foi reanimada, está hospitalizada. Poderia ter sido uma desgraça.
A legislação, segundo a notícia, é exigente, existem normas comunitárias que estabelecem regras técnicas muito apertadas para impedir a prisão de um corpo debaixo de água ou a sua sucção. Não falta, portanto, legislação. Faltará fiscalização ou então formação que habilite os inspectores a fazerem um trabalho rigoroso. Numa matéria como esta não se pode facilitar, não pode haver lugar a “meias coisas”.
Hoje fiquei a saber que o processo contra os responsáveis do Aquaparque, acusados de homicídio por negligência, prescreveu. Mais um. A culpa morreu solteira...

6 comentários:

Textículos disse...

Nunca houve responsáveis, a edilidade lisboeta à altura era a responsável pelo parque aquático. Do elenco camarário de Jorge Sampaio toda a gente saiu de mãos lavadas.

jotaC disse...

É inacreditável que depois do sucedido, que agora prescreveu, possa haver a possibilidade de se repetir o mesmo...Afinal quem licencia estes parques não é responsável!?

Ilustre Mandatário do Réu disse...

Falta também reponsabilidade individual dos gestores e utentes das piscinas.

É impossível uma país funcionar numa lógica de lei "exigente" e "fiscalização".

Um país só funciona com cidadãos responsáveis.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Ilustre Mandatário do Réu
Põe o dedo na ferida. Um país só funciona com cidadãos responsáveis. Não sendo, rapidamente se entra no caminho fácil, mas nem por isso eficaz, de tudo legislar e fiscalizar. Fazem-se as leis a contar que quem as deve cumprir não o vai fazer e logo ficam incluídas longas listas nominativas de incumprimentos e as respectivas penalizações. Se somarmos o não funcionamento da justiça percebemos bem o ciclo vicioso em que nos deixámos enrolar.
Caro jotaC
Com tamanha produção legislativa, infindáveis entidades administrativas criadas para tudo e mais alguma coisa e com a proliferação de competências sobrepostas e redundantes não temos que nos admirar que perante desastres a culpa seja sempre do vizinho ou então da legislação que não legislou.
Caro Textículos
Como se a morte de duas crianças tivesse sido um mero azar, o equipamento estava em perfeitas condições.
Ao ler as declarações do responsável da dita piscina na Baixa da Banheira fica-se incrédulo: "Não há perigo de as pessoas serem sugadas para o tubo porque não cabe lá ninguém, nem uma criança. Foi um acidente. Sempre trabalhou assim ao longo de todos estes anos e nunca aconteceu. Vamos deslocalizar a escada e proteger melhor aquele local, como medidas de precaução".

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Cara Margarida

Desta vez discordo de si (não do ambiente de falta de responsabilidade geral, muito comum, principalmente nos decisores políticos que fazem a legislação e atiram as consequências para os juízes) e porque conheço bem o tema.
A sucção de uma qualquer tubagem de circulação de água acontece em dois casos: quando se inverte (voluntária ou involuntariamente) o circuito de circulação da água das piscinas, para fazer a limpeza de um equipamento destes, ou quando a polaridade da bomba por motivo de avaria se altera (muito raro mas possível, começando a bomba a puxar em vez de expelir).
Se a sucção existiu por um funcionário resolver fazer aspiração a aquela hora de utilização, é irresponsabilidade; se trocou qualquer válvula por acidente, ou a bomba avariou e inverteu o circuito, é acidente mesmo).
Em Portugal temos este esquema mental de condenar tudo mesmo sem conhecer as causas, como se não houvesse imponderáveis, mas vivermos na insustentável leveza da irresponsabilidade (quantas vezes gerada por falta de profissionalismo).
E lastimo, mas a responsabilidade política de medidas pouco estudadas ou voluntárias, para mim é a mais grave, porque mais traiçoeira, escondida e penalizada apenas de 4 em 4 anos: veja bem o caso dos 40.000 idosos que não compraram o passe porque houve uma "alimária" que não estudou as consequências para os idosos do fim de descontos para estes velhos desprotegidos; quantos terão se matado entretanto?

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Pedro Almeida Sande
Obrigada pelas suas explicações técnicas, pode ser que tenha havido um funcionário que "trocou qualquer válvula por acidente, ou a bomba avariou e inverteu o circuito". Não há qualquer intenção de condenação, há, sim, uma chamada de atenção.