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domingo, 19 de maio de 2013

Locais sagrados...


Tudo tem uma explicação, tudo tem um nome. Conhecer a origem das coisas ou o porquê do nome seduz qualquer um. Às vezes é fácil, existe documentação ou elementos que expliquem os factos ou as designações, outras vezes não é possível o que leva a investigar a origem. Mesmo que a investigação não corresponda à realidade pode ser sempre fonte de um novo mito. Os próprios mitos ou lendas são, por vezes, usados para lá chegar. É uma área das mais adoráveis, misturar lendas e investigação, criando e recriando novas verdades e interpretações.
Diz o investigador que as aberturas de todos os dólmenes do vale do Mondego estão viradas em direção à serra da Estrela. Quando foram construídos, há seis mil anos, a estrela Adelbaran, grande, tremelicando como só um coração do universo sabe fazer, enviando uma luz avermelhada, nascia por detrás do maciço rochoso convidando os homens e animais a beberem a vida que brotava naquele majestoso altar. O sentido religioso do homem compreendeu que o sagrado se deve pagar com o sagrado, o que fez com que construíssem os seus monumentos em locais tão belos e suaves.
Conheço alguns desses locais, próximos e remotos, autênticos portais do tempo, estranhos altares que nos ensinam a agradecer a vida e a beleza, uma simbiótica relação que devem ter descoberto há muito. O silêncio aquece a alma, o ar é o mesmo, os espaços circundantes não devem ser muito diferentes aos nossos olhos, os deles e os meus, e as pedras aquecidas pelo sol do verão devolvem o mesmo calor provocando sensações idênticas. Tudo em redor se move num silêncio adorável, as cores são as mesmas, sentaram-se nos mesmos locais, falaram, comeram e amaram naqueles templos naturais. Não os ouço, mas não é difícil adivinhar as suas presenças. Busco-os sempre que posso, e quando não posso tenho a solução, para isso basta-me recordar as sensações que têm produzido ao longo do tempo. 
É o que estou a fazer neste momento, viajar no tempo próximo e no tempo remoto, o meu tempo e o tempo deles, nos mesmos locais, sagrados, templos, onde consigo compreender o sentido da vida acasalado com a beleza. 
Locais sagrados, com nomes, com significados, convidando à criação de novas lendas que permitam perpetuar a vida e a beleza. É isso, o único sacrifício que pedem é um nome e que os perpetuemos em lendas, afinal, o seu equivalente a vida e beleza...

2 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Professor Massano Cardoso
O exercício de gostar do belo não depende de mais nada que não seja da nossa sensibilidade. O que é belo é uma expressão íntima de quem o cria e de quem o admira. É uma relação perfeita que se perpétua no tempo graças a essa capacidade extraordinária de pessoas em tempos diferentes serem tocadas pelo mesmo gosto.

Bartolomeu disse...

Ao longo da sua caminhada pela Terra, têm sido colocados nos caminhos do Homem, sinais, inidicadores de uma rota que o conduzem, passo a passo, numa jornada que objectiva a perfeição, o encontro com o divino e, consigo mesmo.
A estrela que deu o nome à Serra tinha essa função para os pastores pré-históricos, a de sinalizar o tempo certo em que deveriam subir com os seus rebanhos até às ferteis pastágens dos cumes da Estrela.
Hoje como sempre, o Homem precisa encontrar uma estrela superiormente brilhante que o conduza tal como a Aldebaran da constelação Touro, às pastágens fertéis e aos mananciais cristalinos.