Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Regressar à Política ou à Despesa?...

1. Foi notícia, no início do último fim-de-semana, uma declaração de destacado responsável político do PSD, atingindo duramente o Ministro das Finanças ao dizer, sem rodeios, que “o tempo político do Ministro tinha chegado ao fim”.
2. Dessa mesma declaração, repetidamente exibida nos canais de TV como era de esperar, retive uma passagem muito curiosa, na qual o referido político reconhecia ter terminado o tempo da “tecnocracia”, era preciso dar primazia “à política”.
3. Achei curiosa esta passagem pois na minha apreciação ficou claro que o autor pretendeu dizer, muito simplesmente, que tinha chegado o tempo do Estado voltar a gastar, de abrir os cordões à bolsa, de abandonar esta inquietante disciplina orçamental que está deixando tanto político à beira de um ataque de nervos...
4. ...Sobretudo agora que se aproxima, vertiginosamente, mais um acto eleitoral e logo daqueles de que dependem tantas centenas ou milhares de lugares à Mesa do Orçamento...
5. Creio que o declarante só não utilizou uma linguagem mais clara, clamando sem eufemismos por mais e mais despesa, com receio de se retratar excessivamente - ele que, como tantos outros, ainda há pouco tempo tecia encómios à política de “consolidação orçamental” (versão antiga da actual "austeridade"), como única via de solução para os problemas do País...
6. Esta declaração reflecte, genuinamente, a ansiedade que se está apoderando de uma classe política que se habituou a viver sem quaisquer restrições orçamentais; de uma classe política que, apesar das diferenças de tonalidade que as circunscrições políticas impõem ao discurso dos seus zelotas, se revia perfeitamente na política que ficou conhecida por “atirar dinheiro para cima dos problemas” a qual marcou, tão festivamente, a segunda metade dos anos 90 e, em especial, a triunfal adesão ao Euro...e viveu período áureo nos 6 anos que antecederam a ruptura financeira!
7. Por isso ela não se distingue, na sua essência poética, das promessas genéricas e utópicas dos Crescimentistas – mais crescimento e mais emprego, sem cuidar dos recursos – os quais, quando descem ao plano do detalhe, nos apresentam soluções perfeitamente inviáveis senão mesmo bárbaras...
8. ...Como aquela de reduzir o rácio de solvabilidade exigível aos bancos, dos actuais 10% para 7,5% (o chamado rácio core tier one), medida cuja impossibilidade não podem ignorar e que, se alguma vez fosse simplesmente tentada, nas circunstâncias actuais representaria o fim do sistema bancário em Portugal...
9. Em suma, tanto o dramático apelo ao “regresso da política” de um proeminente social-democrata (que sugere alguma perturbação lá por casa...), bem como os apelos ao “crescimento e ao emprego” dos amabilíssimos Crescimentistas, têm um denominador comum que se resume em três palavras: Mais Despesa Pública (MDP em sigla)...
10...MDP financiada como e com que benefícios para além da solução das suas aflições políticas, se desconhece em absoluto - o que aliás pouco interessará para a definição do estado de alma...

21 comentários:

Tonibler disse...

Caro Tavares Moreira,

São excelentes notícias essas dos responsáveis do PSD começarem a mexer-se nas cadeiras. Fiquei bastante contente com o facto de um anteriormente apontado como o "treinador" de Passos Coelho já lhe andar a rezar pela pele.

Mas se os Crescimentistas estão claramente em declínio, os Engonhistas, esses estão em grande. Um Engonhista, mais que apelar ao crescimento levanta problemas para engonhar todo e qualquer processo de corte na despesa. Os Engonhistas, ao contrário dos Crescimentistas, não ocupam posições na oposição mas estão bem colocados na hierarquia do estado. Depois de dois anos a reclamar por equidade na primeira derivada, mesmo que isso pudesse representar uma enorme desigualdade, agora reclamam contra os "corte cegos". Se não são cegos, são inconstitucionais, se são cegos são uma selvajaria.

Um engonhista vivia bem melhor no tempo em que os ministros das finanças aldrabavam a contabilidade, porque quem não vê é como quem não sente. Não sendo uma situação sustentável pelo menos ninguém sabia e dizer que não sabia é uma fórmula de sucesso usada ao mais alto nível...por isso o melhor é engonhar. Aposto que depois de tudo tratado com a troika ainda vem de lá um engonhanço na forma de inconstitucionalidade por falta de equidade na segunda derivada.

Delenda!

Floribundus disse...

o 'animal político' é um conhecido ex-bloguista do Blasfémias. é um blasmacho conhecido, considerado como escravo do minezes gaioso. como muito outros democratas da nossa praça é 'a opinião'.
não se enxerga. está sempre ao serviço de qualquer coisa. dizem que concorre a Gaia porque não conseguiu ser ministro

Pinho Cardão disse...

Engonhistas!...
Magnífico, caro Tonibler

Carlos Monteiro disse...

Vejamos os resultados: Têm sido excelentes!!!

Tiro ao Alvo disse...

Em suma (...)têm um denominador comum que se resume em três palavras: catraios, garotos, arapazados.

Tavares Moreira disse...

Essa chamada à liça do Engonhista, que será aquele (i) que trabalha de má vontade, (ii) que faz cera ou (iii) que faz de conta que trabalha, segundo os nossos dicionários, pode ser um valioso contributo para a análise deste candente tema,caro Tonibler!
Na verdade, Crescimentistas e Engonhistas professam uma ideologia comum: uns fazem de conta que a economia cresce, utilizando potentes dispositivos oratórios, outros fazem de conta que trabalham e que com isso contribuem para o bem comum!
Com Crescimentistas e Engonhistas ao leme, teremos asegurado um caminho de progresso, com o Estado Social como "driver" de toda a política económica e a mão estendida como principal instrumento dessa mesma política!
Por isso partilho do seu optimismo face a estas recentes e estimulantes notícias!
Vamos ter mais episódios destes nos tempos mais próximos, se não me engano muito!

Caro Carlos Monteiro,

Excelentes os resultados e tb estes seus comentários para o esclarecimento do tema!
Abraço cordial!

Um certeiro tiro no alvo, caro Tiro ao Alvo!

Paulo Pereira disse...

Caro Tavares Moreira,

Como se designarão os apoiantes da redução dos impostos sobre as empresas como forma de promover o crescimento económico ?

Não são Austeristas, serão Crescimentistas tipo B ?

E já agora , como interpretar que em toda a Zona Euro as taxas de juro da divida publica estão ao nivel mais baixo dos ultimos anos, mas a divida / PIB continua em escalada ?

Tavares Moreira disse...

Os apoiantes da redução de impostos sobre as empresas para estimular o crescimento dividem-se em dois grupos, pelo menos:
- Os que, sem prejuízo da sinceridade da sua opinião, encaram o impacto orçamental dessa medida como questão não despicienda, que deve ser equacionada e para a qual é preciso encontrar solução - serão reformistas construtivos, se quiser;
- Os que se estão nas tintas para as consequências orçamentais dessa medida e portanto estarão dispostos a por em risco toda a economia em nome de uma sofreguidão reformista: serão reformistas desconstrutivos, se quiser.
Mas não excluo que o ilustre Comentador encontre designações bem mais inspiradas do que estas, uma vez que já se provou não existirem limites para a sua imaginação...

Paulo Pereira disse...

Caro Tavares Moreira,

Quando temos em 2011, 2012 e 2013 colossais aumentos de divida, cerca de 50 mil milhões de aumento e mesmo assim os mercados reduzem os juros, é um pouco estranho que exista assim tanta preocupação com um aumento da divida provocado por reduções de IRC e TSU , por exemplo de 2% do PIB , ou seja 3,3 mil milhões por ano.

Não consigo entender qual seria a dificuldade em financiar ou por divida de curto prazo ou por divida forçada ou um misto dos dois, 3,3 mil milhões de euros de divida adicional por ano.

Se ao mesmo tempo for implementado um plano de simplificação do estado ainda menos será necessário.

Tavares Moreira disse...

Caro apaulo Pereira,

Lá volta o ilustre Comentador à teoria do aumento de dívida do passado - e sem ter averiguado, como amigavelmente lhe sugeri mediante leitura do DEO, quais foram os factores de terminantes do aumento dessa dívida, na sua maior parte factores extra-orçamentais.
Já lhe disse e repito, amigavelmente como se impões, que não nos interessa nesta análise a evolução da dívida passada, mas sim a capacidade de endividamento futura...
Enquanto V. Exa. não entender ou não quiser entender isto, estaremos condenados a uma conversa de surdos como soe dizer-se!
E quanto às CCDR's, não quer dar-nos conta das suas primeiras conclusões quanto ao valor acrescentado pelas ditas para a economia portuguesa?

Paulo Pereira disse...

Caro Tavares Moreira,

a) O que eu pretendia demonstrar era que nada faz crer que um pequeno acrescimo na divida publica por via da redução do IRC e da TSU teria um grande impacto.
O passado e o presente parecem corrobar esta tese que é bastante verossimel.

b) AS CCDr's têm pouco valor acrescentado na economia, mais ou menos o mesmo que os outros departamentos do estado não social.

c) O que se pretenderia era aumentar o valor acrescentado desses departamentos voltando-os para a ajuda á economia.

d) Por isso a concentração em apenas dois ministérios de toda a intervenção na economia :

- Ministério da Economia e Finanças

- Ministério do Território, Ambiente, Turismo, Agricultura e Mar

e) A vantagem das CCDR's é a sua longa historia de conhecimento e relações com os municipios, universidades e associações empresariais e de municipios.

Ou seja seria mais facil coordenar as politicas economicas a este nivel para as PME's.

f) Os apoios ao IDE e Grandes Empresas seriam coordenados pela AICEP.

Deste modo existiria uma maior continuidade das politicas, eliminando o resto da tralha como o IAPMEI, COMPETE, etc.

Tavares Moreira disse...

Caro Paulo Pereira,

As CCDR's ajudarem a economia como?
Participando nas celebrações realizadas aquando das datas de aniversário das empresas? Assistindo as empresas na escolha das ementas das refeições sociais? Descortina algo mais onde o VA das CCDR's se possa revelar com algum esplendor (posso estar a ser injusto ou céptico em excesso, tenho de admitir)?

luis cirilo disse...

Caro Dr. Tavares Moreira subscrevo por inteiro o seu excelente artigo com uma pequena ressalva: no ponto 9 chama proeminente social-democrata ao autor da disparatada afirmação. Acontece que a pessoa em causa só tem uma ideologia conhecida que é a que o leva a aproveitar todas as oportunidades que,vá-se lá saber porquê, lhe põe á frente. Já foi do CDS, passou-se para o PND e agora anda pelo PSD. Até ao dia em que lhe ofereçam melhor.

Tavares Moreira disse...

Caro Luís Cirilo,

Seja bem regressado a esta tertúlia! Quanto à proeminência, não tendo o gosto de conhecer pessoalmente o personagem em causa, orientei-me naturalmente por coordenadas fisiológicas, tendo a impressão (à distância, é certo) de que se trata de personagem razoavelmente avantajado e, como tal, proeminente...
Em todo o caso, foi designado vice-presidente do Grupo Parlamentar, o que também não é para todos, como bem sabe...
Abraço amigo.

Stoudemire disse...

O recessivo Tavares Moreira, um dos que mamou à conta da teta do Estado durante anos, continua em produção incessante.

Saldanha Sanches! Saldanha Sanches!

Tavares Moreira disse...

Um NOJO esse comentário, "senhor" stoudemire, um verdadeiro NOJO...
Além de objectiva e escabrosamente falsa, essa INJURIA é reveladora de uma mentalidade perversa, típica dos que atiram pedras a coberto do anonimato...
Só tem uma saída neste momento: divulgar a sua verdadeira identidade, deixando de se esconder por trás desse falso nome.
Se o não fizer - é lá consigo - registarei a extrema COVARDIA da atitude e este diálogo terminou.

Stunning inspiration disse...

Tavares Moreira continua a acreditar piamente que dois países com economias sem nada em comum podem partilhar a mesma moeda . E pensar que já foi GdoBP.

França em recessão
http://www.bbc.co.uk/news/business-22536197

Alemanha quase lá , quem acredita que crescimento de 0,1 , não é maquiagem ? Só Tavares Moreira e seus fieis seguidores
http://www.tvi24.iol.pt/economia---economia/alemanha-pib/1449790-6377.html

A Europa como um todo em recessão
Eurozone recession continues into sixth quarter
http://www.bbc.co.uk/news/business-22536201
http://www.tvi24.iol.pt/economia---troika/recessao-pib-da-zona-euro-eurostat/1449837-6375.html


E Portugal na frente da queda no abismo
http://www.publico.pt/economia/noticia/pib-portugues-caiu-39-no-primeiro-trimestre-1594457


Mas Tavares Moreira diz que daqui por uns mesitos tudo voltará a brilhar esplendorosamente .

Qt mais tempo irá demorar até que o "génio" Tavares Moreira perceber que o principal veneno da europa é o EURRO !!

Tavares Moreira disse...

stunning Stunnig,

Disse e repito, as vezes que quiser, sem hesitação e com os melhores cumprimentos.

Stoudemire disse...

Tavares Moreira, quer que eu lhe relembre o seu currículo?

Stunning inspiration disse...

Queremos que relembre o curriculo sim ,relembra aí stoudemire . A avaliar pela resposta agressiva e nervosa deve valer a pena .

Stunning inspiration disse...

"Disse e repito, as vezes que quiser, sem hesitação e com os melhores cumprimentos."

Disse e repete o quê ? Que dois países com economias sem nada em comum podem usar a mesma moeda e se dar bem ?